segunda-feira, 25 de maio de 2009

Na madrugada da vida

Na madrugada da vida o sono também se vai.
E nos mexemos de um lado para o outro tentando reencontrá-lo.
Procuramos a posição mais confortável,
Mas nenhuma delas parece satisfazer as necessidades do corpo.
E o espaço se torna pequeno e os lençóis inconvenientes.
O travesseiro endurece, fica desconfortável.
E não há com quem conversar.
Gente tão próxima de nós
Não percebe a nossa nagústia.
E tememos perturbá-la com a nossa intrometida insônia.
E olhamos para o lado e para cima
E vemos somente a escuridão.
E o silêncio mortífero faz com que ouçamos coisas...
...coisas que não estamos acostumados a ouvir.
Coisas que somente a solidão de um momento de insônia
É capaz de fazer com que pensemos em profundidade.
E diante dos novos sons passamos a ouvir a voz do coração.
E pensamos no que seriam tais barulhos.
E pensamos nos barulhos da nossa alma.
E nossa mente se alegra,
Se entristece,
Se perturba
Se tranquiliza,
Planeja,
E se desorganiza.
E nos viramos de um lado para ou outro
Como se o sono estivesse do lado de lá.
E achando sempre que é do outro lado que ele está,
Ficamos a nos mexer, pra lá e pra cá, pra lá e pra cá...
Mas parece que é pura ilusão.
Ele não está ali, nem acolá.
Ele está aqui, bem onde estou.
Mas a escuridão da noite não me deixar enxergar.
E na madrugada da vida procuro uma solução
Pra reencontrar o sono perdido
Que incomoda o coração.
E possuido pela vontade de dormir,
Deixamos de lado o colchão.
E procuramos outros espaços.
Uma saída...ou quem sabe, uma entrada.
Faz-se xixi pensando-se em exorcizar algum peso,
Ingere-se água pensando-se em revigorar a vida.
E há quem escreva,
Tentando dar ou encontrar significado
Para uma madrugada da vida
Que certamente será vencida
Pelo raiar do sol.
Sol que trará consigo
Um dia com possíveis surpresas
E sem dúvida, cansasso e sonolência.
Mas outras madrugadas virão.
E não serão somente de insônia.
Serão de repouso tranquilo,
Depois de abraços ofegantes
E beijos apaixonoados,
Que nos fazem acreditar
Que as madrugadas da vida
São feitas pra se dormir,
Se acordar,
Se remexer,
E se amar.
E que ao final de cada uma delas,
O sol sempre há de brilhar.

Edvar Gimenes de Oliveira
Coral Springs, Madrugada de 30.03.2004
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