sexta-feira, 31 de julho de 2009

Articulações políticas nas eleições presidenciais batistas (2001)

A palavra democracia é uma das mais antigas do vocabulário batista e nos enche de satisfação. Esta forma de convivência política, de equação de diferenças e de atendimento a anseios, deve ser aperfeiçoada continuamente, visando dar resposta, dentre outros, ao desafio que representa fazer valer os interesses da maioria sem desrespeitar os direitos das minorias. Para isso, as regras precisam ser definidas, democraticamente, com clareza e, sobretudo, obedecidas por todos.

No contexto das eleições presidenciais batistas, uma das regras que precisam ser obedecidas ou revistas é a que define o processo de identificação dos candidatos nas eleições da diretoria. A regra diz que "para efeito de identificação, os candidatos poderão ser apresentados, com sucintas informações, a critério da mesa, sobre a atuação denominacional de cada um" (Regimento Interno da CBB, Art. 15, XIV). Subentende-se que não há espaço para campanhas eleitorais.

É inevitável, nos corredores e nos bastidores, a especulação sobre a futura diretoria de Convenções que abrigam interesses de milhares de pessoas, com sólida estrutura organizacional e patrimonial e representação territorial invejável. Por isso, é natural que nenhum mensageiro vá ao plenário às cegas, no dia das eleições. O que merece reflexão é a crescente e visível articulação prévia, visando eleger este ou aquele candidato.

Participar de uma diretoria representa uma série de possibilidades. Alguns exemplos disso são: colaborar com o despertamento espiritual e o fortalecimento da missão das igrejas; fortalecer e ampliar a cooperação entre as igrejas; trabalhar em prol da harmonia entre os batistas ou ainda contribuir com idéias para o aperfeiçoamento do funcionamento da Convenção, além das atribuições definidas em Regimento. Há também exemplos eticamente discutíveis. É o caso daqueles que visam tão somente articular a definição de agendas; exercer influência sobre igrejas, especialmente aquelas cuja liderança é menos preparada; aumentar a influência política em período de eleições; usar a função como trampolim para alcançar objetivos particulares, tais como concorrer a pastorados, conseguir emprego para si ou pessoas próximas em instituições denominacionais e até aumentar as bases e a visibilidade eleitoral visando alavancar candidaturas partidárias.

Na disputa pelo poder temos visto propostas casuísticas serem aprovadas para eliminar concorrentes; pastores se reunirem paralelamente às sessões de Assembléias para articular nomes que representem interesses corporativos; jornais, programas de rádio, concentrações evangelísticas e cultos serem usados como veículo de propaganda eleitoral; entidades da Convenção apoiando formal e abertamente candidatos, além da comum e famosa estratégia usada no momento das eleições, no plenário, em que diversas pessoas são indicadas, declinam seus nomes e declaram seu voto em favor de outrem.

A meu ver, as regras, de forma sutil ou explicita, não estão sendo obedecidas. Isso, além de constrangimentos interpessoais e divisões nocivas, enfraquecem nossa pregação, afinal, se quebramos nossas regras, como podemos combater a desobediência às leis na Sociedade? Por isso, proponho para reflexão: nossas regras estão erradas ou errados estão os articuladores de candidaturas? Com a palavra o leitor.

0 comentários: