segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Como mensurar a saúde de uma igreja?

Mensurar altura e peso é uma das primeiras providências adotadas quando nasce um bebe. A partir daí, realiza-se medições periódicas que são comparadas com os dados iniciais e expectativa para cada fase, a fim de verificar o desenvolvimento. Tais aferições não acontecem por mera curiosidade. O objetivo é constatar a saúde da criança. O pressuposto é simples: o crescimento é manifestação de saúde. Se o resultado for muito aquém ou além da média esperada, deduz-se que algo pode estar errado.

Crescimento físico não é a única dimensão a ser avaliada. Por isso, com o passar do tempo outras áreas passam a ser objeto de acompanhamento visando conferir o estado da saúde.

As dimensões emocional, cognitiva, social, espiritual, intelectual e econômica estão entre as que recebem maior atenção. Para cada uma dessas áreas, parâmetros são estabelecidos a partir de estudos científicos. A credibilidade dos resultados para definir o estado da saúde da pessoa depende dos pressupostos epistemológicos adotados. Conseguir consenso nisso é sempre um desafio.

Admitimos o fato de haver dimensões difíceis de serem medidas, mas isso não justifica a ausência de parâmetros. Também é importante esclarecer que tanto o desinteresse quanto a fixação por medições podem indicar, igualmente, que há algo errado.
Paulo usou a metáfora do corpo para explicar o que seria a igreja. Ela não seria somente um corpo, mas o corpo de Cristo. Sendo assim, como mensurar a saúde de uma igreja? Se mensurar a saúde de um indivíduo é um desafio crescente, como fazê-lo em relação a centenas deles juntos? Que parâmetros usar? Que pressupostos utilizar?

Geralmente nos baseamos, por exemplo, na freqüência aos cultos e à Escola Bíblica; na receita financeira mensal; no valor das ofertas missionárias; no percentual de membros contribuintes; no número de congregações; na quantidade de ministérios em funcionamento e no número de pessoas engajadas neles; na organização e limpeza do espaço físico ou na manifestação oral de satisfação das pessoas. Esses indicadores têm seu valor, mas qual seria o grau de profundidade deles para constatarmos a saúde da igreja?

A definição de igreja como corpo de Cristo nos oferece o mais importante parâmetro de verificação: a pessoa de Cristo. Paulo escreveu: “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef. 4.13). Assim, uma igreja saudável é aquela que mais evidencia através de seus membros, a personalidade do Cristo.

Conquanto tenhamos o parâmetro – Cristo -, a indagação persiste: que indicadores podem ser usados para constatar-se o quanto uma igreja se identifica com o Cristo? Ele disse que os frutos seriam a evidência (Mt. 7.20), o discurso não (Mt. 7.21); que deixar tudo e segui-lo é evidência (Mt. 19.27-30), mas pelos motivos errados não (Jô 6.26); que o desapego aos bens materiais (Lc. 18.22) e a manifestação da solidariedade é evidência (Mt. 25.34-36), mas se não for por amor, diz Paulo, não vale (I cor. 13.3). Pode, então, alguém, mensurar a saúde de uma igreja?

A resposta é: devemos sim, estabelecer uma série de indicadores para nos ajudar a buscar e preservar a saúde da igreja. Porém, isso deve ser feito com humildade, pois, somente Deus, que conhece nossas intenções, é capaz de avaliar sua igreja. Talvez por isso Paulo tenha dito que o importante é cada um ser fiel e, conquanto ele mesmo tenha feito uma série de avaliações da espiritualidade corintiana, afirmou não se importar com os julgamentos humanos (I Cor. 4.1-3).

4 comentários:

Unknown 23 de fevereiro de 2009 às 23:46  

Vc é excelente na clareza das idéias e na profundidade do tema. É só aplicar um pouquinho mais e tudo ficará como Deus quer e gosta.
Xero baiano

Jabes Nogueira Filho - pastor 26 de fevereiro de 2009 às 11:12  

Querido colega, tenho redescoberto sua pena criativa nesta página.
É sempre bom ler de alguém que tem algo relevante para dizer.
Saiba que tem um leitor daqui de Aracaju.
Um abraço.

Anônimo 27 de fevereiro de 2009 às 09:24  

Pr. Edvar;
Embora os palmeirenses possam ter ficado enciumados com seu comentário final “corintiano” a sua reflexão é como sempre brilhante.
Brincadeiras a parte, creio que você foi no âmago da questão ao abordar que o principal parâmetro seja a identificação da igreja com Cristo. E para mim uma das melhores maneiras de se evidenciar isso é quando na igreja as pessoas começar a gerar os frutos que Jesus gerava enquanto estava entre nós, ou seja, discípulos, pessoas salvas e libertas pelo poder do Senhor. Creio que na essência, expressando-me de forma bem resumida o desejo do Senhor é quer sejamos santos e façamos discípulos. Quando uma igreja é composta de pessoas que continuamente fazem de forma consistente discípulos do Senhor Jesus, essa é uma igreja sadia.
Abraços;
Valdivio Neto

Anônimo 27 de fevereiro de 2009 às 11:57  

Pr. Edvar.
É muito bom ter um pensador de alto nível em nosso meio, a clareza e objetividade das idéais, o senso crítico ajuda o outro a pensar, discordar ou concordar do nosso posicionamento.Sobre o que está escrito você disse que a Igreja tem que ter a personalidade de Jesus, acredito que o texto se resume aqui. o apóstolo Paulo diz que devemos ser imitadores de Jesus, acredito que a Igreja precisa ter o caráter de Jesus, se cada pessoa se colocar na dependência do Espírito Santo a cura começará em cada um de nós, o fruto do Espírito aparecerá com facilidade e poderemos observar a saude espiritual da Igreja.Precisamos do médico por exelência que é o Senhor Jesus Cristo que nos ajuda a ter discernimento e visão para perceber a mudança em cada pessoa. Um grande abraço. Pr. Ulisses Estanislau