domingo, 26 de julho de 2020

Por uma igreja conservadora e progressista (3/3 final) (14.2.2020)


Como conciliar duas posturas que, em termos, seriam politica e ideologicamente opostas? Dissemos nos textos anteriores que isso é possível quando fazemos uma leitura da situação, avaliamos sua constituição e identificamos que elementos devem ser conservados e quais devem ser modificados, visando atender o bem comum.

Neste texto gostaria de propor uma reflexão que aponta uma outra forma de conciliar as posturas "conservadoras" e "progressistas" na vida de uma igreja. Refiro-me a relação dos termos "princípios" e "práticas" na caminhada comunitária.

Eliezer Arantes da Costa, em seu ótimo livro "Gestão Estratégica Fácil", escreve que princípios e valores "são pontos fixos - exatamente aqueles tópicos que não estamos dispostos a mudar". Ele diferencia princípios de valores dizendo que "é como se os princípios fossem os fundamentos de um edifício, ao passo que os valores seriam as cores e os acabamentos das paredes externas ou internas de um prédio: ambos são importantes, mas em natureza e graus são diferentes".

Parece paradoxal, mas "progressistas" também são conservadores. Eles também têm princípios e valores que sustentam suas práticas e os conservam com unhas e dentes, assim como os "conservadores".

Com boa vontade, muita humildade e diálogo (esses são exemplos de princípios e valores essenciais), conservadores e progressistas conseguiriam identificar que não são poucos, repito, os princípios e valores em torno dos quais há concordância.

Talvez a divergência maior esteja na defesa e aplicação prática deles em relação aos relacionamentos interpessoais e na estruturação legal e organizacional da vida em sociedade.

Parece-me que, por exemplo, ambos creem que amor, justiça e solidariedade deveriam ser, mais do que valores, princípios de vida. Divergem, entretanto, em como esses princípios devem ser aplicados nos relacionamentos e nas múltiplas estruturas em torno das quais a vida se desenvolve.

Então, se somos conservadores nesses princípios e valores, eles deveriam influenciar nossos esforços por diálogos que nos ajudem a aplicá-los à vida em coletividade, visando superar práticas nocivas.

Será que estou sonhando demais? Seria razoável essa minha percepção?

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