sábado, 23 de junho de 2012

Etnias no Brasil - 23.06.12 - 62/100 dias de oração pelo Brasil

Hoje os batistas brasileiros estão orando pelas etnias existentes no território brasileiro, cujos números giram em torno de 225, nas quais se fala 180 linguas diferentes. A precisão dos números não é o mais importante aqui. O importante é reconhecermos que, se uma etnia se caracteriza pelo conjunto de característicos linguístico-culturais (religião, vestuário, alimentação...), viver num território sob as mesmas leis, não significa que somos uma massa étnica homogênia. A diversidade é a marca da sociedade chamada brasileira. (Diga-se de passagem, diversidade não somente étnica, mas também racial).

Isso pode ser obvio para quem chegou aos níveis mais elevados da academia, mas para a imensa maioria que não teve acesso a estudos em níveis médio e superior, a idéia que se tem é que a cara do Brasil é identica a sua ou, quando muito, a dos que aparecem na televisão. Mais desafiador ainda é o desdobramento desse tipo de pensamento: se a minha cara é um retrato da população brasileira, em termos de religião tolero os diferentes, mas não sou capaz de reconhecer o direito do outro ser diferente.


Quem tolera tem a firme crença de que seu modo de pensar é o 100% certo e que o do outro é o 100% errado, mas que, por um ato de bondade, respeito, enfim, permite que o outro continue com suas crenças. O fato, porém, é que ser diferente é inerente à condição humana e, por isso, deve ser reconhecido e não apenas tolerado.


Claro que, em face de diferenças muita vez acentuadas, é preciso leis que estabeleçam padrões para a convivência. E tais leis devem ser justas, possibilitando que todos - não apenas os mais ricos, os mais brancos ou os da religião mais antiga ou com mais fiéis no território - sejam tratados de forma igual tanto diante da lei quanto do tratamento e oportunidades sociais.


Tal reconhecimento aumenta o desafio da evangelização. Descobrir o que é essencial e universal no evangelho distinguindo do que é acidental e particular é um trabalho hercúleo. Como fé é, antes de tudo, uma experiência subjetiva que envolve essencialmente sentimento, elaborar um pensamento teológico exige abertura ao diálogo, reflexão, leitura, estudo, enfim. Sem isso confundiremos evangelizar com colonizar, acreditando que uma pessoa evangelizada é aquela que passa a  adotar os mesmos costumes nossos. A preguiça de pensar nos leva a acreditar que a única forma de ser cristão é aquela que, no caso protestante brasileiro, foi trazida pelos missionários norte-americanos da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos da primeira metade do século passado.


Intrigante e digna de oração é a política de preparo ministerial, crescente em nosso meio, de se fabricar obreiros como se produz refrigerante. A priorização do expansionismo numérico e de conquista de espaços sócio-geográficos, inspirada no mercado, faz com que um discurso seja definido e engarrafado na cabeça de pessoas que devem se tornar reprodutoras dele. A liberdade de pensamento e de cátedra acaba sendo ameaçada em nome de uma evangelização baseada em modelo de mercado, como que para competir com empresas que comercializam através da religião, inclusive no rádio e televisão.


Sem a devida qualificação, como alguém conhecerá e reconhecerá as diferenças étnicas? Como alguém será capaz de distinguir o que é essencial do acidental ou o que é permanente do que é transitório ou o que é espiritual do que é cultural? Como alguém diferenciará evangelho de marketing ou o compartilhar o amor de Deus da sedução de corações? 


Todos dizemos que "a pressa é a inimiga da perfeição", mas quando se trata de preparo teológico-ministerial, esse pensamento está sendo desvalorizado. Então, se nos comprometemos com aquilo pelo que oramos, chegou a hora de orarmos intensamente a fim de que, em face da multiplicidade étnica brasileira, o trabalho de evangelização seja precedido de preparo teológico adequado. 


Oremos, então, pelas diferentes etnias e também por nós que somos movidos a compartilhar o amor de Deus com elas.

Abraços do seu pastor,

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