Fundamentação e fundamentalismo (III) (2002)
Não podemos pensar em fundamentação e fundamentalismo sem pensar no papel dos seminários teológicos. Os seminários são espaços educacionais criados pela denominação principalmente para preparar, com fundamentação consistente, os futuros pastores das igrejas. Este, certamente, não é o papel defendido por todos para os seminários, mas é o papel que tem prevalecido ao longo dos anos. Ainda que hoje já exista, em alguns seminários, espaço para “leigos” que apenas querem maior fundamentação para o exercício ministerial (não pastoral), os seminários continuam sendo vistos, prioritariamente, como espaço de preparação de pastores.
Os pastores, por suas atribuições e pela natureza de sua função, são os descortinadores dos caminhos que as igrejas trilham. Considerando que os seminários preparam os pastores, é natural que o pensamento dominante nos seminários predomine também nas igrejas e denominação, exceto quando pastores negam ou camuflam seus pensamentos por diversos motivos, inclusive por necessidade de sobrevivência econômica. Por isso, para fazer prevalecer sua linha de pensamento - “a única verdadeira” - na vida denominacional, dois caminhos foram percorridos por fundamentalistas em relação aos seminários: tentar colocar, na direção, pessoas alinhadas ou submissas a seus pensamentos, ou criar novos seminários dirigidos por pessoas alinhadas ou submissas ao pensamento de seus criadores.
Especialmente à partir da década de setenta vimos as duas coisas acontecerem. Vimos uma disputa se estabelecer nos bastidores denominacionais pelo domínio das reitorias seminariais com mudança de reitores, boicotes de nomes e derrubada de professores. Vimos também a criação de seminários tanto por convenções estaduais, quanto por associações de igrejas e até mesmo por igrejas isoladamente, boa parte sem bibliotecas ou estruturas físicas adequadas e com professores cuja maior virtude era a lealdade ao pensamento dos criadores de tais seminários.
Nem todos os novos seminários foram criados por esse motivo. Alguns foram criados por questões de visão estratégica, por exemplo, visando evitar que alunos fossem para cidades maiores ou regiões mais desenvolvidas e não voltassem mais para seus campos de origem; outros, como meio de massagear egos de pastores narcisistas ou frustrados por não terem tido espaço no magistério dos seminários existentes. Porém, parcela significativa surgiu com a finalidade de patrulhar e uniformizar o pensamento, prática característica do mundo fundamentalista. Assim, seminários que outrora tinham por objetivo dar fundamentação sólida ao ministério, passaram a ser vistos e usados como instrumento de sustentação do imperialismo fundamentalista.
Não existe educação neutra. (Agentes de instituições educacionais precisam responder com clareza o “para que” , a finalidade, da educação praticada na instituição da qual participam). Porém, podemos escolher o caminho de uma educação democrática, com espaço e orientação para o exercício responsável, criativo e construtivo da liberdade de pensamento ou o de uma educação autoritária, caracterizada pela manipulação, patrulhamento, castração e terrorismo ideológico. Os que escolhem o segundo, são fundamentalistas.
Os seminários da Convenção Batista Brasileira são predominantemente conservadores, porém não são fundamentalistas uma vez que, além de ensinarem aos alunos a interpretarem a Bíblia usando como ferramentas conhecimentos paralelos, não os impedem de acessarem à diversidade de pensamentos teológicos existentes, mesmo àqueles que contrariam nossas crenças. Essa postura, ora possibilita o fortalecimento de crenças estabelecidas, ora a revisão das mesmas. Já os seminários fundamentalistas difamam autores e editoras que não fazem parte de sua denominação, usam da coação psicológica para impedir que seus alunos se interessem por tais livros e, por crerem na inspiração verbal das Escrituras (espécie de psicografia) insistem na interpretação literal de seus textos.
Uma denominação que pretende ser relevante, a serviço de igrejas que pretendem ser contextualizadas, precisa investir em educação teológica de qualidade; precisa estimular a pesquisa teológica, afirmando, com coerência, o que merece ser afirmado ou mudando, com coragem, aquilo que merece ser mudado. Jamais, porém, deve permitir que o obscurantismo, o uso de “viseira”, sirva de paradigma ou, muito menos, que fundamentalismo seja confundido com fundamentação.
Os pastores, por suas atribuições e pela natureza de sua função, são os descortinadores dos caminhos que as igrejas trilham. Considerando que os seminários preparam os pastores, é natural que o pensamento dominante nos seminários predomine também nas igrejas e denominação, exceto quando pastores negam ou camuflam seus pensamentos por diversos motivos, inclusive por necessidade de sobrevivência econômica. Por isso, para fazer prevalecer sua linha de pensamento - “a única verdadeira” - na vida denominacional, dois caminhos foram percorridos por fundamentalistas em relação aos seminários: tentar colocar, na direção, pessoas alinhadas ou submissas a seus pensamentos, ou criar novos seminários dirigidos por pessoas alinhadas ou submissas ao pensamento de seus criadores.
Especialmente à partir da década de setenta vimos as duas coisas acontecerem. Vimos uma disputa se estabelecer nos bastidores denominacionais pelo domínio das reitorias seminariais com mudança de reitores, boicotes de nomes e derrubada de professores. Vimos também a criação de seminários tanto por convenções estaduais, quanto por associações de igrejas e até mesmo por igrejas isoladamente, boa parte sem bibliotecas ou estruturas físicas adequadas e com professores cuja maior virtude era a lealdade ao pensamento dos criadores de tais seminários.
Nem todos os novos seminários foram criados por esse motivo. Alguns foram criados por questões de visão estratégica, por exemplo, visando evitar que alunos fossem para cidades maiores ou regiões mais desenvolvidas e não voltassem mais para seus campos de origem; outros, como meio de massagear egos de pastores narcisistas ou frustrados por não terem tido espaço no magistério dos seminários existentes. Porém, parcela significativa surgiu com a finalidade de patrulhar e uniformizar o pensamento, prática característica do mundo fundamentalista. Assim, seminários que outrora tinham por objetivo dar fundamentação sólida ao ministério, passaram a ser vistos e usados como instrumento de sustentação do imperialismo fundamentalista.
Não existe educação neutra. (Agentes de instituições educacionais precisam responder com clareza o “para que” , a finalidade, da educação praticada na instituição da qual participam). Porém, podemos escolher o caminho de uma educação democrática, com espaço e orientação para o exercício responsável, criativo e construtivo da liberdade de pensamento ou o de uma educação autoritária, caracterizada pela manipulação, patrulhamento, castração e terrorismo ideológico. Os que escolhem o segundo, são fundamentalistas.
Os seminários da Convenção Batista Brasileira são predominantemente conservadores, porém não são fundamentalistas uma vez que, além de ensinarem aos alunos a interpretarem a Bíblia usando como ferramentas conhecimentos paralelos, não os impedem de acessarem à diversidade de pensamentos teológicos existentes, mesmo àqueles que contrariam nossas crenças. Essa postura, ora possibilita o fortalecimento de crenças estabelecidas, ora a revisão das mesmas. Já os seminários fundamentalistas difamam autores e editoras que não fazem parte de sua denominação, usam da coação psicológica para impedir que seus alunos se interessem por tais livros e, por crerem na inspiração verbal das Escrituras (espécie de psicografia) insistem na interpretação literal de seus textos.
Uma denominação que pretende ser relevante, a serviço de igrejas que pretendem ser contextualizadas, precisa investir em educação teológica de qualidade; precisa estimular a pesquisa teológica, afirmando, com coerência, o que merece ser afirmado ou mudando, com coragem, aquilo que merece ser mudado. Jamais, porém, deve permitir que o obscurantismo, o uso de “viseira”, sirva de paradigma ou, muito menos, que fundamentalismo seja confundido com fundamentação.
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