segunda-feira, 9 de julho de 2012

Estudantes Universitários - 08.07.12 - 77/100 dias de oração pelo Brasil

Lembro-me de quando uma pessoa podia contar em seus dedos o número de jovens universitários em nossas igrejas batistas. A raridade era tal que cada um era visto como troféu. É verdade que eram outros tempos, tanto da educação quanto no perfil religioso brasileiros. O acesso à universidade e às igrejas evangélicas era um desafio muito maior, seja pela pequena oferta, no caso da educação, seja pelo preconceito religioso, no caso das igrejas evangélicas.

Foi nessa época que surgiu o programa da JUMOC chamado "Operação Universitária - OPUS" (se não me engano). Dentro desse programa foi lançada a Revista Campus, a qual, ao lado de "Mocidade Batista", marcou minha vida no final da adolescência. Quando um texto meu foi publicado nela, no início dos anos 80, comemorei muito.


Juarez de Azevedo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, era, talvez, a maior sensação nos acampamentos de jovens batistas, inclusive no sudeste. Eram raros os que não conheciam seu livro "Ateu ja era", escrito pensando na juventude universitária.  E como, mais uma vez comemorei, em torno de doze anos depois do lançamento do livro, por estar, como preletor, ao lado dele, em um congresso regional de juventude.


Encerrando a fase de memórias, lembro-me de ter sido determinante em minha decisão de iniciar o pastorado em Alagoas, o fato da liderança da Juventude Batista Alagoana - JUBAL, ser engajada em movimentos universitários e políticos, tendo Robinson Cavalcanti (outro ícone da juventude universitária de então, cuja vida foi ceifada recentemente, juntamente com a da esposa, de forma dramaticamente brutal) como referencial de compromisso com o Jesus da Bíblia e o diálogo universitário.


Hoje comemoramos porque, se o acesso dos jovens à universidade não é na quantidade que gostaríamos, é infinitamente maior do que até os anos 90. Dizemos o mesmo, em relação às igrejas. É animadora a presença jovem nelas.


Do meu ponto de vista a preocupação da igreja com os jovens na universidade deixou de ser primeiramente pelas dúvidas que poderiam surgir quanto a "existência" de Deus ou pela liberalidade na moral. Entendo que nossa preocupação nem é mais a relação jovem cristão-universidade. O ítem que merce reflexão é a elevação do dinheiro à condição de "deus". Isso é problema não só pra igreja, mas também pra universidade e sociedade.


Nada contra o dinheiro, pelo contrário. O problema é quando somos controlados pelo dinheiro. Quando isso ocorre, o acesso à universidade (assim como já ocorre com o acesso a algumas igrejas) passa a ser movido pelo resultado financeiro que disso decorre e não pelo anseio de construir uma vida melhor, em todas das dimensões, para todos.


A divinização do dinheiro nos divide, interior, social e espiritualmente. Por isso, se por um lado a igreja deve lutar intensamente pelo acesso de todos à universidade (pelo menos no modelo brasileiro isso é essencial), por outro, deve lutar com as mesmas forças para que a juventude se liberte da escravidão do ter ou mesmo da possibilidade de ter. Que ela, a juventude, entenda que o ter é importante, na medida que ele está a serviço do ser e não do ter mais e mais, no modelo de acúmulo e concentração por uns, ao preço da exploração, do empobrecimento e da exclusão de outros.


Sou um admirador de jovens que se empenham pra chegar à universidade. Mais ainda, dos que, chegando lá, têm como objetivo construir uma vida melhor, em todas as dimensões, especialmente na espiritiual, para si e para a sociedade na qual estão inseridos.


Abraços do seu pastor,

1 comentários:

Anônimo 22 de maio de 2015 às 02:22  

Edvar, eu atuei na liderança da OPUS-Operação Universidade da JUMOC e fui colaborador de Campus e Mocidade Batista. Bons tempos. Você tem algum exemplar dessas revistas ou alguma coisa da OPUS?