Mãe de oração
Já me acostumei. Cada vez que enfrento alguma situação adversa não tenho dificuldades de ligar pra minha mãe e pedir que ela me acompanhe em oração.
Não que ela tenha mais prestígio diante de Deus, mas por saber do cuidado que ela tem por seus filhos, netos, bisnetos, noras, genros, irmãos, sobrinhos, amigos, enfim, e pela certeza que tenho de que ela é uma mulher de oração.
Mesmo quando ligo apenas pra ouvir a voz dela, pra dar um sinal de vida, pra jogar conversa fora, como dizemos popularmente, ela nunca deixa de dizer que ora por mim, por Gláucia, Mônica, Raphael, IB da Graça e assim por diante.
Ao dizer que minha mãe é uma mãe de oração, me vem à mente a imagem dela em algum canto da casa investindo tempo na leitura bíblica, através da qual procura ouvir Deus falando ao seu coração; investindo tempo falando com Deus de joelhos ao lado de sua cama ou mesmo servindo, de diversas formas, alguém necessitado, pois é através do serviço que evidenciamos que Deus está falando conosco e que estamos comprometidos com sua voz.
Não o serviço cujos dividendos políticos pelo fortalecimento da imagem pública de piedade aumentam ou o serviço cuja dívida para conosco, daqueles a quem servimos, se inflaciona, ou mesmo aquele serviço efetuado como forma de pagamento, conquista ou troca pelos benefícios que o outro agrega aos resultados do nosso trabalho. É o serviço muita vez fora dos holofotes que produz prazer, paz interior, pela simples consciência de que se está cumprindo o propósito de Deus: amar ao próximo como a si mesmo.
Com o exemplo de minha mãe, atestei o ensino bíblico que nos estimula a orar mesmo por aqueles que nos ferem dolorosamente.
Confesso que, por não ser tão espiritual quanto gostaria e infinitamente menos do que algumas pessoas fantasiam que um pastor seja, já passou por minha cabeça pedir a Deus em desfavor de alguém que me feriu. Entretanto, a luz amarela da lembrança acendeu, alertando que não foi assim que aprendi em casa e que, ainda que o sentimento aponte nessa direção, seria mais feliz se, em oração, procurasse superar tal sentimento, deixando a pessoa aos cuidados de Deus.
Minha mãe, hoje com 82 anos, é a professora de Escola Bíblica Dominical – EBD - mais antiga da qual tenho lembrança. A classe era “Jóias de Cristo” e lembro-me, por exemplo, de um livro de capa verde e dura que ela usava pra contar histórias.
Ela ensinava e se empenhava por viver os ensinos compartilhados. Mas, talvez por esse empenho em viver a Palavra e pelo desafio que isso representa, a imagem que mais fortemente continua gravada em mim não é a da mãe professora, mas a da mãe de oração.
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