Que a falsidade vá embora!
“E é por isso que eu gosto lá de fora, porque sei que a falsidade não vigora”
(Lupicínio Rodrigues)
Caetano regravou “Felicidade”, de Lupicínio Rodrigues, em 1974.
Do pouco que sei sobre Lupicínio, destaco o fato de ter sido o compositor do hino oficial do “Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense”.
Claro que ele compôs outras coisas boas, mas, que brasileiro, ligado ao mundo do futebol, nunca ouviu: “Até a pé nós iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos, com o Grêmio onde o Grêmio estiver”?
Porque Lupecinio escreveu “Felicidade”, não sei. Caetano a gravou talvez, simplesmente como homenagem ao compositor, que morreu em 74 ou apenas porque que a letra expressava também seus sentimentos.
Caetano, baiano de Santo Amaro da Purificação, morou no Rio de Janeiro e também na Inglaterra como exilado, de onde retornou ao Brasil em 1972. Gravou a música dois anos após o retorno, no final de um dos períodos mais cruéis da ditadura militar brasileira.
Minha opinião, pensando aqui com meus com meus botões, é que o título da música deveria ser falsidade e não felicidade. Parece claro que falsidade seja a palavra chave do texto e a causa da partida da felicidade para algum lugar distante, atrás de obstáculos que só poderiam ser superados pelo pensamento.
Além disso, embora felicidade rime com falsidade, uma anula a outra. Onde há falsidade a felicidade não se estabelece, a tristeza e amargura reinam.
A letra diz que a felicidade foi embora e, a isso, o autor associa o fato de gostar lá de fora, por saber que a falsidade não vigora.
Falsidade pode ser encontrada em todo lugar. Na família, no trabalho, na escola, na igreja, na denominação, na Bahia, Rio Grande do Sul, no Brasil ou exterior. Não há ambiente de convivência humana no qual não se identifique a presença da falsidade. O problema não é a presença de falsidade, mas o elevado índice de presença dela, a elevada concentração de pessoas falsas por metro quadrado, em detrimento da lealdade.
Sim, em detrimento da lealdade, pois, ainda que o antônimo de falsidade seja sinceridade, é na falta de lealdade que, a meu ver, a falsidade apresenta sua face mais cruel.
Lealdade não significa subserviência, mas transparência. Se penso sim, digo sim; se penso não, é o não que digo. Qualquer postura diferente desta é falsidade, maior assassina da lealdade e grande obstáculo à felicidade.
Ninguém é absolutamente sincero. A absolutização da sinceridade pode ser uma arma contra nós. Então, administramos o pronunciamento de determinadas informações. Entretanto, entre administrar o pronunciamento de informações e agir com falsidade, por covardia ou intenção de prejudicar alguém, há uma longa distância.
O desejável é que nos relacionemos, tendo como mola propulsora o desejo de sermos leais e de banirmos a falsidade do nosso círculo significativo, a fim de que, em vez de cantarmos que a felicidade foi-se embora, que parta a falsidade e que a felicidade reine entre nós e em nós.
(Lupicínio Rodrigues)
Caetano regravou “Felicidade”, de Lupicínio Rodrigues, em 1974.
Do pouco que sei sobre Lupicínio, destaco o fato de ter sido o compositor do hino oficial do “Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense”.
Claro que ele compôs outras coisas boas, mas, que brasileiro, ligado ao mundo do futebol, nunca ouviu: “Até a pé nós iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos, com o Grêmio onde o Grêmio estiver”?
Porque Lupecinio escreveu “Felicidade”, não sei. Caetano a gravou talvez, simplesmente como homenagem ao compositor, que morreu em 74 ou apenas porque que a letra expressava também seus sentimentos.
Caetano, baiano de Santo Amaro da Purificação, morou no Rio de Janeiro e também na Inglaterra como exilado, de onde retornou ao Brasil em 1972. Gravou a música dois anos após o retorno, no final de um dos períodos mais cruéis da ditadura militar brasileira.
Minha opinião, pensando aqui com meus com meus botões, é que o título da música deveria ser falsidade e não felicidade. Parece claro que falsidade seja a palavra chave do texto e a causa da partida da felicidade para algum lugar distante, atrás de obstáculos que só poderiam ser superados pelo pensamento.
Além disso, embora felicidade rime com falsidade, uma anula a outra. Onde há falsidade a felicidade não se estabelece, a tristeza e amargura reinam.
A letra diz que a felicidade foi embora e, a isso, o autor associa o fato de gostar lá de fora, por saber que a falsidade não vigora.
Falsidade pode ser encontrada em todo lugar. Na família, no trabalho, na escola, na igreja, na denominação, na Bahia, Rio Grande do Sul, no Brasil ou exterior. Não há ambiente de convivência humana no qual não se identifique a presença da falsidade. O problema não é a presença de falsidade, mas o elevado índice de presença dela, a elevada concentração de pessoas falsas por metro quadrado, em detrimento da lealdade.
Sim, em detrimento da lealdade, pois, ainda que o antônimo de falsidade seja sinceridade, é na falta de lealdade que, a meu ver, a falsidade apresenta sua face mais cruel.
Lealdade não significa subserviência, mas transparência. Se penso sim, digo sim; se penso não, é o não que digo. Qualquer postura diferente desta é falsidade, maior assassina da lealdade e grande obstáculo à felicidade.
Ninguém é absolutamente sincero. A absolutização da sinceridade pode ser uma arma contra nós. Então, administramos o pronunciamento de determinadas informações. Entretanto, entre administrar o pronunciamento de informações e agir com falsidade, por covardia ou intenção de prejudicar alguém, há uma longa distância.
O desejável é que nos relacionemos, tendo como mola propulsora o desejo de sermos leais e de banirmos a falsidade do nosso círculo significativo, a fim de que, em vez de cantarmos que a felicidade foi-se embora, que parta a falsidade e que a felicidade reine entre nós e em nós.
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