quarta-feira, 23 de maio de 2012

Voluntários: Os 3 "T" que fazem a diferença! - 23.05.12 - 31/100 dias de oração pelo Brasil

Vez por outra escuto alguém dizer que não trabalha por dinheiro, trabalha por amor. No contexto da maioria das vezes que ouço isso, a idéia de quem fala é elevar-se, autovalorizar-se, em comparação com outrém que atua na mesma causa ou instituição e é financeiramente remunerado. 

Geralmente, a pessoa que isso afirma, traz em suas palavras um componente emocional por ter tido um interesse seu contariado, e/ou um componente político, visando enfraquecer o outro que se sustenta financeiramente do trabalho que realiza ou até valorizar alguém, cujo papel social lhe beneficia ou pode vir a lhe beneficiar.  

Receber dinheiro como remuneração pelo trabalho não significa que a pessoa trabalha somente por dinheiro. Infeliz é a pessoa que trabalha somente por dinheiro. Geralmente há diversas outras remunerações, no campo emocional ou espiritual, que servem de motivação para o trabalho. O fato de haver remuneração financeira na relação não significa, necessariamente, ausência de amor pelo que se faz. Indica que uma instituição necessita do trabalho de alguém numa quantidade de tempo que o impediria de sustentar-se financeiramente em outra atividade. É, portanto, uma remuneração que produz benefício e atende aos interesses de ambas as partes.  

Por outro lado, a pessoa que afirma trabalhar "por amor", não está dizendo, pelo menos não conscientemente, que não receba remuneração pelo que faz. Pode até não ser remuerada financeiramente, mas sempre há outros tipos de remuneração. 

Por exemplo: há pessoas cujo trabalho "por amor" resulta, como remuneração, na experiência, no aprendizado, na construção de currículo. Ou seja, o ganho financeiro não é imediato, mas é necessário para conseguir determinado emprego ou para influenciar nos ganhos financeiros e profissionais que pretende no amanhã.

  Há pessoas que trabalham "por amor" a si mesmas, o que não seria, em si, um problema. A atividade que desenvolve, ainda que não resulte em ganhos financeiros, resulta em ganhos emocionais. A remuneração é o prazer de estar com outras pessoas; é o reconhecimento por ela valorizado, de alguém ou de um grupo social; é o preenchimento de um tempo ocioso que lhe era angustiante; é o preenchimento de uma carência afetiva ou de reconhecimento, prestígio, poder ou, até, meio de aplacar sentimentos de culpa, por exemplo.  

Há pessoas que não recebem um centavo financeiro na atividade que realiza "por amor", cuja dedicação a determinados cargos ou funções é essencial em seus projetos políticos. Algumas são cabos eleitorais de candidatos a cargos públicos eletivos e, em períodos eleitorais, usam a influência, o prestigo ou poder decorrentes do trabalho "por amor" para pedir votos para seu candidato. Outras usam o cargo ou função como moeda de barganha com candidatos eleitos para conseguir emprego para si, para familiares ou amigos.  

Certa vez, enquanto assistia uma disputa que beirava o confronto corporal, "por amor", em determinada eleição para cargos denominacionais não remunerados financeiramente, fiquei pensando no por quê daquilo. Depois entendi que era pelo valor político que a ocupação de tais cargos representariam em períodos eleitoriais.  

Já vi, literalmente, pessoas se apresentando para trabalhar "por amor" em cargos e funções - 1º ou vice de alguma diretoria, membro de algum conselho, GT, Comissão ou até Orador Oficial de Assembéia de Convenção Batista, por exemplo - sem remuneração financeira, simplesmente pelo prestígio, possibilidade de oportunidades na carreira "ministerial" e até viagens para conferências, inclusive no exterior.  

Presenciei. Não estou "ficcionando"!

  Não há, portanto, trabalho destituído  absolutamente de interesse, de remuneração. Há interesses e remunerações etica e socialmente aceitáveis ou "rejeitáveis" pelos benefícios ou prejuizos ao indivíduo ou à sociedade, de imediato ou no longo prazo. Tais constatações não diminuem, em absoluto, o valor do trabalho voluntário. Visam clarear que, o que determina o "por amor" no voluntariado não é a remuneração, mas a legitimidade dela. 

Se o determinante no trabalho voluntário não exclui algum tipo de "remuneração" a quem o prática, o que o diferencia é a inclusão dos interesses, das necessidades, de outros e da sociedade, nos motivos e motivações daquilo que realiza. Nele, o altruismo fala mais alto do que o egoísmo. O ser humano deixa de ser uma ferramenta que usamos para atender nossos interesses e passa a ser alvo do meu amor, da minha dedicação.  

Portanto, assim como no trabalho financeiramente remunerado, o trabalho voluntario também requer os 3 "T" muito bem colocados e definidos por Nancy Gonçalves Dusileck, no roteiro de oração do livro "100 dias que impactarão o Brasil": Tempo, Trabalho e Talento. E isso deve ganhar ainda mais valor e atenção, quando declaramos que o fazemos como resposta ao amor de Deus plantado em nossos corações.

  Oremos, pois, no sentido de sermos voluntários reconhecendo como motivo os valores mais profundos do Reino de Deus e como motivação o atendimento às necessidades mais profundas da vida, especialmente da dos empobrecidos, como nos exemplificou Jesus e nos recomenda as Escrituras Sagradas.  

Abraços do seu pastor

1 comentários:

Pr. Élio Morais 23 de maio de 2012 às 11:10  

Querido Pr. Edvar,

Que excelente artigo esse! Como foste feliz em suas colocações! Louvo a Deus por sua vida, e lamento não ter convivido com o irmão, o que teria sido de grande edificação pra mim. Mas, para recuperar o tempo que não tive, tenho acompanhado o seu trabalho e tenho sido ricamente abençoado com o que você escreve.

Deus te abençoe e te guarde!!