Divórcio (2005)
Sob o título “evento para ajudar católicos a redescobrirem sua fé”, o jornal West Boca Times, que circula no Sul da Flórida, destacou a desinformação dos fiéis, em torno da possibilidade de retornarem à Igreja Católica, depois do divórcio e novo casamento, como uma das causas de afastamento da igreja.
Como divórcio é assunto que incomoda muita gente, gostaria de pensar sobre ele, dizendo inicialmente que, se divórcio fosse bom, faríamos propaganda para que todos se divorciassem. Divulgaríamos seus benefícios por todos os meios. Não fazemos isso porque sabemos que separação é precedida ou seguida de processo doloroso. Geralmente, uma ou mais das partes – marido, esposa ou filhos - sofre desconfortáveis conseqüências. Assim sendo, não há porque estimulá-lo.
O fato, porém, de acreditarmos que ele não seja, via-de-regra, uma coisa boa, não significa que não seja justo ou, até, necessário. Tanto é assim que Moisés, Jesus e Paulo, cada um em seu contexto histórico, o admitiram.
Moisés percebeu que separação era uma realidade da qual, muita vez, não se poderia fugir. Diferente do profeta ou filósofo que discursa em prol do ideal e raramente testa a praticidade de seu discurso em situações concretas, o administrador e legislador cuida do mundo real. Por isso, creio, Moisés optou pela regulamentação do divórcio.
Regulamentação do divórcio não é causa de divórcio. Apenas possibilita minimizar os efeitos maléficos de relacionamentos inadequados e separações injustas para as mulheres, como no caso dos tempos de Moisés. ( Dt. 24.1-4).
Jesus não era legislador, legalista, nem expôs detalhadamente seu pensamento sobre o divórcio, mas, segundo Mateus, expressou-se sobre o assunto. Ao ser desafiado a posicionar-se diante das alternativas discutidas em seu tempo, seu parecer foi que qualquer motivo não seria motivo para separação. “Pornéia”, porém, seria um justo motivo, uma justa exceção. (O termo grego “pornéia”, traduzido, por exemplo, como imoralidade sexual, adultério ou infidelidade, merece aprofundamento por seus vínculos culturais). (Mt. 5.31).
Ao reconhecer tal exceção, ele não o fez indicando a separação como obrigatória, muito menos emitiu juízo de valor, dizendo ser, o divórcio, a melhor ou pior saída. Seus ensinos nos levam a crer que ele sabia que, até mesmo diante de “pornéia”, o reinício seria possível. Bastava haver sinais de arrependimento, de um lado, e capacidade para perdão, do outro. Porém, se as circunstâncias fossem desfavoráveis a isso, a separação, por “pornéia”, seria justa.
Paulo reconhece uma outra exceção: diferença religiosa. Para ele, o fato do cônjuge incrédulo rejeitar o cristão, legitimaria o divórcio. Conquanto não tenha recomendado a separação por incompatibilidade religiosa, ele reconheceu sua legitimidade. (I Cor. 7.10-15)
Se Moisés, Jesus e Paulo reconheceram exceções, à luz de seus contextos, e se novos contextos geram novas situações que exigem novas respostas, certamente nossa postura não deveria ser diferente. O problema é que as leitoras bíblicas, por falta de aprofundamento hermenêutico, transformam textos isolados em lei, que não admitem exceção. Esse tipo de hermenêutica literalista, legalista e farisaica, porém, seria tema para outra conversa.
Diria, ainda, que, o fato de acreditarmos que divórcio não seja uma boa coisa, não significa que o divorciado deva ser discriminado. Divorciado não é cidadão, muito menos seria cristão, de segunda classe. Os obstáculos que enfrentou em sua vida não são piores do que os que enfrentamos em nossas.
A solução encontrada para seus problemas não são piores, nem melhores, do que as que encontraríamos para os nossos. São soluções diferentes, porém adequadas às possibilidades que seu contexto de vida permitiram. Por isso, o divorciado deve ser acolhido, amado, auxiliado, restaurado e reconduzido à direção de vida que anunciamos, caracterizada por uma relação sincera com Deus, apesar das limitações que a vida nos impõe.
Quanto ao novo casamento, é óbvio que a graça de Deus nunca seria parcial. Se a separação for único remédio, saída menos ruim, não haveria porque permitir o divórcio e impedir novo casamento. A não ser para aqueles que, por ignorância, maldade ou preguiça intelectual, se guiam por um literalismo bíblico cruel. Esses seriam capazes de recomendar a execução de adúlteros (Lev. 20.10), mas, jamais, o divórcio!
Como divórcio é assunto que incomoda muita gente, gostaria de pensar sobre ele, dizendo inicialmente que, se divórcio fosse bom, faríamos propaganda para que todos se divorciassem. Divulgaríamos seus benefícios por todos os meios. Não fazemos isso porque sabemos que separação é precedida ou seguida de processo doloroso. Geralmente, uma ou mais das partes – marido, esposa ou filhos - sofre desconfortáveis conseqüências. Assim sendo, não há porque estimulá-lo.
O fato, porém, de acreditarmos que ele não seja, via-de-regra, uma coisa boa, não significa que não seja justo ou, até, necessário. Tanto é assim que Moisés, Jesus e Paulo, cada um em seu contexto histórico, o admitiram.
Moisés percebeu que separação era uma realidade da qual, muita vez, não se poderia fugir. Diferente do profeta ou filósofo que discursa em prol do ideal e raramente testa a praticidade de seu discurso em situações concretas, o administrador e legislador cuida do mundo real. Por isso, creio, Moisés optou pela regulamentação do divórcio.
Regulamentação do divórcio não é causa de divórcio. Apenas possibilita minimizar os efeitos maléficos de relacionamentos inadequados e separações injustas para as mulheres, como no caso dos tempos de Moisés. ( Dt. 24.1-4).
Jesus não era legislador, legalista, nem expôs detalhadamente seu pensamento sobre o divórcio, mas, segundo Mateus, expressou-se sobre o assunto. Ao ser desafiado a posicionar-se diante das alternativas discutidas em seu tempo, seu parecer foi que qualquer motivo não seria motivo para separação. “Pornéia”, porém, seria um justo motivo, uma justa exceção. (O termo grego “pornéia”, traduzido, por exemplo, como imoralidade sexual, adultério ou infidelidade, merece aprofundamento por seus vínculos culturais). (Mt. 5.31).
Ao reconhecer tal exceção, ele não o fez indicando a separação como obrigatória, muito menos emitiu juízo de valor, dizendo ser, o divórcio, a melhor ou pior saída. Seus ensinos nos levam a crer que ele sabia que, até mesmo diante de “pornéia”, o reinício seria possível. Bastava haver sinais de arrependimento, de um lado, e capacidade para perdão, do outro. Porém, se as circunstâncias fossem desfavoráveis a isso, a separação, por “pornéia”, seria justa.
Paulo reconhece uma outra exceção: diferença religiosa. Para ele, o fato do cônjuge incrédulo rejeitar o cristão, legitimaria o divórcio. Conquanto não tenha recomendado a separação por incompatibilidade religiosa, ele reconheceu sua legitimidade. (I Cor. 7.10-15)
Se Moisés, Jesus e Paulo reconheceram exceções, à luz de seus contextos, e se novos contextos geram novas situações que exigem novas respostas, certamente nossa postura não deveria ser diferente. O problema é que as leitoras bíblicas, por falta de aprofundamento hermenêutico, transformam textos isolados em lei, que não admitem exceção. Esse tipo de hermenêutica literalista, legalista e farisaica, porém, seria tema para outra conversa.
Diria, ainda, que, o fato de acreditarmos que divórcio não seja uma boa coisa, não significa que o divorciado deva ser discriminado. Divorciado não é cidadão, muito menos seria cristão, de segunda classe. Os obstáculos que enfrentou em sua vida não são piores do que os que enfrentamos em nossas.
A solução encontrada para seus problemas não são piores, nem melhores, do que as que encontraríamos para os nossos. São soluções diferentes, porém adequadas às possibilidades que seu contexto de vida permitiram. Por isso, o divorciado deve ser acolhido, amado, auxiliado, restaurado e reconduzido à direção de vida que anunciamos, caracterizada por uma relação sincera com Deus, apesar das limitações que a vida nos impõe.
Quanto ao novo casamento, é óbvio que a graça de Deus nunca seria parcial. Se a separação for único remédio, saída menos ruim, não haveria porque permitir o divórcio e impedir novo casamento. A não ser para aqueles que, por ignorância, maldade ou preguiça intelectual, se guiam por um literalismo bíblico cruel. Esses seriam capazes de recomendar a execução de adúlteros (Lev. 20.10), mas, jamais, o divórcio!
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