sábado, 15 de agosto de 2009

Fatos que marcaram o nascimento de Jesus

Textos:
Texto bíblico: Mateus 1 e 2
Texto áureo: 1.21

Comentários da lição:

Salvação é a recuperação do relacionamento do homem com Deus. Ela se inicia no aqui e no agora e encontrará a plenitude de sua manifestação no além, quando estivermos com Cristo em sua glória.

Todos necessitam da salvação. A natureza do ser humano sente falta de um relacionamento com Deus. Ainda que não queiram admitir e mesmo sem ter clareza do que lhes falta, é natural às pessoas, a tentativa de algum tipo de relacionamento com o transcendental. "Viemos de Deus e nossa alma não descansa enquanto não voltarmos para Ele". Por isso o ser humano é essencialmente religioso e, a seu modo, desenvolve atitudes e ações místicas.

A revelação bíblica nos mostra que, conquanto Deus não esteja longe de cada um de nós, vivemos em busca dele, tateando, tentando encontrá-lo (At. 16). Mostra-nos também que Deus tomou a iniciativa de resolver este problema, enviando Jesus Cristo, em quem essa busca tem fim, quando o ser humano confia nEle, como Senhor e Salvador.

O plano de salvação para possibilitar ao homem reencontrar-se com Deus, teve início no Éden, no dia em que a humanidade, representada pelo primeiro casal, decidiu seguir seu próprio rumo, desprezando a orientação divina. Desde então, Deus planejou vir ao mundo, na pessoa de Jesus Cristo, para trazer salvação. Para isso, desenvolveu um plano que incluía a formação de um povo, através do qual o Salvador nasceria, se desenvolveria e cumpriria sua missão.

Mateus 1.1.17 - O registro genealógico

O envio de um salvador, segundo a revelação bíblica, foi planejado por Deus desde a queda do homem, no Jardim do Éden. No decorrer dos séculos, muitas profecias foram proclamadas, indicando sinais que serviriam de referência para a identificação do Salvador. Dessa forma, o registro genealógico do nascimento de Jesus não apenas dá a ele um caráter histórico, estabelecendo uma linha de relacionamento entre Jesus e Abraão, o "fundador" do povo judeu, mostrando a coerência do plano de Deus, mas também, confirma, historicamente, o cumprimento das profecias a respeito do Salvador.

Por isso, o cumprimento das profecias da trajetória do Messias, seja quanto a linhagem, seja quanto às cidades onde viveria, são evidências da credibilidade histórica e espiritual das narrativas bíblicas em torno do Salvador.

Mateus 1.18-25 O significado do nascimento virginal

Durante muito tempo, a ênfase no nascimento miraculoso de Jesus, isto é, um nascimento que não foi resultado de um relacionamento sexual entre José e Maria, era uma forma sutil de fundamentar, ideologicamente, a crença moral dominante em torno da sexualidade humana que ensinava que o ato sexual, por ser um relacionamento "na carne", se opunha à espiritualidade, prejudicando-a.
Tal compreensão fortaleceu, durante séculos, a vergonha cultural desenvolvida em torno da sexualidade humana.
Uma das razões, inclusive, da defesa da Igreja Católica, da perpetuidade virginal de Maria, mesmo após o nascimento de Jesus, bem como a conseqüente negação de que ela tivera outros filhos, tem como fundo histórico uma concepção moral equivocada da sexualidade humana.

Entretanto, tal concepção medieval, repressora da sexualidade, não deve dar lugar a uma postura oposta, de liberação, pois os extremos são igualmente doentios. A compreensão bíblica é a de que a sexualidade humana é boa mas, como tudo na vida, pode se tornar nociva se o seu exercício desconsiderar os valores éticos do Reino.

O nascimento miraculoso de Jesus tem se tornado mais fácil de ser aceito, na medida em que a própria humanidade já tem desenvolvido formas de reprodução que não dependem de relacionamento sexual. Porém, é preciso que fique claro que a aceitação do nascimento miraculoso de Jesus é uma questão de fé e não uma questão de racionalização científica, até porque a razão, por ser uma ferramenta da alma, não é capaz de explicar os mistérios da própria alma e, muito menos, do mundo espiritual.
O nascimento miraculoso de Jesus, portanto, não deve ser entendido como negação, por parte de Deus, da sexualidade humana mas como forma de manifestação da natureza divino-humana do Salvador.

Mateus 2.1-12 Os magos e a universalidade da salvação

Acredita-se que os magos eram astrólogos, gentios, e que a citação deles na narrativa do nascimento do Salvador tinha por objetivo proclamar aos judeus a universalidade da salvação trazida por Jesus. Essa mensagem era importante, considerando-se o sentimento exclusivista nutrido pelos judeus e o conseqüente preconceito alimentado contra os gentios. Um dos difíceis desafios, portanto, da igreja iniciante era superar o preconceito judaico.

A força do impacto do nascimento de Jesus sobre os magos pode ser identificada não apenas pela disposição manifesta por eles, de adorar, de presentear o Salvador, mas, sobretudo, de não se submeterem ao plano de Herodes. Eles não apenas abriram mão das benesses do poder mas também colocaram em risco suas próprias vidas, desobedecendo as ordens do Rei.

Mateus 1.16-18 Herodes e a luta pelo poder

Herodes, diferentemente dos magos, alarmou-se diante do risco de perder o poder; buscou ajuda dos líderes religiosos e dos magos para descobrir onde nasceria o tal Salvador e montou um plano traiçoeiro, dizendo que também queria adorar o Cristo. Frustrado em seu plano, sua máscara caiu e ele revelou quem de fato era ao decidir matar todas as crianças de Belém.

Essa cultura de eliminar aqueles que nos ameaçam faz parte da história da humanidade e ainda não foi superada, apesar dos avanços científico-tecnológicos. A cultura da violência está tão profundamente introjetada na mente humana que o espírito humano se mantém permanentemente armado contra qualquer tipo de ameaça. O ser humano ainda não aprendeu o caminho do diálogo na solução de suas diferenças. Eliminar o outro é o meio mais primitivo, ainda em uso, na resolução de problemas interpessoais.

Mateus 1.19-23 Nazaré e a visão ministerial de Jesus

A cidade de Nazaré desenvolvia uma cultura mais próxima da vida gentílica, por ser rota de acesso ao Egito. Ela nunca foi citada no Velho Testamento. Talvez por isso, tenha sido motivo de preconceituoso desprezo (Jo. 1.46).
A ida de Jesus para Nazaré certamente foi importante para o fortalecimento de sua visão ministerial e quem sabe, para o desenvolvimento de sua filosofia de vida simples. A simplicidade era a marca de Jesus. Ele andava com gente simples; vivia de modo simples; ensinava usando exemplos simples e desafiava seus discípulos a serem simples (Mt. 10.16).
Hoje, a existência de milhões de pessoas que vivem numa terrível pobreza e de tantas outras que precisam ouvir do evangelho, são um desafio a cada cristão no sentido de cultivar a simplicidade no viver.

Viver a simplicidade , portanto, significa considerar a situação do outro na administração dos recursos disponíveis, evitando que o uso frívolo desses recursos, afronte a sua dignidade humana.

A LIÇÃO EM FOCO

1. Preconceito significa a formulação de conceitos sem o devido aprofundamento no estudo de determinado tema. São nossos conceitos, ainda que não sistematizado conscientemente, que determinam nossas posturas em relação aos fatos da vida. Um conceito mal formulado, isto é, um preconceito, pode causar males profundo em nossa própria vida e na vida das pessoas que nos cercam.
Talvez os moradores de Nazaré sofressem tanto pelo preconceito quanto muitos sofrem hoje, pela religião que professam, pela região onde nasceram, pela cor de sua pele ou por sua condição econômico-financeira, por exemplo.
O fato é que devemos investir no estudo aprofundado das realidades que nos cercam, a fim de que nossas palavras e ações não sejam preconceituosas.

2. A cultura da violência tem acompanhado a humanidade desde o seu início. Caim usou a alternativa da violência como meio de solucionar um problema, da mesma forma que Herodes usou da violenta eliminação de crianças para não correr o risco de perder suas funções. A mente humana está armada e, portanto, pronta para agredir e eliminar, se preciso for, aqueles que representam ameaça para seus interesses.
Porém, como pessoas comprometidas com os valores do Reino de Deus, devemos não somente superar a cultura da violência mas lutar pelo estabelecimento da cultura da paz. O diálogo, visando encontrar caminhos que atendam o bem estar das partes deve prevalecer sobre o uso da força bruta que contraria o projeto de Deus.

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