Líderes conservadores ou de esquerda? (2001)
Em artigo publicado recentemente no Diário de Pernambuco, intitulado "Economistas de esquerda", Alexandre Rands Barros defendeu que três fatores básicos distinguem os economistas de esquerda, dos conservadores: "I. preocupação com a melhoria na distribuição de renda; II preocupação com a equidade das oportunidades individuais; III preocupação com a mudança nas relações econômicas e sociais básicas". (O texto completo está disponível aos interessados via e-mail). Sua leitura me levou a pensar em nós líderes, perguntando: somos, socialmente, conservadores ou de esquerda? Estamos preocupados com as questões sociais ou fazemos coro com os que dizem que não devemos nos envolver com essa dimensão da vida?
No meio batista, pelo investimento sério que tem sido feito numa educação teológica fundamentada em hermenêutica bíblica de boa qualidade, há uma crescente consciência do papel social da igreja. O que, entretanto, defendemos ou o que nos distingue, socialmente, como líderes? Qual tem sido, na prática, nosso posicionamento frente aos graves problemas sociais?
Ninguém pode ser classificado exclusivamente como conservador ou de esquerda. Cada pessoa, ainda que se enquadre predominantemente numa dessas tendências, pode adotar posturas conservadoras em algumas questões e de esquerda, noutras. Porém, quando o que está em discussão é a realidade social brasileira, não dá para titubear ou ficar sobre o muro. Ou nos posicionamos com clareza, no discurso e na prática, ou seremos mornos e passaremos para a história como socialmente irrelevantes, mesmo tendo estado em evidência no círculo denominacional.
Nem todos temos consciência de qual vertente predomina em nossos discursos e ações. Alguns por serem meros ativistas, outros por preguiça mental e outros ainda, por fazerem parte da minoria beneficiária do sistema vigente, não priorizam tempo para refletir sobre suas crenças, palavras e ações. Da triste realidade estampada nas manchetes diárias, são meros contempladores dos descaminhos da sociedade ou apenas usuários delas, como argumento de retórica, para fundamentar a desesperança nesta vida e a concentração de energias na espera do futuro, do céu.
De cada um de nós, é requerido que analise o discurso e a prática de Jesus, diante da realidade social do seu tempo, a fim de que sejamos seus imitadores. Foram diversas as realidades nas quais Jesus se envolveu. Ele lidou com questões espirituais, físicas, éticas, emocionais, morais, religiosas, etc.. Equivocadamente, destacamos uma dessas áreas, maximizando-a como se fosse a única. O pior é que, as vezes, enfatizamos exatamente a dimensão oposta, a da exigida na situação em que estamos inseridos. Exemplo: alimentamos a alma quando o corpo esta faminto ou nos preocupamos com o corpo, quando a alma está precisando de alento. Como Jesus, devemos ser sensíveis às necessidades que precisam ser atendidas, em cada contexto, a fim de cumprirmos adequadamente a nossa missão.
Precisamos ter coragem para confrontar nosso status quo. O "não vos conformeis com este mundo", de Paulo, deve servir de alerta permanente. Somos tendentes a acomodação, principalmente quando as circunstâncias nos são favoráveis. Nos esquecemos de que nem sempre a boa realidade, eventualmente vivida por nós, representa a realidade da maioria do povo brasileiro. Por isso, urge que nos posicionemos pela "melhoria na distribuição da renda, pela equidade das oportunidades individuais e pela mudança nas relações econômicas e sociais básicas". Se esta postura for classificada de esquerda...
No meio batista, pelo investimento sério que tem sido feito numa educação teológica fundamentada em hermenêutica bíblica de boa qualidade, há uma crescente consciência do papel social da igreja. O que, entretanto, defendemos ou o que nos distingue, socialmente, como líderes? Qual tem sido, na prática, nosso posicionamento frente aos graves problemas sociais?
Ninguém pode ser classificado exclusivamente como conservador ou de esquerda. Cada pessoa, ainda que se enquadre predominantemente numa dessas tendências, pode adotar posturas conservadoras em algumas questões e de esquerda, noutras. Porém, quando o que está em discussão é a realidade social brasileira, não dá para titubear ou ficar sobre o muro. Ou nos posicionamos com clareza, no discurso e na prática, ou seremos mornos e passaremos para a história como socialmente irrelevantes, mesmo tendo estado em evidência no círculo denominacional.
Nem todos temos consciência de qual vertente predomina em nossos discursos e ações. Alguns por serem meros ativistas, outros por preguiça mental e outros ainda, por fazerem parte da minoria beneficiária do sistema vigente, não priorizam tempo para refletir sobre suas crenças, palavras e ações. Da triste realidade estampada nas manchetes diárias, são meros contempladores dos descaminhos da sociedade ou apenas usuários delas, como argumento de retórica, para fundamentar a desesperança nesta vida e a concentração de energias na espera do futuro, do céu.
De cada um de nós, é requerido que analise o discurso e a prática de Jesus, diante da realidade social do seu tempo, a fim de que sejamos seus imitadores. Foram diversas as realidades nas quais Jesus se envolveu. Ele lidou com questões espirituais, físicas, éticas, emocionais, morais, religiosas, etc.. Equivocadamente, destacamos uma dessas áreas, maximizando-a como se fosse a única. O pior é que, as vezes, enfatizamos exatamente a dimensão oposta, a da exigida na situação em que estamos inseridos. Exemplo: alimentamos a alma quando o corpo esta faminto ou nos preocupamos com o corpo, quando a alma está precisando de alento. Como Jesus, devemos ser sensíveis às necessidades que precisam ser atendidas, em cada contexto, a fim de cumprirmos adequadamente a nossa missão.
Precisamos ter coragem para confrontar nosso status quo. O "não vos conformeis com este mundo", de Paulo, deve servir de alerta permanente. Somos tendentes a acomodação, principalmente quando as circunstâncias nos são favoráveis. Nos esquecemos de que nem sempre a boa realidade, eventualmente vivida por nós, representa a realidade da maioria do povo brasileiro. Por isso, urge que nos posicionemos pela "melhoria na distribuição da renda, pela equidade das oportunidades individuais e pela mudança nas relações econômicas e sociais básicas". Se esta postura for classificada de esquerda...
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