A propósito do diálogo com a Igreja Católica (2001)
Fiquei surpreso quando li no Jornal Batista a matéria sobre a participação de destacados pastores batistas em reunião de diálogo com líderes da Igreja Católica. Minha surpresa deveu-se às posições históricas de nossa liderança nacional, de combate ao catolicismo e aos que dele se aproximavam.
Não vejo tal diálogo como ato de traição nem indicativo de falta de convicção. Pelo contrário, percebo como demonstração de segurança, autoconfiança, atitude civilizada e sinal de amadurecimento. Tem medo do diálogo quem tem raízes superficiais.
Dialogar é um sinal de que estamos prontos para dar e pedir perdão pelas ofensas mútuas registradas ao longo de nossa história. Em nossas belas pregações, ensinamos aos ouvintes que perdoar não é esquecer; é ser capaz de se lembrar sem mágoas. No caso em pauta, inspirado em Jeremias 31.29, significa que, se não é possível esquecer que nossos pais comeram uvas verdes, pelo menos podemos escolher não ficar eternamente com os dentes embotados.
Vivi metade da minha vida em cidade do interior. Sofri e carreguei, durante anos, dolorosas marcas emocionais, fruto do preconceito e discriminação religiosos promovidos por católicos. Porém, no mesmo período, cultivei amizade com outros católicos que jamais trocaria por algumas experimentadas no meio evangélico, inclusive batista. O que quero dizer é que, gente boa e gente ruim existe tanto lá, como cá. Não são as marcas denominacionais que fazem diferença em nossas vidas e nos qualificam como novas criaturas, mas as marcas de Cristo. Não é isso que pregamos?
Devemos reconhecer a herança Católica que carregamos. O nosso "DNA teológico" é católico. Por ignorância histórica, indisposição emocional, estratégia de marketing ou medo de uma eventual crise de identidade, não gostamos de ser lembrados, por exemplo, de que os textos que hoje utilizamos como "regra de fé e prática", contidos na Bíblia, foram escolhidos pela Igreja Católica, em Concílio, usando critérios em torno dos quais não há unanimidade. A verdade que alguns preferem omitir é que foram bispos católicos que definiram e canonizaram os textos que formam nossa velha e amada Bíblia, a partir de um universo maior de textos produzidos antes e depois do início da Era Cristã. Se é verdade que, na Reforma Protestante, uma parcela significativa de cristãos se libertou politicamente do governo, das interpretações e dos dogmas da Igreja Romana, é verdade também que esse segmento continuou cativo dos pressupostos teológicos expressos nos textos que ela - a Igreja Católica - definiu como canônicos. Nem mesmo o "SOLA SCRIPTURA" da Reforma tem hoje, rigorosamente, o mesmo significado que teve para os reformadores.
Não podemos deixar de acreditar no diálogo só porque aqui e acolá ainda são registrados conflitos entre católicos e evangélicos. Afinal, aqui e acolá também ouvimos histórias de arrepiar, de conflitos acirrados no meio evangélico e batista. Nem por isso deixamos de ser evangélicos ou batistas! Confesso, honestamente, que não sinto nenhuma atração pela forma de governo da Igreja Católica, nem por suas doutrinas; da mesma forma, não sinto nenhuma atração pela forma como alguns pastores batistas lideram e doutrinam suas igrejas. (E, certamente, alguns pastores que me conhecem e agora estão lendo o que escrevo dirão que a recíproca é verdadeira!). Mas não nos furtamos ao diálogo!
Lamentavelmente, para se firmar como alternativa cristã no Brasil, nossos antepassados nos educaram como negativos da Igreja Católica, fato que definiu nossa identidade como sendo "reativa". Ainda estamos aprendendo a pregar e viver um evangelho que dispensa um "inimigo". Graças a Deus estamos deixando a autocomiseração e assumindo um papel pró-ativo no modo de pregar e viver o evangelho. Nesse sentido, o diálogo com líderes católicos é um bom sinal. Parafraseando Paulo, aqueles que não se sentem preparados para dialogar não julguem os que dialogam; e os que estão dialogando, não desprezem os que reticentes(Rom. 14.3). "Se for possível, no que depender de vós, tende paz com todos os Homens".(Rom. 12.18). Armas de fogo podem reprimir a violência, mas a paz só se estabelece com diálogo!
Não vejo tal diálogo como ato de traição nem indicativo de falta de convicção. Pelo contrário, percebo como demonstração de segurança, autoconfiança, atitude civilizada e sinal de amadurecimento. Tem medo do diálogo quem tem raízes superficiais.
Dialogar é um sinal de que estamos prontos para dar e pedir perdão pelas ofensas mútuas registradas ao longo de nossa história. Em nossas belas pregações, ensinamos aos ouvintes que perdoar não é esquecer; é ser capaz de se lembrar sem mágoas. No caso em pauta, inspirado em Jeremias 31.29, significa que, se não é possível esquecer que nossos pais comeram uvas verdes, pelo menos podemos escolher não ficar eternamente com os dentes embotados.
Vivi metade da minha vida em cidade do interior. Sofri e carreguei, durante anos, dolorosas marcas emocionais, fruto do preconceito e discriminação religiosos promovidos por católicos. Porém, no mesmo período, cultivei amizade com outros católicos que jamais trocaria por algumas experimentadas no meio evangélico, inclusive batista. O que quero dizer é que, gente boa e gente ruim existe tanto lá, como cá. Não são as marcas denominacionais que fazem diferença em nossas vidas e nos qualificam como novas criaturas, mas as marcas de Cristo. Não é isso que pregamos?
Devemos reconhecer a herança Católica que carregamos. O nosso "DNA teológico" é católico. Por ignorância histórica, indisposição emocional, estratégia de marketing ou medo de uma eventual crise de identidade, não gostamos de ser lembrados, por exemplo, de que os textos que hoje utilizamos como "regra de fé e prática", contidos na Bíblia, foram escolhidos pela Igreja Católica, em Concílio, usando critérios em torno dos quais não há unanimidade. A verdade que alguns preferem omitir é que foram bispos católicos que definiram e canonizaram os textos que formam nossa velha e amada Bíblia, a partir de um universo maior de textos produzidos antes e depois do início da Era Cristã. Se é verdade que, na Reforma Protestante, uma parcela significativa de cristãos se libertou politicamente do governo, das interpretações e dos dogmas da Igreja Romana, é verdade também que esse segmento continuou cativo dos pressupostos teológicos expressos nos textos que ela - a Igreja Católica - definiu como canônicos. Nem mesmo o "SOLA SCRIPTURA" da Reforma tem hoje, rigorosamente, o mesmo significado que teve para os reformadores.
Não podemos deixar de acreditar no diálogo só porque aqui e acolá ainda são registrados conflitos entre católicos e evangélicos. Afinal, aqui e acolá também ouvimos histórias de arrepiar, de conflitos acirrados no meio evangélico e batista. Nem por isso deixamos de ser evangélicos ou batistas! Confesso, honestamente, que não sinto nenhuma atração pela forma de governo da Igreja Católica, nem por suas doutrinas; da mesma forma, não sinto nenhuma atração pela forma como alguns pastores batistas lideram e doutrinam suas igrejas. (E, certamente, alguns pastores que me conhecem e agora estão lendo o que escrevo dirão que a recíproca é verdadeira!). Mas não nos furtamos ao diálogo!
Lamentavelmente, para se firmar como alternativa cristã no Brasil, nossos antepassados nos educaram como negativos da Igreja Católica, fato que definiu nossa identidade como sendo "reativa". Ainda estamos aprendendo a pregar e viver um evangelho que dispensa um "inimigo". Graças a Deus estamos deixando a autocomiseração e assumindo um papel pró-ativo no modo de pregar e viver o evangelho. Nesse sentido, o diálogo com líderes católicos é um bom sinal. Parafraseando Paulo, aqueles que não se sentem preparados para dialogar não julguem os que dialogam; e os que estão dialogando, não desprezem os que reticentes(Rom. 14.3). "Se for possível, no que depender de vós, tende paz com todos os Homens".(Rom. 12.18). Armas de fogo podem reprimir a violência, mas a paz só se estabelece com diálogo!
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