domingo, 10 de maio de 2009

Pregar que quem não crê em Jesus está condenado ao inferno é ser intolerante?

VI

Pregar que quem não crê em Jesus esta condenado ao inferno é ser intolerante?

Primeiramente precisamos definir qual é o objetivo da nossa pregação. Para mim, o objetivo é restabelecer nossa comunhão com Deus. Se tal comunhão não se restabelecer tendo como fundamento o amor de Deus, não será o medo do inferno que fará com que ela se restabeleça. Não creio que Deus nos queira com ele por causa do medo do inferno, mas sim, pela experiência de comunhão em amor. Portanto, o fundamento da nossa mensagem não deve ser a libertação do inferno, mas a comunhão com Deus.

Segundo, precisamos ter clareza do desenvolvimento histórico do conceito inferno. Um estudo profundo deste termo nos levará a perceber que seu significado era um no Velho Testamento, dependendo do período da história hebraica; era outro no período helênico da fé cristã; era outro na idade média e assim por diante.

Além disso, há a concepção geográfica e a existencial de inferno. A primeira define o inferno como um lugar, a segunda, como uma condição de vida.

Sou muito mais simpático a idéia existencial de inferno, isto é, como uma condição de vida. Quanto maior é a nossa comunhão com Deus, mas celestial é a nossa existência, independente das limitações que a vida nos impõe; da mesma forma, quanto mais vivemos afastados de Deus, mas infernal é a nossa caminhada, individual e coletivamente.

A primeiras pregações das Igrejas primitivas, que levaram milhares ao arrependimento, se deram porque eram comunidades que viviam em amor. João diz que nos passamos de uma vida velha para uma nova porque amamos o irmão (I Jo. 3)

Prefiro pregar de maneira positiva, anunciando que quem não crê em Jesus está perdendo a oportunidade de viver o que há de mais especial na vida que é viver em comunhão com o amor de Deus. O simples efeito colateral da rejeição ao amor de Deus já é o pricipio de uma vida infernal.

Perceba que estou falando em viver o amor de Deus e não ser associado a uma instituição religiosa. Em que pese a importância da instituição religiosa e sua associação a ela, muita vez, viver em algumas delas é um verdadeiro inferno pela total ausência de Deus na vida dos participantes.

Finalmente, merece reflexão a palavra intolerante. O maior desafio da nossa vida não é ser tolerante ou intolerante com as pessoas, mas respeitar o direito inerente de cada ser humano de crer ou não crer. Achar-se tolerante, é achar-se detentor de um poder sobre a vida de alguém. Nenhum de nós é detentor da vida de ninguém. O único detentor da vida humana é Deus e ele nos deu o direito e o tremendo peso da responsabilidade, como diria Sarte, de sermos livres para escolher. Peso tal que nos provoca náusea.

1 comentários:

Anônimo 13 de maio de 2009 às 19:21  

Acredito que o assunto foi articulado de uma forma bem inteligente.
A abordagem existencialista fez jus a uma reprovação a um fundamentalismo intolerante (redundância?).
Da perspectiva aqui pensada, parece-me que fica a possibilidade de um "céu", mesmo que não seja com a divindade pensada pelo prisma cristão tradicional.
Que me diz?