sexta-feira, 31 de julho de 2009

Na onda do Orkut (2005)

Tornei-me um “orkuteiro”, não posso negar! Que me iniciou foi minha filha, quando ainda morávamos na Flórida. Na época, esta Rede de Relacionamentos (www.orkut.com) que leva o nome do seu criador, funcionava somente em inglês. Porém, com a explosão da adesão dos brasileiros, imediatamente o sistema passou a ser rodado em português. Hoje, com 9 milhões de associados em todo o mundo, tornou-se uma verdadeira febre nacional.

A filiação ao sistema não se dá por iniciativa exclusiva da pessoa. A inclusão é possível, somente através de convite feito por participante. Uma vez incluído, há uma infinidade de comunidades virtuais as quais se pode aderir. Religião, esportes, sexo, literatura, política, enfim, são áreas em torno das quais pessoas, com interesses comuns, se conhecem, se atualizam, discutem temas, se cumprimentam no aniversário, enviam recados...

Resolvi usar esta ferramenta como veículo de ampliação e solidificação de relacionamentos, de estudo bíblico e de incentivo ao debate sobre vários assuntos, especialmente com jovens da Igreja que pastoreio. Navegando por comunidades de igrejas, descobri que em poucas o debate tem sido tão fervoroso, polêmico e construtivo como na da Igreja Batista da Graça

Criei duas comunidades de estudos bíblicos nos quais os participantes são os comentaristas. Neles uns ajudam os outros a entender e aplicar os ensinos das Escrituras. O primeiro com mais de uma centena de participantes, é o texto da Carta de Paulo aos Gálatas. O outro, uma proposta de destaques sobre liderança, a partir do texto de Neemias.

Além dos associados, é incalculável o número de pessoas que podem visitar as comunidades apenas para leitura do que está, como dizem os jovens, rolando.

O que me levou a escrever sobre este assunto, porém, foi a informação de que, em determinada igreja que usa a marca batista, mas cultiva princípios e práticas que fogem aos postulados históricos de nossa denominação, um “apóstolo” demonizou esta ferramenta, proibindo os membros de “sua” igreja de se associarem ao Orkut.

O curioso foi que o motivo alegado para tal proibição não foi o perigo eventual de crentes se associarem a comunidades cuja ênfase seria o erotismo depravado, o uso de drogas e outros malefícios. Segundo ele, a comunidade de nossa igreja estaria estimulando o alcoolismo.

Na verdade o tema “uso de bebida alcoólica” entrou em debate em nossa comunidade e no pleno exercício da liberdade de expressão individual, opiniões divergentes foram registradas, como soe acontecer sobre todo tipo de tema ético. Qualquer leitor atento, porém, perceberá que a ideologia dominante no debate tem sido de desestimulo ao uso de álcool.

Diante disso, lembrei-me do tempo em que crente era proibido de ir ao cinema, ao teatro, de ouvir músicas populares, assistir televisão ou até mesmo ler “gibis”. Por se tratarem de veículos cujo controle das informações e ideologias veiculadas estavam fora do controle das igrejas, parecia mais fácil proibir o contato com eles do que ensinar os crentes a serem capazes, se fosse o caso, de examinarem tudo, retendo o que fosse bom.

Agora, diante de uma interessante ferramenta que democratiza a expressão da opinião e pode ser um meio importante de construção do conhecimento, os dominadores de plantão aparecem lutando para não perder o controle da mente de “seus” fiéis e de mantê-los cativos ao seu modo de enxergar o mundo.

A história se repete. Mudam-se somente os personagens, as ferramentas, a época e os lugares!

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