Escândalo nos Correios (2005)
Estamos, mais uma vez, diante de um gigantesco escândalo envolvendo lideranças nacionais. Como sempre, os políticos são os únicos que aparecem como vilões. A classe empresarial corrupta, principal beneficiária da corrupção, bem como funcionários públicos envolvidos, raramente aparecem. E nós, eleitores, geralmente negamos nossa responsabilidade na história.
Há quem se aproveite do escândalo para descarregar sentimentos contrários ao PT, visando fortalecer, subliminarmente, candidatos adversários à presidência. Outros reafirmam que o mundo jaz no maligno e que todo esforço anticorrupção é vão, já que “nossa esperança está no céu”. Outros, desencantados, desesperançados, destilam uma mistura de cinismo e ironia, vangloriando-se do acerto de seus sentimentos frente aos rumos do país. Outros, ainda, simplesmente discursam em favor da ética, numa espécie de masturbação intelectual que nada produz além do prazer ao orador.
De tanto ouvir, há quase cinqüenta anos, que a solução estaria na conversão de cada brasileiro ao evangelho, mas, acompanhando o crescimento “evangélico” e não percebendo sinais de mudanças na realidade, me ponho a perguntar: seria a postura ética, suficiente para mudar os rumos do país?
Acredito na ética como essencial a mudanças. Digo também, que considero equívoco classificar-se como evangélicos alguns segmentos religiosos não católicos que apresentaram crescimento na última década. Digo ainda que acredito na possibilidade de mudanças no Brasil, diante da experiência de outros países de cultura não protestante ou cristã. O que não acredito é que, para mudanças ocorrerem, seja suficiente se conduzir eticamente, da forma defendida por nós evangélicos.
Mais do que se conduzir eticamente é fundamental que os cristãos sejam estimulados, por exemplo, não somente a escolherem criteriosamente os candidatos apresentados pelos Partidos, mas a filiarem-se a Partidos para participarem dos processos que definem quem serão os candidatos. Partidos dominados por corruptos têm poucas chances de produzirem candidatos honestos.
Não basta se conduzir eticamente para mudar os rumos das coisas. Organizamos eventos que reafirmam valores, mas não discutem alternativas técnicas exeqüíveis para aperfeiçoarmos as estruturas das instituições sociais, de forma que tais valores sejam viabilizados. Está na hora de organizarmos encontros não mais para afirmarmos valores, mas para discutirmos que conhecimentos são necessários para influenciarmos na reestruturação das instituições sociais a fim de que elas sirvam ao bem estar coletivo e não à corrupção ou manutenção de injustiças.
Acredito ainda ser insuficiente se conduzir eticamente, desinformados de que não há mudanças sociais, sem desgastes políticos. Nos tornamos, como igreja, especialistas em cultivar grãos de trigo que não germinam por não serem estimulados a morrerem. “Se o grão de trigo, caindo em terra, ficar só, não dará fruto, mas se morrer...”.
Levantamos bandeiras que tratam do corpo, da sexualidade, da família ou lazer, mas sequer refletimos sobre o efeito da política, da educação, da economia sobre a ética dessas áreas. Quantos levantam bandeiras ligadas à ética na economia ou política. Seria por ignorância ou por comodidade? Seria receio de enfrentar e confrontar interesses poderosos?
Acredito, finalmente, ser insuficiente se conduzir eticamente sem superarmos o sentimento de inferioridade que nos caracteriza socialmente como evangélicos e sem acabarmos com deslumbramentos, encantamento até, diante da presença, em nossas igrejas, de pessoas que ocupam cargos de prestígio ou poder na sociedade.
Tais pessoas, como todo cristão, precisam ser desafiadas a aprofundarem seus conhecimentos das áreas em que atuam, a fim de que influenciem no aperfeiçoamento de suas estruturas organizacionais, em benefício da ética social. Precisam ser estimuladas a agirem eticamente sim, mas também a conhecerem em profundidade o papel social da organização e a se exporem ao desgaste político, se for o caso, a fim de que mudanças aconteçam.
Minha tese, portanto, é que mudanças sociais não acontecerão enquanto estimularmos a ética individual dissociada da social, do conhecimento, especialmente relativo à instituição em que atuamos, e da disposição para desgastar-se. O resto é passatempo religioso!
Há quem se aproveite do escândalo para descarregar sentimentos contrários ao PT, visando fortalecer, subliminarmente, candidatos adversários à presidência. Outros reafirmam que o mundo jaz no maligno e que todo esforço anticorrupção é vão, já que “nossa esperança está no céu”. Outros, desencantados, desesperançados, destilam uma mistura de cinismo e ironia, vangloriando-se do acerto de seus sentimentos frente aos rumos do país. Outros, ainda, simplesmente discursam em favor da ética, numa espécie de masturbação intelectual que nada produz além do prazer ao orador.
De tanto ouvir, há quase cinqüenta anos, que a solução estaria na conversão de cada brasileiro ao evangelho, mas, acompanhando o crescimento “evangélico” e não percebendo sinais de mudanças na realidade, me ponho a perguntar: seria a postura ética, suficiente para mudar os rumos do país?
Acredito na ética como essencial a mudanças. Digo também, que considero equívoco classificar-se como evangélicos alguns segmentos religiosos não católicos que apresentaram crescimento na última década. Digo ainda que acredito na possibilidade de mudanças no Brasil, diante da experiência de outros países de cultura não protestante ou cristã. O que não acredito é que, para mudanças ocorrerem, seja suficiente se conduzir eticamente, da forma defendida por nós evangélicos.
Mais do que se conduzir eticamente é fundamental que os cristãos sejam estimulados, por exemplo, não somente a escolherem criteriosamente os candidatos apresentados pelos Partidos, mas a filiarem-se a Partidos para participarem dos processos que definem quem serão os candidatos. Partidos dominados por corruptos têm poucas chances de produzirem candidatos honestos.
Não basta se conduzir eticamente para mudar os rumos das coisas. Organizamos eventos que reafirmam valores, mas não discutem alternativas técnicas exeqüíveis para aperfeiçoarmos as estruturas das instituições sociais, de forma que tais valores sejam viabilizados. Está na hora de organizarmos encontros não mais para afirmarmos valores, mas para discutirmos que conhecimentos são necessários para influenciarmos na reestruturação das instituições sociais a fim de que elas sirvam ao bem estar coletivo e não à corrupção ou manutenção de injustiças.
Acredito ainda ser insuficiente se conduzir eticamente, desinformados de que não há mudanças sociais, sem desgastes políticos. Nos tornamos, como igreja, especialistas em cultivar grãos de trigo que não germinam por não serem estimulados a morrerem. “Se o grão de trigo, caindo em terra, ficar só, não dará fruto, mas se morrer...”.
Levantamos bandeiras que tratam do corpo, da sexualidade, da família ou lazer, mas sequer refletimos sobre o efeito da política, da educação, da economia sobre a ética dessas áreas. Quantos levantam bandeiras ligadas à ética na economia ou política. Seria por ignorância ou por comodidade? Seria receio de enfrentar e confrontar interesses poderosos?
Acredito, finalmente, ser insuficiente se conduzir eticamente sem superarmos o sentimento de inferioridade que nos caracteriza socialmente como evangélicos e sem acabarmos com deslumbramentos, encantamento até, diante da presença, em nossas igrejas, de pessoas que ocupam cargos de prestígio ou poder na sociedade.
Tais pessoas, como todo cristão, precisam ser desafiadas a aprofundarem seus conhecimentos das áreas em que atuam, a fim de que influenciem no aperfeiçoamento de suas estruturas organizacionais, em benefício da ética social. Precisam ser estimuladas a agirem eticamente sim, mas também a conhecerem em profundidade o papel social da organização e a se exporem ao desgaste político, se for o caso, a fim de que mudanças aconteçam.
Minha tese, portanto, é que mudanças sociais não acontecerão enquanto estimularmos a ética individual dissociada da social, do conhecimento, especialmente relativo à instituição em que atuamos, e da disposição para desgastar-se. O resto é passatempo religioso!
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