quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Nunca tive uma desilusão


Nunca tive uma desilusão

Edvar Gimenes de Oliveira

Uns com ela se revoltam,
outros por ela se consomem
Há quem a ela engula
e até há quem a ela encobre
Cada um lida com ela
Como suporta seu coração
Mas ninguém pode dizer:
Nunca tive uma desilusão

Cada um à sua maneira
Lida com essa expressão
Uns dela fazem piada
Outros se entregam à solidão
Há quem em lágrimas nade
Há quem experimente a sequidão
Há quem por ela se mate
Como fruto de depressão
Mas ninguem pode dizer,
Sorrindo ou com muito rancor,
Metido ou envergonhado:
Nunca tive uma desilusão

Pode ser com uma grande idéia
Pode ser com uma forte paixão
Pode ser com uma crença
Pode ser com a profissão
Pode ser com um mui amigo
Pode ser com a seleção
Pode ser com uma fantasia
Pode ser com um partidão
Pode ser com alguém da família
Pode ser com a religião
Mas ninguém pode dizer:
Nunca tive uma desilusão


Sim, é certo que ela existe
Mesmo sendo uma ilusão
É candidato a desiludido
Quem idolatra a convicção
Quem superou a ingenuidade
Quem assume a imperfeição
Quem admite o engano
Sofre menos a decepção
Quanto mais, porém, acredita
E aposta na perfeição
Não perde por esperar
A angústia da frustração
Então aceite, seu desiludido,
Esta sua real condição
Desça do sapato alto
Encoste seus pés no chão
Acabe com essa história
Supere essa confusão
De dizer como um mitomaníaco:
Nunca tive uma desilusão

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