sábado, 9 de junho de 2012

Ética nos negócios - 09.06.12 - 48/100 dias de oração pelo Brasil

Negócio, no latim, significa negação do ócio.
Ócio são momentos de nossa vida em que podemos fazer tudo, inclusive nada.
Nada nem ninguém nos pressiona a agir, a falar ou mesmo a pensar de forma elaborada.
O corpo pode relaxar e a mente vaguear, fantasiar e até, sem imposição, criar.
Ócio, portanto, não só é um direito, mas tambem uma necessidade.

Claro que o ócio pode incomodar aqueles que vêem o outro apenas como mão ou mente de obra ou como ferramenta de produção e lucro.

Daí, também, as ideologias do trabalho que se manifestaram ao longo da história contra o ócio, inclusive em linguagem teológica. Que protestante nunca ouviu: "mente desocupada é oficina do diabo"?

Negar o ócio - negócio - passou a ser sinônimo de canalização do uso do tempo, energias, sentimentos e pensamentos na direção da produção, especialmente econômica visando lucro financeiro. Aqui entra a ética.


Ócio e negócio precisam ser vividos sem que se negue a ética. Porém, ainda que tenha sido em momentos de ócio que surgiram idéias importantes para solucionar problemas da humanidade e que seja através do negócio que tais idéias se concretizaram e foram transformadas em bens ou serviços, o que faz com que a ênfase da ética recaia mais sobre negócio do que ócio é que, através do negócio, idéias são transformadas em dinheiro e poder.


Dinheiro e poder. Sempre que eles entram na história sem o acompanhamento da ética, efeitos colaterais danosos são experimentados por indivíduos e sociedades.

Por causa deles se rouba, se mata, se oprime, se explora, se escraviza e se coisifica o ser e o 'homem se torna lobo do homem'.

Ética são príncipios ou valores que devem nortear indivíduos e sociedades e seu relacionamento com tudo que o cerca, visando preservar a vida em suas melhores formas de expressão.

A construção de princípios éticos é fruto de reflexão filosófico-teológica. No caso cristão-protestante, mais reflexão a partir dos textos sagrados judaico-cristãos, por nós conhecidos como Bíblia e, no caso brasileiro, menos, até menos demais, reflexão filosófica.

A história mostra que a Bíblia já foi usada para justificar a escravidão, o racismo, a coisificação da mulher e de crianças, a seca do nordeste brasileiro, por exemplo, e também que pode ser usada para abrandar, pra não dizer petrificar, a consciência de alguns que enriquecem de maneira estranha através de seus negócios.


A Revista Veja de 06 de junho de 2012 traz um exemplo em suas "páginas amarelas". Num país em que mais de 80% da população tem salário mensal inferior a R$ 1.800,00 e milhões se apoiam em programas sociais do governo, o pastor Silas Malafaia, que vocifera em nome de Deus na televisão, declara ter granjeado, com isso, um patrimônio que inclui uma casa de dois milhões e quinhentos mil reais no Rio de Janeiro, alguns apartamentos em Boca Raton, na Flórida, um carro Mercedez blindado e um jato de de 3 milhões de dólares. O jato pertence à associação que administra suas obras sociais (Pg. 27, da edição 2272). Tudo isso usando a Bíblia e sendo "devidamente" justificado com textos bíblicos.


Será que deu pra entender o que significa ética nos negócios?


Oremos, então, por nós e nossos negócios!


Abraços do seu pastor,

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