domingo, 10 de maio de 2009

Posturas frente à variedade de modelos de Igreja

Cresci no meio batista, no tempo em que o único modelo de igreja era o herdado dos batistas do sul dos Estados Unidos. Ele retratava estilo, conceitos e prioridades dos missionários que lideravam a denominação. Hoje, ainda que a maioria dos modelos continue sendo importada, me alegro com a variedade disponível.

Modelos retratam conceitos. Se a valorização e definição de conceitos variam de acordo com época e lugar, é inevitável, então, que modelos de hoje variem e se diversifiquem em relação ao dos pioneiros. A variedade é sinal de que há cabeças pensantes e braços operantes interagindo com sua realidade, buscando alternativas mais eficientes e eficazes no cumprimento do objetivo a que se propõem.

Antes, portanto, de criticarmos modelos e quem deles faz uso, seria fundamental descobrirmos que conceitos eles representam e como estão sendo definidos por aqueles que se abrem ou se fecham a eles. O xis da questão, portanto, não é o modelo, mas os conceitos que estão por detrás. Se descobrirmos quais conceitos a pessoa prioriza em sua escala de valores, descobriremos porque ela é mais ou menos aberta ao novo.

Pense, por exemplo, na compreensão da finalidade da Igreja e em nosso compromisso com ela. Os extremos da profundidade ou superficialidade do compromisso e a clareza ou obscurantismo da compreensão de finalidade, geralmente produzem igualmente uma maior abertura para alternativas que ajudem a alcançar os objetivos, bem como influencia nossa postura frente a novidades.

A personalidade de cada um é outro fator a ser considerado. Uns sentem maior necessidade de buscar o novo do que outros. Se a pessoa se sente emocionalmente mais confortável numa dada situação ou se é mais sensível às necessidades alheias, sua abertura ou busca pelo novo é afetada. Provavelmente, fatores de natureza emocional pesem muito mais na postura diante dos modelos do que os de natureza intelectual.

Nesse sentido, a necessidade maior ou menor de agradar os que comandam o sistema do qual se faz parte também influencia o comportamento diante de novos modelos.

O mesmo pode ser dito em relação aos dons, não necessariamente no sentido Paulino, que predominam na vida da pessoa. Pessoas com dom de liderança e administração, por exemplo, podem ter posturas diferentes, frente a modelos eclesiásticos, das que têm dom de evangelização, devido à diferença de foco.

Coloco esses aspectos para dizer que devemos ser cuidadosos ao julgarmos àqueles que estão envolvidos em experiências com novos modelos eclesiásticos. Não há virtude em si, em manter-se preso a um modelo fixo, nem em simplesmente abandoná-lo.


Posto isso, reafirmo minha alegria pela variedade e acrescento minha indagação diante das críticas ácidas que se faz àqueles que estão buscando alternativas para o cumprimento da missão. Fico me perguntando o porquê de reagirmos tão duramente contra aqueles que, entendendo que o modelo herdado não produz os resultados desejados, ou partem para criar algo diferente a partir do que existe ou fazem uso de alternativas existentes.

Penso que, no contexto desta reflexão, devemos nos preocupar com o que estamos fazendo e não com o que outro faz ou deixa de fazer. Cada um deve fazer bem feito seu trabalho confiando exclusivamente no julgamento divino e deixar o outro seguir sua caminhada. Se conhecermos alguém seguindo experiências que acreditamos ser perigosa, parece que melhor seria nos dirigirmos à pessoa e não sair atirando em todos que, buscando fazer melhor, se abrem a novos modelos de Igreja.

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