Meu problema com livros (2005)
Eis meu problema: sempre que estou diante de um livro, não consigo abrí-lo sem primeiro saber qual é a editora.
Até já me disseram que, primeiramente, deveria ler a orelha, se tiver. Nela deveriam estar informações essenciais sobre a obra e seu autor. Depois, deveria dar uma passada de olhos pelo índice para verificar melhor os tópicos e assim ter uma idéia de como o assunto seria abordado. Porém, parece instintivo: basta estar diante de um para os olhos procurarem quem o editou.
Isso virou uma espécie de fixação. Se a editora for desconhecida, tento imediatamente saber quem são seus dirigentes. Se for conhecida e dependendo de qual seja, começo a me arrepiar só de imaginar aquele objeto nas mãos. Pode dizer que isto é preconceito ou até paranóia. Já tenho pensando muito nisso. Mas algumas razões geraram em mim tal reação.
A convivência com gente estudiosa foi me mostrando que hoje, especialmente no mundo religioso, lançamento de livro acontece ou visando lucro ou veiculação política de determinada corrente de pensamento. Obras que tentam contribuir para clarear algum tipo de assunto, publicada por editora evangélica, é uma raridade. Afinal clarear mais o que? Tudo já está claro. Basta reproduzir o que já está definido pelas denominações ou seus representantes!
Antigamente, veicular pensamento viria em primeiro lugar. Hoje, idéias estão em segundo plano, exceto aquelas que favorecem o enriquecimento através da “proclamação da palavra” ou combatem os que combatem a má distribuição de renda do sistema sócio-econômico vigente. Mas isso é outra história.
Quem procura literatura pelo simples prazer de ler, raramente vai encontrar em editora religiosa. É que, mesmo livros aparentemente interessantes, apenas a história e os personagens mudam. Basta conhecer a editora e já se sabe que a ideologia do sistema doutrinário e moral ao qual o autor se deixou pertencer vai transparecer. Assim, se o que se espera é relaxar, esqueça: o tempo todo sua cabeça terá que decidir se concorda ou não com o autor.
Costumo dar atenção para livros de produção editorial independente. São independentes porque ou o autor escreve muito mal ou seus pensamentos incomodam tanto que não há quem queira divulgá-los. Portanto, basta uma rápida olhada para definir se vale a pena ou não comprá-lo. Editoras cujas marcas são desconhecidas também produzem coisas interessantes para clarear assuntos.
Pior, porém, é quando o livro é publicação de editora que, por pertencer à instituição denominacional democrática, necessita acariciar politicamente pessoas a fim de que seus dirigentes trabalhem em paz. Em geral, respeitadas as devidas exceções, o perfil dos autores, em termos de influência denominacional, indica claramente que critério foi adotado na definição da publicação.
Diante disso, o mito de que ler é muito importante torna-se claramente relativo. Depende da editora que o publicou. Dependendo da editora, ler pode ser o caminho mais curto para “emburrecer-se”.
Até já me disseram que, primeiramente, deveria ler a orelha, se tiver. Nela deveriam estar informações essenciais sobre a obra e seu autor. Depois, deveria dar uma passada de olhos pelo índice para verificar melhor os tópicos e assim ter uma idéia de como o assunto seria abordado. Porém, parece instintivo: basta estar diante de um para os olhos procurarem quem o editou.
Isso virou uma espécie de fixação. Se a editora for desconhecida, tento imediatamente saber quem são seus dirigentes. Se for conhecida e dependendo de qual seja, começo a me arrepiar só de imaginar aquele objeto nas mãos. Pode dizer que isto é preconceito ou até paranóia. Já tenho pensando muito nisso. Mas algumas razões geraram em mim tal reação.
A convivência com gente estudiosa foi me mostrando que hoje, especialmente no mundo religioso, lançamento de livro acontece ou visando lucro ou veiculação política de determinada corrente de pensamento. Obras que tentam contribuir para clarear algum tipo de assunto, publicada por editora evangélica, é uma raridade. Afinal clarear mais o que? Tudo já está claro. Basta reproduzir o que já está definido pelas denominações ou seus representantes!
Antigamente, veicular pensamento viria em primeiro lugar. Hoje, idéias estão em segundo plano, exceto aquelas que favorecem o enriquecimento através da “proclamação da palavra” ou combatem os que combatem a má distribuição de renda do sistema sócio-econômico vigente. Mas isso é outra história.
Quem procura literatura pelo simples prazer de ler, raramente vai encontrar em editora religiosa. É que, mesmo livros aparentemente interessantes, apenas a história e os personagens mudam. Basta conhecer a editora e já se sabe que a ideologia do sistema doutrinário e moral ao qual o autor se deixou pertencer vai transparecer. Assim, se o que se espera é relaxar, esqueça: o tempo todo sua cabeça terá que decidir se concorda ou não com o autor.
Costumo dar atenção para livros de produção editorial independente. São independentes porque ou o autor escreve muito mal ou seus pensamentos incomodam tanto que não há quem queira divulgá-los. Portanto, basta uma rápida olhada para definir se vale a pena ou não comprá-lo. Editoras cujas marcas são desconhecidas também produzem coisas interessantes para clarear assuntos.
Pior, porém, é quando o livro é publicação de editora que, por pertencer à instituição denominacional democrática, necessita acariciar politicamente pessoas a fim de que seus dirigentes trabalhem em paz. Em geral, respeitadas as devidas exceções, o perfil dos autores, em termos de influência denominacional, indica claramente que critério foi adotado na definição da publicação.
Diante disso, o mito de que ler é muito importante torna-se claramente relativo. Depende da editora que o publicou. Dependendo da editora, ler pode ser o caminho mais curto para “emburrecer-se”.
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