terça-feira, 29 de maio de 2012

Arrependimento e Conversão no Senhor Jesus Cristo - 29.05.12 -37/100 dias de oração pelo Brasil

A decisão de Judas de devolver aos sacerdotes as 30 moedas de prata que recebeu como pagamento por sua traição é motivo de divergência entre os estudiosos do Novo Testamento. É que, embora a palavra grega que aparece no texto (Mt. 27.3), expressando a reação de Judas diante da condenação de Jesus, seja "metameletheis" e não "metanóias", há divergência nas traduções. Umas a traduzem por "arrependimento", outras por "remorso" e outras, ainda, por "compungiu-se".

É claro que, se um dos princípios de interpretação bíblica mais conhecidos é o que diz que não se pode construir uma doutrina usando somente um versículo, muito menos poderíamos julgar uma vida usando somente uma palavra.

Porém, o que leva grande número de estudiosos a defenderem que, no caso de Judas, não houve arrependimento, mas apenas uma mudança de sentimentos, foi o fato de que, 1) embora Judas tenha percebido a bobagem que fez -
"Quando Judas, que o havia traído, viu que Jesus fora condenado..."   (Mt 27.3) - ; 2) embora,
Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado
Mateus 27:3......"  essa percepção o tenha levado a
 tenha devolvido o dinheiro recebido pela traição - "devolveu aos chefes dos sacerdotes e aos líderes religiosos as trinta moedas de prata..." (Mt 27.3) - ; e, 3) embora, ainda, tenha reconhecido o seu pecado - "E disse: "Pequei, pois traí sangue inocente"."(MT 27.4) - a consequência disso, em vez de produzir nele a decisão de iniciar uma nova vida, levou-o ao suicídio - "Então Judas jogou o dinheiro dentro do templo e, saindo, foi e enforcou-se". (Mt. 27.5).

O peso do erro reconhecido por Judas foi agravado com as palavras dos líderes religiosos: "E eles retrucaram: "Que nos importa? A responsabilidade é sua"." (Mt. 27.4).  Porém, ainda que eles tenham colocado a responsabilidade pela morte de Jesus sobre Judas; ainda que tal responsabilidade também tenha sido colocada sobre o povo israelita (At. 3.15) e sobre os líderes judeus (At. 5.30;), diferentemente disso, a teologia da morte de Jesus, como a vemos no Novo Testamento, em vez de colocar a responsabilidade pela morte de Jesus sobre os ombros de uma pessoa ou de um grupo, a coloca sobre os ombros de todos nós.

Emitir, então, juizo de valor sobre a salvação de Judas é fácil para aqueles que entendem salvação como uma equação matemática, na qual "a soma da palavra bíblica tal + a palavra bíblica qual + a reação da pessoa "Y" é = a...".  Porém, salvação é uma manifestação graciosa de Deus, que conhece as intenções, os motivos, dos corações. Para ele, o que é impossível aos homens torna-se possível (Mt. 19.26). Assim, prefiro  não entrar no julgamento de Judas.

O que posso dizer, à luz das consequências da  "metameletheis" em Judas e das consquências de "metanóia" em "N" casos registrados no Novo Testamento é que "metanóia" produz vida enquanto "metameleteheis" produziu suicídio.

Sim, arrependimento é uma reação que ocorre no interior da vida humana, através da qual tem início um processo de mudança de mentalidade a respeito de nós mesmos e da nossa relação com Deus, com as pessoas e com o mundo que nos cerca. Essa nova mentalidade é geradora de vida, por isso afeta todas as dimensões, levando o arrependido a não conformar-se com condutas, leis, estruturas de pensamento ou de organização social geradoras de morte.

Essa  inconformação movida pela mudança de mentalidade, não nos torna juizes arrogantes, prepotentes, do mundo, nem vendedores de um produto religioso, muito menos profetas do pessimismo, mas cooperadores humildes de Deus no sentido de
"pregar boas novas aos pobres", "proclamar liberdade aos presos", "recuperação da vista aos cegos", "libertar os oprimidos" e de estar sempre atentos, por saber que "aquele que julga-se firme, cuide-se para que não caia" (I cor. 10.12).

Arrependimento, portanto, é uma reação contínua. Sob o domínio da confiança na graça de Deus, cada vez que o arrependido depara-se com situação que pode produzir morte, sua reação o move em sentido contrário, no sentido de caminhar para e com Jesus, pois, como ele mesmo disse, "quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva". (Jo. 7.38).

Ao orar por arrependimento e conversão no senhor Jesus Cristo, comecemos por nossas próprias vidas, verificando se nossas atitudes, palavras e ações são geradoras de vida ou de morte; se nossos posicionamentos diante da realidade são produtores  de vida ou de morte. Feito isso, oremos então para que cada pessoa ao nosso redor seja contagiada por esta nova mentalidade que pode ser alcançada na relação graciosa com Jesus, o Cristo.

Abraços do seu pastor,

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