domingo, 10 de maio de 2009

Você é a favor do aborto?

II

Você é a favor do aborto?

Sou a favor da vida plena, da geração à morte. Luto contrariamente a tudo que possa impedir a vida de desabrochar em sua plenitude, seja dentro ou fora do útero materno.

Sou um admirador da vida em sua multiplicidade de formas. Fico encantado com os investimentos espaciais à procura de qualquer sinal de vida – uma bactéria que seja -, do tipo por nós conhecida, em qualquer planeta fora da terra.

Vida, portanto, não é somente a união de um óvulo e um espermatozóide, mas é algo muito mais amplo. Na economia divina, a vida morre e ressuscita de diversas formas, segundo a segundo, e ninguém reclama.

Se o grão de trigo caindo em terra não morrer, fica só, mas se morrer dá muito fruto. Sagrada é a vida, mas a morte também faz parte dela. A discussão, portanto, não deve ser primeiramente entre vida e morte, mas entre que ideologia ética está por detrás das escolhas pela vida ou pela morte.

No caso do aborto, por exemplo, se a ideologia pode detrás dele for para favorecer a liberação irresponsável dos relacionamentos genitais, não seria favorável, pois acredito que algum tipo de disciplinamento deva existir para os relacionamentos genitais, senão estabeleceremos a barbárie e com ela injustiças com as partes mais frágeis.

Sou a favor do aborto nos casos já previstos pela legislação brasileira, isto é, em caso de estupro ou risco de morte. Também sou tendente a defender que a decisão deve ser de foro íntimo e não uma imposição do Estado.

Apesar disso, reconheço que, no caso brasileiro, dadas as precárias condições na educação e saúde pública, bem como na péssima distribuição de renda, há uma parcela significativa da população que não dispõem das condições necessárias para uma tomada de decisão consciente sobre o assunto, fato que exige maior aprofundamento da matéria.

Entretanto, numa sociedade em que há educação e saúde de qualidade ao alcance de todos e boa distribuição de renda, sou defensor de que a decisão deve ser da pessoa e não uma imposição do Estado e, muito menos da religião.

Penso que o nosso foco sobre o aborto deve deixar de ser somente em relação à vida no útero materno, mas também em relação ao aborto praticado em nosso país por falta de habitação, saúde, educação, alimentação, transporte, educação, segurança ou honestidade, responsáveis pelo aborto de milhares de vidas, mostradas diariamente nas telinhas das tevês, enquanto comemos pipoca com guaraná, torcendo para que as coisas piorem como evidência da volta eminente de Cristo.

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