Despertando o líder que há em nós
A propósito da eleição de novos dirigentes, conselheiros e ministros da IBG
Uma idéia elementar de liderança é dispor-se a fazer algo acontecer. Isso se manifesta inicialmente na vida da própria pessoa a respeito de si mesma. A partir do momento em que começa a ter consciência de si em relação ao mundo que o cerca e começa a construir sua própria história, o ser humano dá os primeiros sinais de liderança: liderança sobre si mesmo.
Na medida em que se dá conta de suas necessidades (físicas, emocionais, sociais, políticas, econômicas, etc), descobre que pode agir para supri-las e começa a mover-se visando alcançar seus objetivos, ele demonstra ter – como todo humano – potencial para liderar a construção de sua vida.
A ampliação deste, digamos, estado de espírito, vai depender, por exemplo, de suas necessidades pessoais, da qualidade de sua saúde, das circunstâncias que o cercam, dos valores sociais que nele foram introjetados e por ele cultivados ou da cosmovisão de vida desenvolvida.
O que leva uma pessoa a não somente assumir a liderança de sua própria vida, mas também ampliar sua disposição para liderar mais do que a própria vida, tem a ver com elementos estritamente subjetivos, relacionados aos seus sentimentos e pensamentos. Dependendo dos valores que norteiam tais sentimentos e pensamentos, o desenvolvimento da liderança para além da própria vida acontecerá, podendo ser benéfico ou prejudicial à coletividade.
Isso significa que, independente do histórico de cada um em liderança de grupo, até mesmo uma pessoa que nunca exerceu tal papel pode, por múltiplos fatores, revelar-se líder, se uma determinada circunstância exigir.
De acordo com as experiências vividas, há pessoas que não somente assumem o papel de líder, mas trazem pra si a responsabilidade de exercê-lo e passa a investir no necessário aperfeiçoamento para desenvolvê-lo e ampliá-lo sempre dentro da melhor qualidade possível. Esse aperfeiçoamento deve acontecer tanto em relação ao autoconhecimento quanto em relação ao conhecimento de quem estará sob sua liderança e da realidade sobre a qual atuará.
Uma pessoa amadurecida pelas experiências de vida é capaz de avaliar determinada realidade e decidir se precisa ou não, se quer ou não, exercer o papel de líder para ajudar a aprimorá-la. Em termos de grupo, portanto, uma pessoa é líder quando decide e efetivamente age visando ajudar na construção de um rumo que mantenha ou altere uma dada situação. Isso independe dela estar ou não investida formalmente em um cargo ou função.
Se a instituição religiosa pode inibir anseios de ver a vida alcançar sua plenitude, a experiência genuinamente espiritual, pelo contrário, é o maior estímulo para que assumamos o papel de líderes, em prol da vida, que nos foi conferido segundo a linguagem poética do autor do livro bíblico Gênesis:
“"Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". Disse Deus: "Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês. E dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra a todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem rente ao chão".” (1.28-30)
Uma das marcas da pessoa que toma a decisão de viver em comunhão com Deus, levando a sério os ensinos de Jesus é desenvolver sentimentos e pensamentos que priorizam os semelhantes em sua relação de interesses. Por isso, o altruísmo se amplia sobre o egoísmo e o servir predomina sobre o ser servido.
A predisposição para colocar seus olhos à disposição de Deus para enxergar o mundo aumenta consideravelmente seu desejo de ver a vida florescer em todas as dimensões. Isso faz com que seu desejo de liderar movimentos que favorecem o reluzir da vida, seja contínuo e crescente.
Daí ser importante que cada pessoa seja fiel em sua comunhão com Deus e libere-se para exercer liderança (e até deixar-se liderar, quando julgar necessário e oportuno) na área que salta aos seus olhos como sendo relevante para a construção e manutenção de elementos favoráveis à vida..
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