segunda-feira, 28 de maio de 2012

Escolas e Universidades Brasileiras - 27.05.12 - 35/100 dias de oração pelo Brasil

Fui convidado a participar de uma reunião, em um hotel de ponta, na qual um senador com histórico relacionado à educação falaria sobre qualidade na educação. Dentre seus argumentos para justificar a falta de qualidade, um chamou minha atenção. Disse ele que, uma vez que os salários pagos aos professores diminuiram sensivelmente, ensinar deixou de ser interessante às filhas da classe abastada, portanto as bem educadas, e as vagas passaram a ser ocupadas por pessoas da "periferia", sem preparo adequado.

Em outra ocasião, foi da boca de um pai que, ao comentar o sucesso financeiro do filho que havia terminado o 2º grau e parou de estudar, ouvi: "estudamos pra ganhar dinheiro. Se ele já está ganhando dinheiro, pra que estudar mais?" (O problema não é parar de estudar, ainda que isso seja uma decisão equvocada numa época de rápidas e profundas transformações científico-tecnológicas, mas a justificativa para tal)


O que há em comum, nos dois casos é, além da ignorância, o dinheiro como eixo do processo ensino-aprendizagem.


Não tenho nada contra o dinheiro, exceto sua divinização e transformação em eixo central de motivação para o desenvolvimento dos processos educacionais.


É claro que um bom salário é boa motivação para o trabalho. Porém, um bom salário, por si só, é capaz de, no máximo, fazer com que o professor coloque um largo sorriso no rosto e pare por aí. Ele - salário - não é o único, nem o mais importante diferencial entre uma aula ruim e outra de boa qualidade. 


Quanto a estudar para ganhar dinheiro, devemos nos lembrar que uma pessoa pode ganhar muito dinheiro sem ter aprofundado seus estudos, mas sua vida não ser de boa qualidade, especialmente no essencial, no permanente.


Dinheiro, portanto, não deve ser a única, muito menos a motivação central das escolas. Construir valores que fortaleçam a dignidade humana, em termos individuais e sociais e conhecimentos que nos ajudem a minorar a dor uns dos outros; desenvolver competências e tecnologias que nos permitam realizar bem aquilo que produza vida saudável, confortável e prazerosa para  todos; conscientizar-nos de como as relações interpessoais e sociais são estabalecidas, do papel que podemos e devemos exercer na sociedade, da função da ética para nortear e preservar a vida, do tipo de relação que devemos manter com o dinheiro e, especialmente, da importância do conhecimento e reconhecimento da dimensão espiritual da vida, por exemplo, são mais importantes do que apenas ensinar ou estudar para ganhar dinheiro.


Reconheço, por exemplo, a importância do ensino tecnico-profissionalizante. Vejo-o, porém, com desconfiança, quando é oferecido quase que exclusivamente para atender interesses econômicos (leia-se, via-de-regra, interesses dos proprietários de empresas ou seus acionistas), colocando como grande vantagem para a população o fato de ter emprego e renda e, pior, usando isso como ideologia para solução de problemas sociais, quando há outras áreas da vida cuja importância para a realização humana e bem estar social também exigem prioridade e investimento em educação.


A discussão então, não é sobre o papel ou a importância do dinheiro na vida humana, mas sobre o uso dele como motivação central para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem e quem efetivamente ganha ou perde com isso.


Igrejas cujo parâmetro de desenvolvimento são os números (de batismos, de membros, de missionários, de congregações, de receita, etc.) e cuja motivação para suas atividades é o aumento de membros, de patrimônio ou finanças, demonstram que suas vidas giram em torno de critérios da mesma natureza dos adotados pela educação realizada em torno do dinheiro. Sua eficácia espiritual em nada contribui para o desenvolvimento humano, exceto, talvez, para uma pequena parcela da população.


Igrejas assim não poderão contribuir efetivamente para a construção de uma socieade na qual o dinheiro não seja "deus", na qual a realização do ser humano integralmente está gritando por socorro.


Ao orarmos hoje pelas escolas e universidades, oremos pela mudança de mentalidade dos que estão decidindo a educação brasileira, inclusive das igrejas, e pelo envolvimento do "povo de Deus" na luta por educação voltada para todos, em todas as dimensões da vida.


Abraços do seu pastor,

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