segunda-feira, 28 de maio de 2012

Analfabetismo - 28.05.12 - 36/100 dias de oração pelo Brasil

Uma música que marcou minha vida a partir do final da década de 70, foi publicada sob o número 552 do "Hinário Para o Culto Cristão", produzido e vendido pela Convenção Batista Brasileira.

É pouco conhecida e cantada em nossos cultos.

Como "definiu-se" que atuação social não é o "nosso nicho de mercado" denominacional, ocupação com questões sociais acaba sendo, para alguns, apenas estratégia de "missões" (o que exatamente se quer dizer com esta palavra?).

O hino toca no problema do analfabetismo, não de maneira romântica, mas em uma de suas mais sérias implicações. Leia:

Que estou fazendo se sou cristão

Letra: João Dias de Araújo
Música: Décio Emerique Lauretti


"Que estou fazendo se sou cristão,
Se Cristo deu-me total perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão,
Há muitas vidas sem salvação.
Meu Cristo veio pra nos remir,
O homem todo, sem dividir:
Não só a alma do mal salvar,
Também o corpo ressuscitar.


Há muita fome no meu país,
Há tanta gente que é infeliz,
Há criancinhas que vão morrer,
Há tantos velhos a padecer.
Milhões não sabem como escrever,
Milhões de olhos não sabem ler:
Nas trevas vivem sem perceber
Que são escravos de um outro ser.
 
Que estou fazendo se sou cristão,
Se Cristo deu-me o seu perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão,
Há muitas vidas sem salvação.
Aos poderosos eu vou pregar,
Aos homens ricos vou proclamar
Que a injustiça é contra Deus
E a vil miséria insulta os céus."


O problema do analfabetismo, colocado nessa música, não são apenas os prejuizos sofridos pelas pessoas nesta condição, tais como não saber ler a linha do ônibus ou um aviso de perigo ou uma receita médica, ou a Bíblia, por exemplo; nem o fortalecimento da baixa-autoestima, pelo preconceito social do qual o analfabeto é vítima;  nem, ainda, o fato de não poder competir por uma vaga no mercado de trabalho que ofereça melhores condições, enfim. O destaque é: "Nas trevas vivem sem perceber que são escravos de outro ser".

O analfabetismo, seja ele em relação à escrita, à leitura ou  à politica, torna-nos presas fáceis de pessoas e sistemas autoritários, exploradores, opressores. Analfabeto, então, não é somente quem não sabe ler ou escrever, mas quem não sabe interpretar o que lê e nem tem noção das consequências, inclusive políticas, de sua condição.

Tenho observado, por exemplo, o processo de analfabetismo teológico a que estão sendo submetidas algumas escolas de formação ministerial da denominação batista, nos últimos anos. A impressão que tenho é que, para alguns, seminário de teologia deve ser escola técnica de formação de mão de obra qualificada para atender as exigências do mercado religioso-denominacional, especialmente relacionada a quantitativismo.

A pretexto de combater o que chamam de "academicismo" ou um suposto inimigo chamado "liberalismo" (você sabe a extensão e alternativas de significado dessa palavra?), nossas escolas de formação teológica estão sob pressão, parece que, para serem transformadas em "Escola Bíblica Dominical' (com todo respeito à EBD) um pouco mais equipada, com professores remunerados e objetivos mais tecnicamente específicos. Gente que pensa, exceto se o pensamento não divergir, não é bem vinda.

Oremos então, pelo fim do analfabetismo em suas diversas formas de manifestar-se, visando possibilitar a todos, a participação na construção de uma vida melhor com Deus e com os semelhantes, em todas as dimensões. E nos comprometamos com aquilo pelo que oramos.
Abraços do seu pastor,

0 comentários: