quarta-feira, 18 de julho de 2012

Moradores e Frequentadores das Cracolândias - 18.07.12 - 87/100 dias de oração pelo Brasil


Guaracy, parece que este era o nome da primeira pessoa usuária de drogas com a qual tive contato direto. À época, nós jovens da Igreja Batista de Garça, SP, colocávamos nos ombros uma caixa de som, empunhávamos a Bíblia e uma guitarra - acreditem, já toquei guitarra  -  e íamos à praça da cidade fazer o que era conhecido como "culto ao ar-livre". Depois, fazíamos um arrastão levando pessoas ao culto.

Guaracy era atento. Participou de cultos, chorava durante e depois. Tomou a decisão de iniciar uma nova vida seguindo a Jesus, mas não se libertava das drogas. Era filho de família tida como rica e, participar de igreja "protestante" era um desafio a mais a ser vencido. A última notícia que tive foi que ele teria morrido sem libertar-se das drogas.


Depois disso, já no Recife, acompanhei à distância a luta pela implementação do Desafio Jovem do Recife. Pr. Joel Bezerra, então seminarista e hoje presidente da Convenção Batista Baiana, era o nome que marcava, entre nós seminarista, o desafio de realizar este trabalho, num tempo em que o uso de drogas ainda não se constituia um problema social como hoje.


Hoje, drogas são um problema social. É difícil encontrar alguém que não tenha um familiar ou conhecido próximo que não seja vítima semimorta ou, no mínimo, usuário a caminho do matadouro. Todos conhecemos, de perto, os males que o uso de drogas produz na vida do indivíduo, da família e da sociedade em geral.


Cracolândia é a manifestação similar do que acontece na vida comercial e, agora também, na religiosa. Vendedores de produtos semelhantes se instalam na mesma rua, seja para comercializar carros, equipamentos de som ou a fé, por exemplo. Cracolândia, então, é a concentração do comércio numa mesma rua, numa mesma região. Da mesma forma como a religião se deixa levar, acriticamente, pelo modelo empresarial, o mesmo ocorre com o comércio das drogas. A diferença é que, no comércio de produtos vendidos legalmente, a evidência da presença dele é o enriquecimento dos comerciantes enquanto, no caso das drogas, é o apodrecimento dos consumidores.


Por razões que não vêm ao caso, o fato é que "cracolândias" (terras do crack e não Vila Belmiro) se espalham visivelmente pelo país. E nós, como donos de casa que enxugam o chão onde torneira com problema no vedante está pingando, em vez de trabalhar para consertá-la, apenas repetimos o trabalho dia após dia.


Dou graças a Deus pelos que estão enxugando o chão, enquanto a torneira continua com problema. Oro, entretanto, para que consigamos enxergar as causas do problema (espirituais, existenciais, sociais, familiares, enfim) e nos empenhemos, também, na solução delas.


Abraços do seu pastor,

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