Armas de fogo (2005)
Voto sim, mas com reservas!
Não tenho, nem nunca tive arma de fogo. Arrepio-me só de tocar numa e jamais faria apologia em seu favor, especialmente como meio de proteger-se da violência. Sou contrário ao seu uso e defensor da paz. A última vez que me envolvi emocionalmente numa briga corporal foi na porta da escola, por volta dos oito anos de idade, para provar aos colegas que poderia vencer um garoto com o dobro do meu peso.
Reconheço, entretanto, que, no meu caso, a opção por votar SIM no plebiscito do próximo dia 23, é muito mais movida pelo coração do que pela razão. Um coração que sempre foi alimentado a promover a paz, a incentivar a vida, reage naturalmente a qualquer possibilidade, mesmo simbólica, que esteja associada a brigas ou morte. Mas, admito, há diversas questões para as quais ainda não encontrei respostas capazes de apaziguar minha razão.
Se por um lado, o texto do Estatuto do Desarmamento me pareceu ser suficiente, por outro, documentos da Unesco a respeito dos índices históricos de mortes por armas de fogo não deixam clara a relação do comercio legal de armas com tais índices. O que percebi, inclusive lendo documentos disponibilizados por órgãos de segurança pública, é que as mortes registradas são, em sua maior parte, praticada com armas roubadas e não pelos proprietários legais de armas. Em outras palavras, o problema não estaria no comércio, mas na marginalidade que campeia o Brasil.
Se o objetivo da possível proibição do comércio de armas de fogo é reduzir o número de mortes e a informação que se tem é que, na maioria absoluta dos casos, as mortes são produzidas por portadores ilegais e não por armas compradas ilegalmente, qual seria o efeito da proibição? Tal proibição não estimularia mais um tipo de contrabando? Não bastaria, então, a aplicação rigorosa do Estatuto do Desarmamento e fiscalização sistemática?
Se o objetivo é reduzir mortes através de proibições radicais, não seria o caso, também, por uma questão de coerência, de proibir-se a venda de bebidas alcoólicas, por exemplo, responsável por índices tão elevados de mortes, especialmente no trânsito?
Ainda que esteja convicto de ser ilusão pensar que pessoa armada está mais protegida do que desarmada, será que, enquanto a incerteza de que as pessoas estão armadas produz receio nos bandidos, a certeza de que a sociedade está desarmada não os tornaria mais ousados?
Todos sabemos que existência de lei não resolve problemas em nosso país. Veja o caso das drogas, do aborto e do jogo do bicho. São ilegais, mas estão presentes na vida da população. A falta de fiscalização e de agilidade na punição, bem como a impunidade, principalmente para com os que têm dinheiro, alimenta o desrespeito à lei e provoca mais violência do que a venda legal de armas.
Conquanto a possibilidade de responder SIM ao plebiscito produza catarse emocional e, por isso, sensação de paz no coração, receio que, com a continuidade dos índices de morte por arma de fogo, a decepção posterior aumente em função da existência de mais uma proibição legal não coibida na prática.
Chego a pensar que, diferente da campanha de recolhimento de armas, estamos investimos nosso dinheiro e energia em algo – o plebiscito - cujo resultado poderá não se justificar. Estamos investindo com estardalhaço no combate a sintomas, sem que se perceba iniciativas públicas, no combate às causas da violência.
Votarei pelo SIM, mas com reservas. Espero, porém, que qualquer que seja a decisão da maioria, continuemos em busca de soluções adequadas ao problema da violência (inclusive a violência da intolerância intra e inter-religiosa), investindo num continuo estímulo à cultura da paz.
Reconheço, entretanto, que, no meu caso, a opção por votar SIM no plebiscito do próximo dia 23, é muito mais movida pelo coração do que pela razão. Um coração que sempre foi alimentado a promover a paz, a incentivar a vida, reage naturalmente a qualquer possibilidade, mesmo simbólica, que esteja associada a brigas ou morte. Mas, admito, há diversas questões para as quais ainda não encontrei respostas capazes de apaziguar minha razão.
Se por um lado, o texto do Estatuto do Desarmamento me pareceu ser suficiente, por outro, documentos da Unesco a respeito dos índices históricos de mortes por armas de fogo não deixam clara a relação do comercio legal de armas com tais índices. O que percebi, inclusive lendo documentos disponibilizados por órgãos de segurança pública, é que as mortes registradas são, em sua maior parte, praticada com armas roubadas e não pelos proprietários legais de armas. Em outras palavras, o problema não estaria no comércio, mas na marginalidade que campeia o Brasil.
Se o objetivo da possível proibição do comércio de armas de fogo é reduzir o número de mortes e a informação que se tem é que, na maioria absoluta dos casos, as mortes são produzidas por portadores ilegais e não por armas compradas ilegalmente, qual seria o efeito da proibição? Tal proibição não estimularia mais um tipo de contrabando? Não bastaria, então, a aplicação rigorosa do Estatuto do Desarmamento e fiscalização sistemática?
Se o objetivo é reduzir mortes através de proibições radicais, não seria o caso, também, por uma questão de coerência, de proibir-se a venda de bebidas alcoólicas, por exemplo, responsável por índices tão elevados de mortes, especialmente no trânsito?
Ainda que esteja convicto de ser ilusão pensar que pessoa armada está mais protegida do que desarmada, será que, enquanto a incerteza de que as pessoas estão armadas produz receio nos bandidos, a certeza de que a sociedade está desarmada não os tornaria mais ousados?
Todos sabemos que existência de lei não resolve problemas em nosso país. Veja o caso das drogas, do aborto e do jogo do bicho. São ilegais, mas estão presentes na vida da população. A falta de fiscalização e de agilidade na punição, bem como a impunidade, principalmente para com os que têm dinheiro, alimenta o desrespeito à lei e provoca mais violência do que a venda legal de armas.
Conquanto a possibilidade de responder SIM ao plebiscito produza catarse emocional e, por isso, sensação de paz no coração, receio que, com a continuidade dos índices de morte por arma de fogo, a decepção posterior aumente em função da existência de mais uma proibição legal não coibida na prática.
Chego a pensar que, diferente da campanha de recolhimento de armas, estamos investimos nosso dinheiro e energia em algo – o plebiscito - cujo resultado poderá não se justificar. Estamos investindo com estardalhaço no combate a sintomas, sem que se perceba iniciativas públicas, no combate às causas da violência.
Votarei pelo SIM, mas com reservas. Espero, porém, que qualquer que seja a decisão da maioria, continuemos em busca de soluções adequadas ao problema da violência (inclusive a violência da intolerância intra e inter-religiosa), investindo num continuo estímulo à cultura da paz.
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