quinta-feira, 31 de maio de 2012

Seminaristas - futuros líderes das igrejas - 31.05.12 - 39/100 dias de oração pelo Brasil


Abordar este assunto tem sido um dilema para mim. Primeiro, porque é evidente a distância entre discurso e prática na denominação (= igrejas + instituições + organizações), sobre a importância da educação teológico-ministerial; segundo, porque através dela se trava, nos bastidores, uma batalha a meu ver político-ideológica travestida de preocupação bíblico-teológica.

Pior é que a maioria esmagadora dos membros de nossas igrejas parecem não se dar conta da importância do assunto. É como se a devoção pela qual se interessa na igreja nada tenha a ver com o pensamento teológico, com a formação ministerial do seu pastor. Mas tem tudo a ver.

A formação teológica determina nossa visão de mundo, nossa compreensão dos problemas pelos quais passam os indivíduos, nossa relação com as estruturas sociais vigentes, nossas prioridades na administração eclesiástica, etc. É a visão que temos de Deus, da Bíblia, do ser humano, de igreja, por exemplo, que determina o conteúdo da mensagem que anunciamos, o estilo de liderança que praticamos e até mesmo a escala de valores e prioridades que adotamos.

Então, cada vez que nos sentamos num "banco de igreja" e ouvimos um sermão, uma palestra, uma aula de escola bíblica, estamos nos expondo a uma cosmovisão daquele que usa da palavra. Tanto isso é verdade que os bereanos ouviam a mensagem de Paulo com interesse, mas a conferiam com o que as Escrituras diziam (At. 17.11). Para mim, a importância desse registro é mostrar-nos que aquilo que ouvimos, venha de quem vier, pode e deve ser confrontado com o que norteia nossa vida. (cf também I Tes. 5.20-21; I Jo. 4.1) No caso dos Bereanos, as Escrituras disponíveis. No nosso caso, o Novo Testamento, pois ele é a interpretação cristã do chamado, também não por acaso, Velho Testamento (Bíblia do judaismo).

Percebe porque a questão "educação teológico-ministerial" não deve ser do interesse somente de pastores ou de alguns dirigentes denominacionais?

Quando um aluno chega em uma escola de educação teológico-ministerial, geralmente sua cabeça é a cabeça do pastor que o acompanhou até ali (especialmente daquele que o conduziu ao evangelho) e sua cosmovisão é, geralmente, a mesma da igreja com a qual caminhou. Seus sonhos estão fundamentados naquilo que viu e ouviu,
durante seus anos de igreja, a respeito do que é ser cristão, ser igreja, ser cidadão neste mundo, etc. Na escola de educação teológica (seminário) seus horizontes se ampliam e se aprofundam, pois ele está sendo preparado para liderar e não para ser papagaio de pirata ou boneco de ventríloquo.

No "seminário" ele deve ser exposto com mais profundidade às diversas formas de pensar a fé, justamente para que construa convicções sólidas. Se sua forma de pensar não pode ser confrontada numa sala de aula com professores que são seus irmãos na fé, melhor seria abandoná-la, pois, no ministério ele se deparará intensamente com pensamentos divergentes e, ou se tornará um cínico, dando respostas nas quais não acredita, ou falará de coisas que, de fato, fazem parte de sua construção espiritual.

O objetivo de um seminário confessional é, basicamente, preparar pessoas em duas direções. Primeira, para trabalhar com o ser humano e, segunda, para liderar uma instituição chamada igreja (com todas as implicações de qualquer empreendimento legal). Quando priorizamos o preparo do aluno para atender os interesses mercadológicos da instituição e deixamos em segundo plano o preparo para trabalhar com gente, estamos sendo incoerentes com a vida  e ensinos do Jesus que anunciamos.

As brigas políticas em torno da educação teológica geralmente se dão em função dos interesses instituicionais e não do preparo do aluno para transformar em ações seu amor "a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo", ainda que tais brigas sejam travestidas de linguagem piedosa.

É necessário que oremos pela formação dos futuros líderes de nossas igrejas e que lutemos pela priorização disso no uso dos recursos denominacionais disponíveis. Ela afeta profundamente nossas vidas, nossa ação no mundo e não só a instituição chamada igreja.

1 comentários:

Gal 2 de junho de 2012 às 01:15  

Reflexão fantástica!!!