Verdades - I João 2:21
“Não escrevo a vocês porque não conhecem a verdade, mas porque a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade.” (1 João 2:21)
Verdade tem a ver com narrativa, tem a ver, portanto, com a relação entre um fenômeno (por exemplo, o evento Jesus) e a descrição desse fenômeno (a narrativa dos que, por exemplo, com Jesus estiveram). Quanto maior for a aproximação ao fenômeno, no tempo e no espaço; quanto mais atenta, acurada, a percepção em relação a tal fenômeno e mais profunda a consciência que a pessoa tem de suas emoções frente ao fenômeno, maior a probabilidade dela descrever, narrar o fenômeno tal qual ocorreu e sua verdade ser crível.
Essa verdade experiencial pode ou não ser igual a verdade histórica, pois essa é resultado não da experiência direta do narrador, mas de sua capacidade de juntar informações, abstrair e elaborar uma narrativa do fenômeno, com base em descrições diversas, narradas por terceiros sobre um fenômeno. E ambas - a verdade experiencial e a histórica - podem ser diferentes da verdade política - a meu ver a menos confiável - pois essa está menos interessada em descrever o fenômeno como se deu e mais a quem sua narrativa beneficia ou prejudica em termos de manutenção ou perda do poder sobre pessoas e coisas.
A leitura da carta de João nos faz perceber que havia um conflito de verdades na comunidade. Havia a verdade dos que com Jesus estiveram, que cotidianamente com ele conviveram e foram impactados por sua vida e uma outra narrativa que negava elementos essenciais do evento Jesus tal qual a comunidade conhecia. João, claro, relembrava os leitores da verdade que conheciam, mostrando a falácia das narrativas divergentes. Esse conflito de verdades sempre nos acompanhará.
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