Sistema Único de Saúde - 17.07.12 - 86/100 dias de oração pelo Brasil
Não sou especialista em sistema de saúde, nem me detive em estudar o assunto. O que direi a seguir é fruto de observação de caso e diálogo com usuários. Abro espaço, então, para que se sintam ainda mais à vontade para criticar e fazer ajustes ou reparos no que colocarei.
O sistema de saúde dos Estados Unidos tem estado no centro das discussões políticas daquele pais há anos. Uma de suas marcas é a não existência de hospitais públicos gratuitos (da mesma forma que não existe universidade pública gratuita). Em princípio, todos pagam pelos serviços utilizados. Para alguem não desembolsar pelo pagamento de serviços recebidos nos hospitais, é preciso que comprove sua incapacidade de pagamento de acordo com requisitos legais, mediante documentação e entrevistas concedidas a assistentes sociais .
A filha de um casal amigo passou mal e foi levada ao hospital municipal de Broward, no sul da Flórida. Passou 2 ou 3 dias sob exames rigorosos. Ao final constatou-se que era um rotavirus. Após receber alta, as contas começaram a surgir. Cada médico, laboratórios, enfim, que participou do processo enviou sua fatura que, somadas, ficaram em torno de 9 mil dólares. O pai foi atendido pela assistente social e, por não atender os requisitos legais, teria que pagar. Poderia negociar a quantidade de parcelas para quitar as dívidas com cada credor (médicos, laboratórios, enfim), mas teria que pagar.
Detalhe: ninguém deixa de ser atendido. Se alguém chega enfermo, primeiro vem o atendimento, depois se fala em pagamento. Se não pagar, o sistema judiciário é mais ágil e as leis duras com o devedor.
O modelo dinamarquês, por exemplo, tem suas diferenças. Há saúde pública e gratuita. Os impostos no país giram em torno de 50%, mas o atendimento é de qualidade.
Tenho algumas informações desses dois paises porque tenho filhos morando em ambos (e já morei por pouco tempo no primeiro). O que há em comum entre o modelo norte-americano e o dinamarquez é que, em geral, a pessoa é atendida com respeito nos hospitais, especialmente se compararmos com o que vemos nas portas de hospitais públicos no Brasil. Talvez seja esse nosso principal diferencial negativo em relação aos paises citados, em que pese as diferenças na economia.
Temos o SUS. Há, portanto, um sistema montado. Deduzimos que dinheiro parece não ser o nosso problema. As notícias de superfaturamentos, corrupção e até mesmo de recursos devolvidos a órgãos federais por não terem sido utilizados indicam que o problema não é, primeiramente, a falta de dinheiro. Também não acredito que a incompetência técnico-adminitrativa seja o maior problema. Acredito que o desrespeito ao próximo, manifesto de diversas maneiras, inclusive na forma como se trata o dinheiro, a coisa público, é o eixo central do nosso problema. Quando existe respeito, existe boa vontade, disposição para superar-se obstáculos.
Faz parte, porém, de nossa cultura, a burrice (com todo respeito aos burros) de tratar as pessoas não somente pelo que têm, mas, pior, pelo que parecem ter. Digo burrice porque, da mesma forma como tratamos aqui, onde detemos o poder, seremos tratados ali, onde outro detém o poder. A lógica é simples: se cada um se empenhar em tratar o outro com respeito, todos seremos tratados igualmente com respeito. O problema é que o coronelismo está introjetado culturalmente em nossas mentes e a maioria absoluta da população vive em condições precárias, se comparadas com a dos que concentram os benefícios resultantes do trabalho. Por isso, nos tratamos uns aos outros como vermes, ainda que façamos isso com um lindo sorriso no rosto.
Tenho insistido nesses 86/100 dias de oração pelo Brasil que devemos orar primeiramente por nós mesmos, não como vítimas, mas pela nossa insistência em não admitirmos que as coisas são como são porque incutiram em nós que devemos ser da turma do deixa disso. Não reagimos, não erguemos nossa voz. Não lutamos. Sofremos, fazemos piadas e até murmuramos críticas, nas rodas íntimas, contra quem ousa manifestar-se. Nosso grande sonho parece ser ocupar um espaço de poder, para fazer com os dependentes de nós, o mesmo que fazem conosco.
Ou destrambelhamos, se for a última alternativa, a engrenagem estabelecida, pensando em construir outra que seja justa e adequada às necessidades e ao bem comum, ou continuaremos sendo aqui, vítimas, ali, agressores; aqui, vítimas, ali, agressores; aqui, vítimas, ali; agressores; aqui, vítimas, ali agressores, sempre rindo ou lamentando, nos extremos da vida.
Abraços do seu pastor,
O sistema de saúde dos Estados Unidos tem estado no centro das discussões políticas daquele pais há anos. Uma de suas marcas é a não existência de hospitais públicos gratuitos (da mesma forma que não existe universidade pública gratuita). Em princípio, todos pagam pelos serviços utilizados. Para alguem não desembolsar pelo pagamento de serviços recebidos nos hospitais, é preciso que comprove sua incapacidade de pagamento de acordo com requisitos legais, mediante documentação e entrevistas concedidas a assistentes sociais .
A filha de um casal amigo passou mal e foi levada ao hospital municipal de Broward, no sul da Flórida. Passou 2 ou 3 dias sob exames rigorosos. Ao final constatou-se que era um rotavirus. Após receber alta, as contas começaram a surgir. Cada médico, laboratórios, enfim, que participou do processo enviou sua fatura que, somadas, ficaram em torno de 9 mil dólares. O pai foi atendido pela assistente social e, por não atender os requisitos legais, teria que pagar. Poderia negociar a quantidade de parcelas para quitar as dívidas com cada credor (médicos, laboratórios, enfim), mas teria que pagar.
Detalhe: ninguém deixa de ser atendido. Se alguém chega enfermo, primeiro vem o atendimento, depois se fala em pagamento. Se não pagar, o sistema judiciário é mais ágil e as leis duras com o devedor.
O modelo dinamarquês, por exemplo, tem suas diferenças. Há saúde pública e gratuita. Os impostos no país giram em torno de 50%, mas o atendimento é de qualidade.
Tenho algumas informações desses dois paises porque tenho filhos morando em ambos (e já morei por pouco tempo no primeiro). O que há em comum entre o modelo norte-americano e o dinamarquez é que, em geral, a pessoa é atendida com respeito nos hospitais, especialmente se compararmos com o que vemos nas portas de hospitais públicos no Brasil. Talvez seja esse nosso principal diferencial negativo em relação aos paises citados, em que pese as diferenças na economia.
Temos o SUS. Há, portanto, um sistema montado. Deduzimos que dinheiro parece não ser o nosso problema. As notícias de superfaturamentos, corrupção e até mesmo de recursos devolvidos a órgãos federais por não terem sido utilizados indicam que o problema não é, primeiramente, a falta de dinheiro. Também não acredito que a incompetência técnico-adminitrativa seja o maior problema. Acredito que o desrespeito ao próximo, manifesto de diversas maneiras, inclusive na forma como se trata o dinheiro, a coisa público, é o eixo central do nosso problema. Quando existe respeito, existe boa vontade, disposição para superar-se obstáculos.
Faz parte, porém, de nossa cultura, a burrice (com todo respeito aos burros) de tratar as pessoas não somente pelo que têm, mas, pior, pelo que parecem ter. Digo burrice porque, da mesma forma como tratamos aqui, onde detemos o poder, seremos tratados ali, onde outro detém o poder. A lógica é simples: se cada um se empenhar em tratar o outro com respeito, todos seremos tratados igualmente com respeito. O problema é que o coronelismo está introjetado culturalmente em nossas mentes e a maioria absoluta da população vive em condições precárias, se comparadas com a dos que concentram os benefícios resultantes do trabalho. Por isso, nos tratamos uns aos outros como vermes, ainda que façamos isso com um lindo sorriso no rosto.
Tenho insistido nesses 86/100 dias de oração pelo Brasil que devemos orar primeiramente por nós mesmos, não como vítimas, mas pela nossa insistência em não admitirmos que as coisas são como são porque incutiram em nós que devemos ser da turma do deixa disso. Não reagimos, não erguemos nossa voz. Não lutamos. Sofremos, fazemos piadas e até murmuramos críticas, nas rodas íntimas, contra quem ousa manifestar-se. Nosso grande sonho parece ser ocupar um espaço de poder, para fazer com os dependentes de nós, o mesmo que fazem conosco.
Ou destrambelhamos, se for a última alternativa, a engrenagem estabelecida, pensando em construir outra que seja justa e adequada às necessidades e ao bem comum, ou continuaremos sendo aqui, vítimas, ali, agressores; aqui, vítimas, ali, agressores; aqui, vítimas, ali; agressores; aqui, vítimas, ali agressores, sempre rindo ou lamentando, nos extremos da vida.
Abraços do seu pastor,
0 comentários:
Postar um comentário