domingo, 10 de maio de 2009

Momento de oração

Eis que me ponho de joelhos perante o Criador em um momento de oração. Indago-me sobre o que falarei com o Senhor do Universo, o Todo Poderoso, nesta oportunidade tão solene que me é concedida de dirigir-lhe a palavra. Pensando em todo o poder que está em suas mãos, entro em crise sobre o que deveria falar e por onde começar.

Fico um tempo pensativo. Os joelhos se sentem desconfortáveis e me desestimulam a prosseguir. Penso então no porquê de estar ajoelhado mas, imediatamente, deixo de lado tal questionamento. Continuo a perguntar-me: o que devo dizer ao Excelentíssimo nesta ocasião? Deveria pedir pela harmonia entre os seres humanos? Pela salvação de suas vidas? Por justiça social? Deveria levar diante dele minhas necessidades particulares?

De repente sinto-me intrigado comigo mesmo. O universo é imenso, os seres do planeta enfrentam tantos problemas. Deveria pedir que Ele resolvesse os meus? O que significo diante da imensidão da Terra e do Universo?

Desisto, mais uma vez, de questionar. Paro. Decido apenas contemplar; pensar em sua majestade; pensar na maravilha de sua criação; pensar na beleza daquilo que Ele fez; pensar no mistério que Ele representa. Diante disso fico como que encantado, apaixonado.

Penso novamente no que deveria dizer-lhe. Então o PAI NOSSO me vem à mente. Foi Jesus quem disse que deveríamos fazer tal prece. Lembrei-me das repetições ensinadas na Igreja Católica. Não estaria ela certa ao ensinar a repetição, afinal, pra quem não sabe o que dizer, não seria melhor repetir o que o Senhor Jesus ensinou? Não tento responder. Rezo o Pai Nosso. Sinto-me bem ao fazê-lo. Mas como aprendi que posso expressar o que sinto, tento outra vez.

Minha esposa me vem à mente. Agradeço a Deus pelos momentos bons e ruins, agradáveis e desagradáveis pelos quais já passamos ao longo de mais de duas décadas de convivência. Lembro-me de como experimentamos juntos momentos de ¿alegria e tristeza¿, de ¿saúde e doença¿, de ¿riqueza e pobreza¿; de como o doce e o amargo se misturaram em nossa caminhada. Reflito no quanto crescemos individualmente e na relação. Louvo ao criador pela possibilidade de amá-la, de gostar de estar com ela e de sentir o mesmo de sua parte.

Como que num desencadear de conexões cerebrais, os filhos surgem na tela da mente. O pensamento voa, atravessa o oceano e chega à Dinamarca. Oro por meu filho e suas questões existenciais. Por estar numa cidade onde não há ¿igreja¿, alegro-me pelo simples fato de saber que, no Natal, entoará JESUS, ALEGRIA DOS HOMENS, com o coro de sua escola. De volta às Américas, penso na filha, engajada no Pageant apresentado pela First Baptist Church of Fort Lauderdale. Sinto-me mais tranqüilo e peço proteção ao Supremo para ambos.

Volto ao Brasil. A igreja da qual sou membro passa pela minha mente. Intercedo. Não peço que Deus me abençoe como pastor, mas que manifeste sua graça e misericórdia por ela, apesar de mim. Deixo as imagens de membros dominarem o pensamento. Coloco cada um deles diante do Senhor dos Senhores.

A sede da Igreja passa pela cabeça e a vizinhança associada a ela. Penso nos menos favorecidos e em suas necessidades espirituais e sociais; nos esgotos que correm a céu aberto; na dificuldade da coleta de lixo; na falta de espaço para lazer; nas casas sem infraestrutura básica; nos homens e mulheres desempregados, sentados nas calçadas, nas portas dos bares, em pleno dia; no contraste e na relação igreja-vizinhança. Angustio-me diante da imensidão e variedade dos desafios. Lembro-me daqueles que se sensibilizam e lutam em prol dos empobrecidos.

Sem preocupação com o disciplinar de idéias ou sentimentos, lembranças de amigos e familiares começam a borbulhar. Como numa seqüência fotográfica num data-show, eis que rostos vão aparecendo, um após outro. Todos com um sorriso. É como se meu desejo fosse que todos estivessem felizes.

De repente as imagens dão lugar a reflexão e começo a avaliar, diante do Rei dos Reis, o tipo de amigo, de irmão e de filho que sou e como passo meses sem comunicar-me com aqueles cuja lembrança tanto bem me faz. Não me culpo, nem faço promessas. Apenas continuo acalentando tais lembranças e pedindo ao onipotente que os abençoe.

Ouço um som. Música de Natal. Agradeço por Jesus. Não há palavras para expressar os sentimentos. NEle, o mistério da criação se repete. Eis-me novamente diante do mistério. As palavras desaparecem e o encanto ocupa o espaço mental; o sentimento de comunhão provoca emoção; a consciência de que não sou o salvador do mundo me domina. Jesus é o Salvador. Sou um simples cooperador, tentando ser melhor no meu raio de influência.

Decido continuar tentando amar. Sinto-me revigorado. Levanto-me...

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