Ninho vazio (2005)
Educamos nossos filhos discursando que eles não eram nossos, mas da vida. Evitamos, baseados nessa filosofia, super protegê-los. Possibilitamos, através de diálogo e exposição à literatura de diversas correntes, que desenvolvessem senso crítico. Propositalmente os deixamos expostos a situações nas quais pudessem decidir sem nossa interferência, apenas monitorando-os, sutilmente, à distância. Tudo em nome da autonomia pessoal. O tempo passou e, mais cedo do que imaginávamos, eles nos deixaram.
Primeiro foi Mônica. Ainda estávamos na Flórida quando ela voltou ao Brasil para dar seqüência aos estudos de Administração, na Federal de Pernambuco. Quando decidíamos voltar ao Brasil, trancou o curso, começou a repensar se queria prosseguir nele e voltou aos Estados Unidos. Aproveitando o Visto, resolveu permanecer por lá usufruindo ao máximo de tudo que uma experiência internacional proporciona.
Recentemente foi Raphael. Almejando ser lingüista, dias antes de completar 18 anos, nesse julho, “embarcou” para concluir o ensino médio na Dinamarca. Se depender da disposição de hoje e das oportunidades, dificilmente voltará a morar no Brasil, disse ele.
Ao entrarmos em nosso apartamento, na volta do aeroporto, Gláucia e eu nos demos conta de que o ninho esvaziou. Não há mais volume alto de músicas, acordes de piano ou violão e cantorias no banheiro. Linha telefônica e computadores não são mais alvo de “disputa”. Reclamações da comida não existem mais. Acabou-se o “problema” com quartos bagunçados. Encerrou-se o tempo das negociações por horários para voltar pra casa ou permissão para dormir fora. Chegou ao fim o papel de motorista particular para levar e buscar na casa de amigos, shopping, cinema, lanchonete, escola, igreja... Findou-se a necessidade de circular de loja em loja à procura de sapatos, calça, CD, livros, enfim.
Então, começamos a nos pegar olhando álbuns de fotografia e tarefas escolares da infância. As visitas aos seus fotologs (bendita internet!) se tornaram mais intensas e, para diminuir a saudade, até levamos para nossa cama, objetos de estimação deles que, “por acaso”, ficaram em casa.
Nesses dias começamos a descobrir que ninho vazio não é apenas uma experiência físico-ambiental; nem é fruto da saudade provocada pela ausência físico-emocional daqueles com quem trocamos afetos e desafetos durante tantos anos debaixo do mesmo teto. Estamos aprendendo que ninho vazio seria um profundo sentimento de tristeza, que teria como pano de fundo a sensação de inutilidade, experimentada pelos pais quando os filhos deixam a casa.
Ainda que física e emocionalmente o ninho tenha sofrido esvaziamento, nos conscientizamos de que cabe a nós não permitirmos que, existencialmente, ele se torne vazio. Para isso, apostamos, primeiro, no sentido de autonomia e independência vivenciadas durante o período de educação e, segundo, na anulação da tal sensação de inutilidade aproveitando a oportunidade de estarmos “enfim sós”, para redefinirmos projetos individuais e a dois, ocupando, criativamente, as lacunas deixadas em nossas vidas pela saída deles.
Se não podemos impedir que o ninho se esvazie, pelo menos podemos evitar que se torne Ninho Vazio!
Primeiro foi Mônica. Ainda estávamos na Flórida quando ela voltou ao Brasil para dar seqüência aos estudos de Administração, na Federal de Pernambuco. Quando decidíamos voltar ao Brasil, trancou o curso, começou a repensar se queria prosseguir nele e voltou aos Estados Unidos. Aproveitando o Visto, resolveu permanecer por lá usufruindo ao máximo de tudo que uma experiência internacional proporciona.
Recentemente foi Raphael. Almejando ser lingüista, dias antes de completar 18 anos, nesse julho, “embarcou” para concluir o ensino médio na Dinamarca. Se depender da disposição de hoje e das oportunidades, dificilmente voltará a morar no Brasil, disse ele.
Ao entrarmos em nosso apartamento, na volta do aeroporto, Gláucia e eu nos demos conta de que o ninho esvaziou. Não há mais volume alto de músicas, acordes de piano ou violão e cantorias no banheiro. Linha telefônica e computadores não são mais alvo de “disputa”. Reclamações da comida não existem mais. Acabou-se o “problema” com quartos bagunçados. Encerrou-se o tempo das negociações por horários para voltar pra casa ou permissão para dormir fora. Chegou ao fim o papel de motorista particular para levar e buscar na casa de amigos, shopping, cinema, lanchonete, escola, igreja... Findou-se a necessidade de circular de loja em loja à procura de sapatos, calça, CD, livros, enfim.
Então, começamos a nos pegar olhando álbuns de fotografia e tarefas escolares da infância. As visitas aos seus fotologs (bendita internet!) se tornaram mais intensas e, para diminuir a saudade, até levamos para nossa cama, objetos de estimação deles que, “por acaso”, ficaram em casa.
Nesses dias começamos a descobrir que ninho vazio não é apenas uma experiência físico-ambiental; nem é fruto da saudade provocada pela ausência físico-emocional daqueles com quem trocamos afetos e desafetos durante tantos anos debaixo do mesmo teto. Estamos aprendendo que ninho vazio seria um profundo sentimento de tristeza, que teria como pano de fundo a sensação de inutilidade, experimentada pelos pais quando os filhos deixam a casa.
Ainda que física e emocionalmente o ninho tenha sofrido esvaziamento, nos conscientizamos de que cabe a nós não permitirmos que, existencialmente, ele se torne vazio. Para isso, apostamos, primeiro, no sentido de autonomia e independência vivenciadas durante o período de educação e, segundo, na anulação da tal sensação de inutilidade aproveitando a oportunidade de estarmos “enfim sós”, para redefinirmos projetos individuais e a dois, ocupando, criativamente, as lacunas deixadas em nossas vidas pela saída deles.
Se não podemos impedir que o ninho se esvazie, pelo menos podemos evitar que se torne Ninho Vazio!
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