Descentralização e participação no ministério pastoral (2001)
O primeiro exemplo de descentralização e participação no exercício do ministério se deu em Jerusalém, quando do surgimento de murmurações no seio da igreja. De forma participativa a igreja aprovou que os apóstolos se dedicariam à palavra e à oração enquanto um grupo de discípulos cuidaria da resolução dos problemas sociais da comunidade(At. 6.2-5). Esse exemplo e outros pressupostos teológicos transformaram a democracia num marco institucional batista. Na prática, porém, os pastores centralizam em si as atividades da igreja, se não plenamente em termos de execução, pelo menos em termos de definição de políticas de atuação.
Tanto isso é verdade que, aos pastores, sempre coube a responsabilidade de administrar, pregar, evangelizar, educar, visitar, aconselhar, organizar os eventos, definir ajuda financeira a carentes e até executar obras patrimoniais. As assembléias das igrejas geralmente servem muito mais para aprovar as propostas pastorais do que para discutir e encontrar, de forma participativa, caminhos para o desenvolvimento comunitário. Em função disso, a igreja tem passado boa parte da história ou assistindo o que o pastor faz ou fazendo o que o pastor quer e crescido menos do que poderia.
Nos anos 60 e 70, enquanto o país vivia a experiência militar de concentração do poder político, crescia nas igrejas protestantes o Movimento Carismático e, na Igreja Católica, a Teologia da Libertação. Enquanto o Movimento Carismático fortalecia a figura do pastor, como a de um sacerdote-general, à frente de um ministério místico, manipulador e centralizador, seguindo o modelo político vigente, as Comunidades Eclesiais de Base, norteadas pela Teologia da Libertação, reagiam ao militarismo que tomava conta do país. Esses dois movimentos influenciaram o surgimento do modelo ministerial conhecido como "multiministérios", precursor de um ministério pastoral descentralizado e participativo, crescente nas igrejas hoje.
As igrejas, entretanto, não sofrem influência somente de movimentos teológicos. O contexto sócio-cultural no qual estão inseridas influenciam mais do que elas admitem.. A evolução do significado de participação no Brasil, entre 1964 e 1985, segundo a Profª Célia Tavares, da UFPE, em termos educacionais, evidenciam isso, senão vejamos:
1964 - A participação é tomada como um meio de garantir a adesão dos agentes envolvidos;
1964-1967 - A ênfase é na ampliação da intervenção do Estado e redução na participação da sociedade;
1967-1970 - A participação dos sindicatos de professores limitou-se à execução, sem envolvimento nas decisões políticas relativas à condução do sistema educacional;
1970-1973 - Diante do milagre econômico brasileiro, o eixo da participação foi deslocado do político para o econômico;
1972-1974 - À participação cabia mediar e facilitar as relações entre a educação e o mundo da produção;
1975-1979 - O enfoque se desloca do econômico para o político; a participação começa a figurar como uma dimensão a ser absorvida pelo planejamento, que assume duplo enfoque:
1. Contempla a necessidade de articulação entre programas/órgãos/instituições;
2. O sentido da participação é apreendido na ênfase concedida às ações ratificadoras da modernização. Participação é explicitada em termos de articulação integral das atividades em função dos objetivos da política;
1980 - A descentralização e a participação são enfatizadas, visando a melhoria das condições de vida da população;
1980-1985 - A participação é a grande tônica. Nasce o Planejamento participativo que confere à população a possibilidade de intervir na definição e execução da política educacional. Enfatiza-se a necessidade de recuperar a participação das bases tanto na linha de criação e de condução dos programas, quanto na linha de controle e avaliação.
Nas igrejas de classe média, em que a membrezia interage mais ativamente com a cultura e, consequentemente, tem maior consciência de como se dá o jogo de poder nas relações sociais, a exigência de participação é maior. Se o pastor assume uma postura de sacerdote-general, as formas de resistência se estabelecem, ainda que de forma silenciosa, podendo ser percebidas quando se faz uma análise mais profunda do crescimento da igreja ou quando emergem conflitos que culminam com a saída do obreiro ou com uma divisão.
O exercício de um ministério descentralizado e participativo é uma afirmação de princípios neo-testamentários, acelera o crescimento natural da igreja e abre caminhos para uma maior penetração do evangelho, especialmente nas classes média e alta cuja presença batista precisa aumentar.
Tanto isso é verdade que, aos pastores, sempre coube a responsabilidade de administrar, pregar, evangelizar, educar, visitar, aconselhar, organizar os eventos, definir ajuda financeira a carentes e até executar obras patrimoniais. As assembléias das igrejas geralmente servem muito mais para aprovar as propostas pastorais do que para discutir e encontrar, de forma participativa, caminhos para o desenvolvimento comunitário. Em função disso, a igreja tem passado boa parte da história ou assistindo o que o pastor faz ou fazendo o que o pastor quer e crescido menos do que poderia.
Nos anos 60 e 70, enquanto o país vivia a experiência militar de concentração do poder político, crescia nas igrejas protestantes o Movimento Carismático e, na Igreja Católica, a Teologia da Libertação. Enquanto o Movimento Carismático fortalecia a figura do pastor, como a de um sacerdote-general, à frente de um ministério místico, manipulador e centralizador, seguindo o modelo político vigente, as Comunidades Eclesiais de Base, norteadas pela Teologia da Libertação, reagiam ao militarismo que tomava conta do país. Esses dois movimentos influenciaram o surgimento do modelo ministerial conhecido como "multiministérios", precursor de um ministério pastoral descentralizado e participativo, crescente nas igrejas hoje.
As igrejas, entretanto, não sofrem influência somente de movimentos teológicos. O contexto sócio-cultural no qual estão inseridas influenciam mais do que elas admitem.. A evolução do significado de participação no Brasil, entre 1964 e 1985, segundo a Profª Célia Tavares, da UFPE, em termos educacionais, evidenciam isso, senão vejamos:
1964 - A participação é tomada como um meio de garantir a adesão dos agentes envolvidos;
1964-1967 - A ênfase é na ampliação da intervenção do Estado e redução na participação da sociedade;
1967-1970 - A participação dos sindicatos de professores limitou-se à execução, sem envolvimento nas decisões políticas relativas à condução do sistema educacional;
1970-1973 - Diante do milagre econômico brasileiro, o eixo da participação foi deslocado do político para o econômico;
1972-1974 - À participação cabia mediar e facilitar as relações entre a educação e o mundo da produção;
1975-1979 - O enfoque se desloca do econômico para o político; a participação começa a figurar como uma dimensão a ser absorvida pelo planejamento, que assume duplo enfoque:
1. Contempla a necessidade de articulação entre programas/órgãos/instituições;
2. O sentido da participação é apreendido na ênfase concedida às ações ratificadoras da modernização. Participação é explicitada em termos de articulação integral das atividades em função dos objetivos da política;
1980 - A descentralização e a participação são enfatizadas, visando a melhoria das condições de vida da população;
1980-1985 - A participação é a grande tônica. Nasce o Planejamento participativo que confere à população a possibilidade de intervir na definição e execução da política educacional. Enfatiza-se a necessidade de recuperar a participação das bases tanto na linha de criação e de condução dos programas, quanto na linha de controle e avaliação.
Nas igrejas de classe média, em que a membrezia interage mais ativamente com a cultura e, consequentemente, tem maior consciência de como se dá o jogo de poder nas relações sociais, a exigência de participação é maior. Se o pastor assume uma postura de sacerdote-general, as formas de resistência se estabelecem, ainda que de forma silenciosa, podendo ser percebidas quando se faz uma análise mais profunda do crescimento da igreja ou quando emergem conflitos que culminam com a saída do obreiro ou com uma divisão.
O exercício de um ministério descentralizado e participativo é uma afirmação de princípios neo-testamentários, acelera o crescimento natural da igreja e abre caminhos para uma maior penetração do evangelho, especialmente nas classes média e alta cuja presença batista precisa aumentar.
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