sexta-feira, 31 de julho de 2009

Momento de oração (2005)

Eis que me ponho de joelhos perante o criador em um momento de oração. E começo a indagar-me sobre o que falarei com o senhor do universo, o todo poderoso, nesta oportunidade tão solene que me é concedida de dirigir-lhe a palavra. E pensando em todo o poder que está em suas mãos, entro em crise sobre o que deveria falar.

Os joelhos se sentem desconfortáveis e me desestimulam a prosseguir. Penso então no porquê de estar ajoelhado, mas imediatamente deixo de lado tal questionamento. Continuo a perguntar-me: o que devo dizer ao excelentíssimo nesta ocasião? Deveria pedir pela harmonia entre os seres humanos? Por justiça social? Por amor? Deveria levar diante dele minhas necessidades particulares?

Eis que de repente sinto-me intrigado comigo mesmo. O universo é imenso, o planeta tem tantos problemas e eu aqui querendo que Ele resolva os meus. Afinal, o que significo diante da imensidão da Terra e do Universo?

Desisto de continuar com tais questionamentos. Paro. Decido apenas contemplar. Pensar em sua majestade. Pensar na maravilha de sua criação. Pensar na beleza daquilo que Ele fez. Pensar no mistério que ele representa. E diante disso fico como que encantado, apaixonado.

Penso novamente no que deveria dizer-lhe. Então o PAI NOSSO me vem à mente. Foi Jesus quem disse que deveríamos fazer tal prece. Lembrei-me das repetições ensinadas na Igreja Católica. Não estaria ela certa ao ensinar a repetição, afinal, pra quem não sabe o que dizer, melhor é dizer o que o Senhor Jesus disse que deveríamos dizer. Não prossigo com o raciocínio. Rezo o Pai Nosso. Sinto-me bem ao faze-lo. Mas como aprendi que posso falar, decido então falar do que sinto.

Gláucia me vem à mente. Agradeço a Deus pelos momentos bons e ruins, agradáveis e desagradáveis pelos quais passamos ao longo das mais de duas décadas de convivência. Reflito no quanto crescemos individualmente e na relação. Em como experimentamos juntos momentos de alegria ou tristeza, de saúde ou doença, de riqueza ou pobreza. Em como o doce e o amargo se misturaram em nossa caminhada. Louvo então o criador pela possibilidade de amar e sentir-me amado.

E como não poderia deixar de ser, como que num desencadear de pontos cerebrais, os filhos aparecem na oração. O pensamento voa, atravessa o oceano e chega à Dinamarca. Oro por meu filho e suas questões existenciais. Preocupo-me pela ausência de igreja no lugar onde reside, mas me alegro por saber que no Natal, entoará JESUS, ALEGRIA DOS HOMENS, com o coro de sua escola. De volta às Américas, penso na filha, engajada no Pageant apresentado pela First Baptist Church of Fort Lauderdale. Peço proteção do Supremo para ambos.

De volta ao Brasil, a igreja da qual sou membro passa pela minha mente. Começo a interceder por ela. Já não peço que Deus me abençoe como pastor, mas que manifeste sua graça e misericórdia pela Igreja, apesar do pastor. Deixo as imagens de membros e situações relacionadas à igreja dominarem o pensamento. E vou colocando cada um deles diante do Senhor dos Senhores.

Sem me preocupar em tentar disciplinar as idéias ou sentimentos, lembranças de amigos começam a borbulhar. Como numa seqüência de fotografias num data-show, eis que vão aparecendo um após outro. Todos aparecem com um sorriso no rosto. É como se meu desejo fosse que todos estivessem felizes. De repente as imagens dão lugar a reflexão e começo a avaliar, diante do Rei dos Reis, o tipo de amigo que sou e como passo meses sem dar um telefone àqueles que tanto me fazem bem. Mas não me culpo, nem faço promessas de mudar. Apenas me comprometo a continuar acalentando tais lembranças na alma e pedindo ao onipotente que os abençoe.

Penso no Natal. Agradeço por Jesus. Não há palavras para expressar os sentimentos. Nele, o mistério da criação se repete. Eis-me novamente diante do mistério. As palavras desaparecem. Permanece, mais uma vez, o encanto e o sentimento de comunhão. Sinto-me revigorado. Levanto-me decidido a continuar tentando amar.

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