segunda-feira, 29 de junho de 2009

Manifesto - Missionário Batista Brasileiro

MANIFESTO
MISSIONÁRIO BATISTA BRASILEIRO – Uma Categoria Sem Registro Civil
Rinaldo de Mattos - Dezembro de 2008 – Revisado em junho de 2009
"O missionário batista brasileiro, não obstante ser uma figura muito querida e destacada na denominação (às vezes até venerada), não tem, contudo, na mesma, um reconhecimento oficial, como tal. Tanto, que seria talvez até incorreto tal missionário preencher uma ficha ou um questionário qualquer, por exemplo, e colocar no campo “profissão”, como muitos o fazem, a designação “missionário evangélico”. Ora, essa categoria, a rigor, não existe. Por que:

1. O missionário batista brasileiro não tem uma Organização própria, uma Entidade ou uma Associação que o represente e que lhe sirva de um fórum de debate. Uma organização onde ele tenha voz e voto, onde possa contribuir com suas experiências e aprender com as experiências dos demais colegas da mesma categoria. Uma organização, afinal, que possa, por sua vez, contribuir com a denominação, no sentido de passar-lhe, nas ocasiões apropriadas (para ser mais exato, nas Convenções) o seu “know how” missionário.
2. O missionário batista brasileiro não tem uma Ordenação própria à sua função, oficialmente reconhecida pela igreja e pela denominação. Há, sim, cultos de Dedicação e Consagração de missionários, muito bonitos, por sinal, mas, nada oficial. Desta forma, o missionário batista brasileiro sai para o seu campo de trabalho (seja ele do sexo masculino ou feminino) onde ele “planta” novas igrejas, forma, ele mesmo, os futuros pastores e líderes dessas novas igrejas, realizando um trabalho pioneiro (na ótica do Novo Testamento, “apostólico”), mas ele sai sem o aval da igreja e da denominação para exercer funções e praticar atos inerentes ao ministério missionário, os quais são outorgados somente àqueles que recebem a ordenação de “pastor”. A menos que ele receba também essa segunda ordenação, a rigor, ele não tem autonomia para batizar seus próprios convertidos, ministrar-lhes a ceia do Senhor e praticar os demais atos chamados atos pastorais.

3. O missionário batista brasileiro não tem um Encontro Missionário próprio, quer nacional quer regional. Missionários batistas brasileiros podem trabalhar com uma mesma categoria de pessoas, no País, ou podem trabalhar juntos e até bem perto um do outro, numa mesma região, mas nunca se encontram para discutirem ou tratarem os assuntos missiológicos inerentes ao trabalho que realizam e muito menos se encontram para traçarem as estratégias missionárias adequadas para se aplicar na evangelização das pessoas daquela dada categoria ou região. O missionário batista brasileiro só se encontra com seus colegas nas Convenções. Mas, aí, além dos abraços e da alegria do encontro, o mesmo (e sua categoria) não têm voz e voto com tal, nem mesmo tem um relatório próprio para apresentar, como o têm as várias organizações batistas dentro da denominação, reconhecidas pela mesma.

4. Concluindo, o missionário batista brasileiro é assim como uma criança que nasceu forte, bonita, sadia, mas cujos pais não foram ao cartório para fazer-lhe o seu devido registro civil...
Agências Missionárias indenominacionais costumam dar ao missionário status bem mais elevado. De início, quando uma dessas agências “consagra” um missionário, impondo sobre o mesmo as mãos e enviando-o ao campo, consagra-o ao ministério pleno da Palavra, dando a ele todas as prerrogativas de Ministro do Evangelho.
Além disso, nessas agências há encontros anuais (ou bianuais) de missionários onde todos têm oportunidade de compartilhar suas experiências, onde todos votam e são votados e onde todos são elegíveis para os cargos de direção e funcionamento de suas próprias agências, em suas respectivas sedes. Desta feita, o quadro de missionários (funcionários) da Sede é praticamente o mesmo que o quadro de missionários de campo, os quais estão lá ou cá, mediante um constante rodízio. Em decorrência disso, nessas agências missionárias, a visão, a experiência e o preparo missiológico do pessoal da Sede é basicamente o mesmo que o dos missionários de campo.
Outrossim, as estratégias missionárias elaboradas na Sede dessas agências são o reflexo da contribuição das experiências trazidas dos campos missionários.
Uma outra diferença que se pode notar nas agências missionárias indenominacionais acima referidas, é que elas entendem que são, de fato, Agências Missionárias e não Empresas Missionárias. Entendem que uma Empresa tem uma mentalidade tecnocrata e trabalha com Números, Resultados, Cálculos, Marqueting e Projetos, enquanto que uma Agência Missionária tem uma mentalidade humanística e trabalha com Vidas, Pessoas, Seres Humanos e Ministérios. Elas entendem que é a partir dessa ótica que se pode estabelecer um denominador comum entre o que se faz na Sede e o que se faz no campo missionário. Isto porque o trabalho de um missionário, no campo, não é necessariamente um Projeto, e sim um Ministério. E ministério administra-se à luz dos princípios do reino de Deus e não mediante técnicas empresariais.
Finalizando, quero contar uma experiência pessoal: Sempre que visito minha igreja em Brasília e coincide com o “Dia do Pastor”, sou chamado à frente para ser homenageado com os demais pastores da igreja e receber, com eles, o meu presente. Certa vez, ao sair da igreja alguém me abraçou e perguntou: - Que tal, pastor, está feliz em receber o seu presente no “seu Dia”? Pensei um pouco, olhei firme para a pessoa e respondi: - Sim, estou feliz, mas estaria muito mais feliz se tivesse recebido o meu presente na qualidade de “missionário”, no “Dia do Missionário”. Dia do Missionário? É, mas isto é mais uma coisa que o missionário batista brasileiro também não tem..."

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