terça-feira, 23 de junho de 2009

Atos secretos: dos senadores, dos deputados e nossos

(Curiosos observam o trem que descarrilhou na noite de sexta-feira (13) no estado indiano de Orissa. (Foto: Reuters)
Obs.: Lá como cá, o trem sai dos trilhos e nós apenas obserrvamos
O assunto da moda são os atos secretos praticados no Senado Federal. Dentre centenas de decisões que teriam sido tomadas sem conhecimento público estariam aumentos de salários de funcionários e contratações de parentes de senadores já conhecidas como “Bolsa Parente”.

Atos imorais praticados publicamente por aqueles que NÓS elegemos NOSSOS representantes, não são novidade. Exemplo disso foi a decisão da Assembléia Legislativa da Bahia, que teria criado benefício aos legisladores que, depois de certo tempo de mandato, poderiam retornar aos antigos empregos públicos com as mesmas condições salariais dos cargos eletivos. Tal decisão teria sido tomada sem observar-se o processo previsto no Regimento da Casa, encurtando assim o caminho da imoralidade.

O assunto, como disse é da moda. Somos assim, inconseqüentes, farinha do mesmo saco. Nós, porque elegemos irresponsavelmente, não acompanhamos o mandato e nos mantemos calados; a mídia, porque, parece-nos, notícia visando muito mais pensando em aumentar a audiência do que promover mudança de comportamento; eles, NOSSOS representantes, porque, bem, já sabemos bem por quê.

Não entendo então, porque tanto alarme em torno do que está acontecendo no senado. Afinal, se fazem o que fazem publicamente, porque fariam melhor às escondidas?


Jesus disse que não há segredo que não venha a de ser descoberto. E daí? Tais palavras não provocam qualquer preocupação em nossa sociedade. Somos uma geração sem vergonha. Foi-se o tempo em que fazer algo errado, até mesmo em secreto, gerava conflito interior e nos fazia corar envergonhados.


Na igreja, já não cremos mais em juízo final. As palavras proféticas de que cada um prestaria contas de si mesmo a Deus perderam-se no tempo. Somos existencialistas. Aqui fazemos, aqui pagamos. E, se aqui já não pagamos, o não pagamento está autenticado. Então, viva a impunidade!


Diante disso, o que dizer dos senadores, dos deputados baianos ou de nós? Somos iguais no bem e no mal. A diferença é que agora a imprensa descobriu que os primeiros estão fazendo também às escondidas; os segundos, em público, ainda que “na calada da noite”, e nós que não somos pessoas públicas, aprontamos as nossas sem repercussão, pois o que fazemos não produz “ibope”.



Nossos discursos encontram correspondência em nossas práticas? Não nos tornamos como igreja, um vale de ossos secos entre montanhas de corrupção? Será que há em nós algum resquício de sal ou luz que possa fazer diferença? Não temos sido tão “escatologistas” a ponto de agir como se Deus não tivesse qualquer interesse pela vida presente? Será que cremos mesmo em um Deus interessado nesta vida?

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