segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Conselhos a um bêbado

Consolo na praia
Carlos Drummond de Andrade


Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.


Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humor?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.




Será que o bêbado seguirá os conselhos de Drummond?

domingo, 27 de setembro de 2009

Ascensão social

Deu na Veja:

"Entre 2003 e 2008, 19,3 milhões de brasileiros melhoraram de vida e deixaram a classe E. No mesmo período, 6,1 milhões de pessoas ingressaram nas classes A e B e 25,7 milhões subiram à classe C. Hoje, as classes A,B e C somadas representam 59,64% da população brasileira. Esses números constam de um estudo que o economista Marcelo Neri, da FGV-RJ, fez com base em dados divulgados na semana passada pelo IBGE e que será lançado na segunda-feira. Mas a crise não estragou essa festa de ascenção social? Segundo outro estyudo de Neri, a resposta é não: os recuos na desigualdade social registrados no último trimestre do ano passado e no início de 2009 já foram anulados"  (23.09.09)

Eu sei que o meu redentor vive

By Nicole C. Mullen

"Who taught the sun where to stand in the morning?

and Who told the ocean you can only come this far?
and Who showed the moon where to hide 'til evening?
Whose words alone can catch a falling star?
Well I know my Redeemer lives
I know my Redeemer lives:
Let all creations testify
Let this, life within me cry
I know my Redeemer lives, yeah.
The very same God that spins things in orbit
runs to the weary, the worn and the weak
And the same gentle hands that hold me when I'm broken
They conquered death to bring me victory
Now I know my Redeemer lives
I know my Redeemer lives
Let all creations testify
Let this life within we cry
I know my Redeemer, He lives
To take away my shame
And He lives forever, I'll proclaim
That the payment for my sin
Was the precious life He gave
But now He's alive and
There's an empty grave.
And I know my Redeemer lives
I know my Redeemer lives
Let all creations testify
Let this life within me cry
I know my Redeemer,
I know my Redeemer
I know my Redeemer lives
I know my Redeemer lives
I know that I know that I know that I know that
I know my redeemer lives
Because He lives I can face tomorrow
I Know I know
He lives He lives yeah, yeah
I spoke with him this morning
He lives He lives, the tomb is empty,
He lives I gotta tell everybody "


Campanha ficha Limpa: prós e contras

Em relação Projeto de Lei sobre a Vida Pregressa dos Candidatos, publico um diálogo com alguém contrário ao projeto:

FAVORÁVEL: "Ao liberar políticos fichas-sujas para concorrerem em 2010, os deputados que, por definição, seriam "aqueles que, em comissão, tratam dos negócios alheios", demonstram, mais uma vez, o cinismo que os caracteriza e a total falta de respeito a nós, donos dos negócios aos quais foram comissionados para cuidar."


CONTRÁRIO"A CNBB lançou a campanha ficha-limpa que está no site http://www.mcce.org.br/, mas o tema não tem sido muito pacífico.

No inicio a proposta era impedir todos os candidatos que fossem simplesmente acusados. Agora a proposta é impedir todos que forem condenados em primeira instância, tirando o direito a recurso.

Se por exemplo um juiz corrupto condenasse Jaques Wagner na primeira instância, ele perderia a possibilidade de se candidatar, mesmo que depois fosse absolvido em instância superior. Provavelmente o Gedel fosse o próximo governador da Bahia.

Esse ano o governador eleito no Maranhão, Jakson Lago (PSB) sofreu um golpe pelo judiciário e perdeu o mandado assumindo a Roseana Sarney (PMDB) que tinha perdido nas urnas.

Quando colocamos todos os políticos no mesmo saco favorecemos os mais corruptos e prejudicamos o povo. Será que temos dúvidas que o povo do Maranhão foi prejudicado?

O tema é polêmico e vai para a Câmara na próxima Segunda. O Projeto de Lei sobre a Vida Pregressa dos Candidatos e 1,3 milhão assinaturas da Campanha Ficha Limpa serão entregues ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, na segunda-feira 28/09, às 15h. "

FAVORÁVEL: "Compreendo as dificuldades do projeto. Porém meu raciocínio é o seguinte: É melhor um bom político ser prejudicado, por causa de um ou outro juiz corrupto, do que a população inteira ficar sofrendo nas mãos de dezenas (bondosamente) de legisladores corruptos.

Se o posicionamento for pelo custo-benefício, prefiro uma lei que impede o acesso dos que estão com pendências na justiça, ainda que um caso ou outro possa ser injusto, do que, a título de proteger um ou outro dos juízes corruptos, a porteira ficar aberta, como hoje."


CONTRÁRIO: "Pensando no assunto, estou ficando mais convencido que o projeto eh muito equivocado. Acho que o caminho para o enfrentamento da corrupção eh o controle social sobre o Estado, mas o projeto vai na contramão, pois fortalece o controle do judiciário sobre a democracia, aumentando o poder judiciário.

Quanto mais concentrado for o poder de decisão, mais fácil e mais barato será para o poder econômico corromper.

Pense por exemplo numa candidatura para presidente da republica, se o projeto for aprovado, bastara comprar um juiz para derrubar um candidato, enquanto hoje eh preciso comprar toda uma eleição. "

FAVORÁVEL: Creio que cada coisa deve ser tratada como cada coisa.

Seu argumento anterior não foi de concentração de poder, mas de corrupção no judiciário. Assim, a democracia deve gerar mecanismos para combater a corrupção também no judiciário e não para permitir que fichas-sujas concorram a funções públicas.

Um processo (contra um candidato) não é aberto da noite pro dia, muito menos julgado da noite pro dia. Por exemplo: Marina está sendo lançada. Se ela hoje não tem condenação em primeira instância, 1) um investigação teria que ser feita pela polícia; 2) um processo teria que ser aberto pelo Ministério Público; 3) o senado teria que autorizar o STF a processá-la e assim por diante.

Ou, noutra hipótese: digamos que fosse alguém sem mandato. 1) uma investigação teria que ser aberta pela polícia e a polícia ser corrompida para gerar provas falsas; 2) o ministério público que participaria dos encaminhamentos teria que ser corrompido; 3) o sorteio da vara que julgaria o processo teria que ser corrompido (para cair nas mãos de um juiz corrupto) e assim por diante.

Não creio, portanto, que o impedimento de fichas-sujas geraria, como efeito colateral, concentração de poder no judiciário.

Continuo acreditando que devemos barrar os condenados em primeira instância e, caso o judiciário passe a ser o elemento de corrupção no sistema, que mecanismos sejam criados (contra ele) para evitar isso."
E você, o que pensa?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Por ti darei minha vida


Fichas-Sujas em todos os poderes

Ficha limpa ninguém tem. A história de todos nós está suja. As manchas da vida de alguns são como as das grandes catástrofes ecológicas que caracterizam acidentes com navios petroleiros no oceano; as de outros são identificadas apenas quando se faz coleta da água e a submete a exames laboratoriais. Mas todos, sem exceção, temos a ficha suja.

Não digo isso apenas fundamentado na teologia paulina que afirma que Deus olhou e não viu um só justo, porque todos pecaram. A história é suficiente para revelar-nos isso. Maquiamos nossas sujeiras, acreditamos ser capazes de escondê-las, mas, como disse Jesus, nada há escondido que não venha a ser descoberto.


Porém, quando falamos de políticos fichas-sujas não estamos falando de deslizes inerentes à condição limitada de nossa humanidade ou de atitudes, palavras ou ações erradas cujos efeitos prejudiciais não transpassam os limites da vida de quem os comete. Estamos pensando no criminoso. Naquele que, consciente e deliberadamente, transgrediu a lei visando benefícios próprios sem respeitar os prejuízos causados a terceiros, incluindo o patrimônio público.


Estamos pensando, portanto, em homens e mulheres que foram submetidos a processo e, no mínimo em primeira instância, foram condenados.


Nessa condição, tais pessoas deveriam ser impedidas de ocupar função pública, tanto por representarem um perigo real aos interesses da vida em sociedade, quanto por se aproveitarem de uma lei absurda que protege uma casta de indivíduos de serem processados por crime comum sem autorização de seus parceiros que, diga-se de passagem, têm se demonstrado corporativistas inclusive no que há de pior.


Ao liberar políticos “fichas-sujas” para concorrerem em 2010, os deputados que, por definição, seriam “aqueles que, em comissão, tratam dos negócios alheios”, demonstram, mais uma vez, o cinismo predominante e a total falta de respeito a nós, donos dos negócios aos quais foram comissionados para cuidar.


Saliento, entretanto, que a falta de respeito deles por nós é consequência da nossa falta de auto-respeito. Se nos mesmos nos respeitássemos não aceitaríamos tamanha afronta e, no mínimo, reagiríamos manifestando nossa indignação.


Segundo o Jornal A tarde (18.09.09), de Salvador, o líder do PT, Cândido Vaccareza, justificou sua posição contrária à lei aprovada no Senado dizendo: “isso é ridículo, é fazer lei sem responsabilidade. Dizer que tem de ter reputação ilibada é jogar para a platéia. Quem vai dizer, juiz? A boa técnica legislativa não combina com pirotecnia”

Compreendo as palavras dele por duas razões: 1) ele faz parte de um partido - igual a todos no que há de pior - cujos líderes, em quantidade alarmante, estão atolados até o último fio de cabelo em processos por corrupção; 2) estamos perdendo a confiança também em nossos juízes não por causa da imensa maioria de homens e mulheres honestos que compõem o judiciário, mas por causa das polêmicas em torno de alguns
 – coincidentemente indicados pela presidência - que compõem o STF.

Quem quiser saber do que estou falando, pesquise o que está sendo dito em torno de José Antonio Toffoli, em processo de aprovação para compor o Supremo Tribunal Federal – STF.


Reajamos. Declaremos em alto e bom som que não concordamos com mais esta afronta. Informemo-nos e unamo-nos em torno da idéia de dar o troco em 2010.



terça-feira, 15 de setembro de 2009

Auto-crítica ao movimento Missão Integral da Igreja

Confesso que me intrigam algumas percepções que tenho tido ao longo desses anos do movimento, com o qual me identifico e que norteou meus 26 anos de pastorado, conhecido como Missão Integral da Igreja. Minha relação com ele começou no final da década de 70, quando cheguei ao seminário, através de alguns professores em sala de aula, e, também, pelas relações eclesiásticas e interdenominacionais que mantinha em função de atividade na liderança de juventude.

Para os que não têm afinidade com o assunto, esclareço que o principal pilar do movimento é a compreensão de que o ser humano é multidimensional e suas necessidades, portanto, não são apenas em relação ao futuro, mas também ao presente.


Tal compreensão parece óbvia. Qualquer pessoa com conhecimentos medianos entende que a vida humana é composta de múltiplas dimensões como, por exemplo, espiritual, material, social, política, emocional e por aí vai.


A teologia, porém, que até então sustentava nossa prática evangelizadora, olhava para o ser humano como se fosse apenas espiritual e que as demais dimensões não tinham importância. Mais do que isso, além de perceber apenas a dimensão espiritual do indivíduo, a ênfase exclusiva era sobre o local onde se passaria a eternidade, se no céu ou no inferno.


Nesse contexto, o movimento enfatiza a compreensão teológico-eclesiológica que vinha sendo discutida desde a década de 60 e que ganha impulso em 1974, no Congresso Internacional de Evangelização, realizado em Lausanne, compreensão que advoga que uma igreja saudável não é aquela que existe exclusivamente para proclamar o evangelho, mas aquela que enfatiza igualmente, em seu seio, a adoração, a comunhão, a educação, a proclamação e o serviço.



(Diga-se de passagem duas coisas: 1) a definição de cada um desses cinco conceitos apresenta N variações; 2) Rick Warren, ao plantar a Saddleback Church, em 79, na Califórnia, hoje muito conhecida pelos “propósitos”, implementou tal visão eclesiológica na estrutura de sua Igreja).


O mérito do movimento foi resgatar a compreensão de que o ser humano é multidimensional e vive não somente em função do futuro, mas também do aqui e agora. Assim, o evangelho deveria apresentar respostas não somente para os diversos tempos – passado, presente e futuro - em torno dos quais a existência humana gira, mas também para as diversas necessidades que a humanidade experimenta.


O que me intriga?

Intriga-me a percepção de que teríamos saído de um extremo e caído noutro. Se antes a preocupação era exclusiva com o futuro, agora só nos preocupamos com o presente; se o espiritual dominava nossas atenções, agora ele foi descartado e nossas preocupações são puramente materiais.


O discurso em favor dos empobrecidos tem desconsiderado, não poucas vezes, as razões espirituais que também estão incluídas nas causas, atendo-se somente nas econômicas e políticas. Isso dá a entender que o ser humano, a quem antes eram apresentadas respostas somente para sua vida espiritual, deixou de ser um ser espiritual e agora é alvo somente de preocupações materiais.


Assim, a missão que anteriormente não era cumprida integralmente por enfatizar somente o espiritual, continua sendo cumprida parcialmente, apenas mudando o foco para o político, o econômico ou o ecológico, por exemplo.


Ouço poucos pensadores ligados ao movimento que emitem opinião sobre angústias espirituais que se manifestam na vida de enriquecidos e empobrecidos e, muito menos, que agem no sentido concreto de ajudar pessoas a encontrarem o caminho da vida mediante a confiança na graça divina manifesta no Cristo. Chego a pensar que Cristo passou a ser apenas uma figura de linguagem, uma metáfora, um meio para se alcançar finalidades políticas.


O fenômeno conversão religiosa, rarissimamente tratado, não o é como uma realidade que redireciona a existência de indivíduos, mas, quando muito, apenas na perspectiva dos efeitos sociais. Assim fazendo, ainda que se enfatize uma revisão de valores no que se refere à relação com o material, a impressão que fica é que o evangelho resume-se a relações econômico-sociais.


Se antes a missão era considerada parcial e, portanto, precisava ser ampliada para ser integral, hoje, por ter desprezado aspectos importantes da fé, como o mistério, a mística, as necessidades da alma, a missão, parece-me, continua sendo tratada de maneira parcial.


Compreendo que a quantidade de cristãos que têm uma visão integral da missão ainda está longe da desejada, porém, acredito que, se nós que enxergamos a integralidade do ser, desprezarmos quaisquer das dimensões humanas em nossas palavras e ações, nos tornamos passíveis das mesmas críticas que fizemos àqueles que, como eu, só se preocupavam com o céu, com o futuro da alma.


Será que estou equivocado e o que me intriga não procede?

sábado, 5 de setembro de 2009

Lembranças da infância em Garça

Música é como perfume: tem o poder de escarafunchar os recônditos da memória, adentrando por entre móveis empilhados e empoeirados nos quartos escuros da vida, cheios de teias de aranha, cheiro de mofo, barulho de ratos, nos quais garimpamos medrosa, meticulosa e cuidadosamente, buscando preciosidades que possam produzir fortes e inacabáveis orgasmos.


Não importa se é considerada brega ou xique; se é bem ou mal interpretada; se a harmonia foi feita com boa qualidade técnica ou não. Quando ela penetra nossos ouvidos, vai logo ressuscitando lembranças; remetendo-nos a tempos distantes e fazendo com que cada partícula do nosso ser seja irrigada por fortes sentimentos.


É o caso da música MEU PRIMEIRO AMOR, de Herminio Gimenez, José Fortuna e Pinheirinho Jr.. Quando começo a ouvi-la sou instantaneamente trasladado para a Rua Carlos Ferrari, em Garça, onde vivi quando tinha em torno de 6 anos.

A rua não era asfaltada. As luzes dos postes eram acesas e apagadas por um profissional que ia, dia após dia, de poste em poste, com uma vara longa, ligando ou desligando uma chave. Nela também passava o “véio tarado”. Diziam que ele morava na Rua Bahia, famosa por ser uma zona de meretrício. Quando ele aparecia, a criançada corria pra dentro de casa.


Nessa rua vivi experiências inesquecíveis. Lembro-me, por exemplo, do dia em que o caminhão que recolhia lixo parou em frente a minha casa. Assim que percebi que ele sairia, dependurei-me na rabeira, mas nem tive tempo de deliciar-me com a aventura. Eis que meu pai aparece, agarra-me fortemente, leva-me para um canto e me dá uma boa surra. Recolhi-me num quarto da casa, morrendo de vergonha das pessoas que nos visitavam, fiz xixi nas calças e nunca mais ousei aquele tipo de peraltice.

As visitas do padre da lambreta, se não me engano por ocasião do nascimento do meu irmão Edson, também me ocorrem quando se abrem os arquivos daquele período. Conquanto fôssemos batistas, bom relacionamento com padres e freiras ficaram em minha mente.


Nada, porém, se compara à lembrança do dia em que dona Nena estendia roupas num varal improvisado na calçada. Ela trabalhava eenquanto eu e mais dois ou três meninos, planejávamos o que fazer com uma colméia instalada numa árvore. Ao acabar de estender as roupas, ela convidou-me a entrar e alertou-me do perigo que corria com as abelhas. Excitado, porém, com mais uma aventura, não me dei conta de que, de repente, um dos meninos atirou uma pedra na casa das abelhas e nem tive tempo de correr. Quando dei por mim, já não sabia mais o que fazer se não gritar desesperadamente, pedindo por socorro.


Claro, uma febre tomou conta de mim e, paparicado pelas irmãs mais velhas, fiquei acamado sem que uma mosca pudesse se aproximar.


A casa era de madeira escura e o telhado não era forrado. Como eu era pequeno, ela me parecia gigante. Quando meu pai chegava do trabalho, corria recebê-lo no portão e o acompanhava até um tanque, no fundo do quintal, onde ele lavava os braços com sabão.


Certa vez perguntei-lhe porque ele passava sabão até os cotovelos. Ele disse que era pra matar os bichinhos que estavam nos braços. Se não se lavasse, eles escorregariam até o garfo da comida, entrariam em seu corpo pela boca causando doenças. Até hoje, cada vez que lavo as mãos, lembro-me da história dos bichinhos escorregando braços abaixo.


Diariamente eu acordava ao som de música sertaneja tocada no rádio da casa vizinha, acompanhada de um cheiro delicioso de café que meu pai preparava antes de sair para o trabalho. Na cama eu permanecia sob os cobertores, observando raios de sol que penetravam por entre frestas da parede ou do telhado que não tinha forro, trazendo luz para dentro do quarto escuro e frio.


Daí minha saudade ao ouvir esta música.



Saudade, palavra triste
Quando se perde um grande amor,
Na estrada longa da vida
Eu vou chorando a minha dor
Igual a uma borboleta
Vagando triste por sobre a flor
Teu nome sempre em meus lábios
Irei chamando por onde for
Você nem sequer se lembra
De ouvir a voz desse sofredor
Que implora por seus carinhos
Só um pouquinho do seu amor
Meu primeiro amor
Tão cedo acabou,
Só a dor deixou
Nesse peito meu
Meu primeiro amor
Foi como uma flor
Que desabrochou e logo morreu
Nesta solidão, sem ter alegria
O que me alivia são meus tristes... ais...
São prantos de dor
Que dos olhos caem
É porque bem sei
Quem eu tanto amei
Não verei...
Jamais...