Pastores ou executivos? (2004)
Um reflexão sobre o conflito entre economia e espiritualidade na igreja
O pastorado está sendo contaminado e engolido pela economia da religião. Evidência disso é a centralização da atenção ministerial em números, estatísticas e megalomania patrimonial. Aumentar a qualquer preço a quantidade de clientes nos cultos é a meta prioritária, sendo secundário se, no dia-a-dia, tais pessoas continuam vivendo na UTI da existência.
Diante disso um novo perfil de pastor está sendo exigido: o de especialista em propaganda e venda de promessas vãs. Pastores preparados para apascentar, que usa cajado e vara, com inteligência, conhecimento e amor, em favor da libertação das pessoas têm poucas chances de serem requisitados neste novo mercado eclesiástico.
Nos templos deste novo mercado, os discursos e celebrações são aparentemente libertadores, pela catarse emocional proporcionada, mas, de fato, são verdadeiros “afeganistões” de ópio. O discurso pseudo-missionário de “povoar o céu” é nocivo, na medida em que é desprovido de métodos e motivações espirituais. (Por favor, não venham com jargões, dizendo que o que importa é que o evangelho seja pregado, descontextualizando as palavras paulinas!)
Quando necessitam de pastor, igrejas do neoliberalismo religioso usam “critérios claramente empresariais”, como escreveu Rubem Alves (Dogmatismo e Tolerância, Ed. Paulinas, SP, 1982). Tais critérios visam selecionar, no mercado, aqueles que demonstram ser mais capazes na condução dos negócios da igreja.
Ao permitir que a função ministerial seja transformada na de um empresário da fé, o pastor se desqualifica para excercer sua vocação espiritual e minimiza sua capacidade de oferecer respostas adequadas para problemas das demais dimensões da vida. Então, diante dos crescentes e complicados problemas humanos, o uso de respostas superficiais - ação demoníaca para tudo, por exemplo – torna-se cada vez mais comum.
Alguns pastores entram nessa “roda viva” sem perceber que suas ações são mais econômicas do que espirituais. Cedendo à pressão no sentido de apresentarem resultados relativos a aumento de adeptos, templos, congregações ou dinheiro, deixam em segundo plano a missão de ajudar pessoas à administrarem suas vidas de tal forma que priorizem o cultivo da espiritualidade e manifestações de solidariedade.
Não defendo que pastores devem virar eremitas ou se trancarem num mosteiro. A idéia é que tenhamos clareza das diferenças entre Pastor e Executivo, a fim de que não nos deixemos pisotear pelo rolo compressor da economia. Devemos nos capacitar para interagir com todas as dimensões da vida, sem perder de vista o eixo em torno do qual gira nossa atividade.
Pastores precisam de mais tempo para oração, meditação bíblica e reflexão. Para oração, porque temos muito a dizer a Deus a respeito do que se passa em nossas vidas, famílias, igrejas e comunidades. Meditação bíblica, porque não há na face da terra coletânia inspirada e tão rica de textos que registrem tantas e tão diferenciadas experiêncais humanas com Deus. Reflexão, porque na avaliação crítica do que praticamos, dizemos e lemos está a chave para modificarmos a realidade interna e externa de nossas vidas.
Esse tempo, aos olhos dos economistas da religião é improdutivo. Imaginem: enquanto os membros da igreja ganham o pão de cada dia através da produção de bens e serviços, o pastor trabalha no campo da espiritualidade, isolando-se num escritório, usando parte do tempo para ler, orar e meditar. Isso, para supervisores da linha de produção da fé é vagabundagem, é vida fácil! Trabalho mesmo, dizem, é o deles que resulta em produção material ou aumento de capital.
Levantar a voz em defesa de igrejas caracterizadas por espiritualidade não empresarial é um imperativo se quizermos ajudar a reduzir a massa de infelizes, sufocados dentro das paredes da religião. Do contrário, em vez de libertação, seremos agentes de enganação, exploração e opressão. Por isso, é fundamental diferenciarmos atividades espirituais de econômicas em nossa ação pastoral.
O pastorado está sendo contaminado e engolido pela economia da religião. Evidência disso é a centralização da atenção ministerial em números, estatísticas e megalomania patrimonial. Aumentar a qualquer preço a quantidade de clientes nos cultos é a meta prioritária, sendo secundário se, no dia-a-dia, tais pessoas continuam vivendo na UTI da existência.
Diante disso um novo perfil de pastor está sendo exigido: o de especialista em propaganda e venda de promessas vãs. Pastores preparados para apascentar, que usa cajado e vara, com inteligência, conhecimento e amor, em favor da libertação das pessoas têm poucas chances de serem requisitados neste novo mercado eclesiástico.
Nos templos deste novo mercado, os discursos e celebrações são aparentemente libertadores, pela catarse emocional proporcionada, mas, de fato, são verdadeiros “afeganistões” de ópio. O discurso pseudo-missionário de “povoar o céu” é nocivo, na medida em que é desprovido de métodos e motivações espirituais. (Por favor, não venham com jargões, dizendo que o que importa é que o evangelho seja pregado, descontextualizando as palavras paulinas!)
Quando necessitam de pastor, igrejas do neoliberalismo religioso usam “critérios claramente empresariais”, como escreveu Rubem Alves (Dogmatismo e Tolerância, Ed. Paulinas, SP, 1982). Tais critérios visam selecionar, no mercado, aqueles que demonstram ser mais capazes na condução dos negócios da igreja.
Ao permitir que a função ministerial seja transformada na de um empresário da fé, o pastor se desqualifica para excercer sua vocação espiritual e minimiza sua capacidade de oferecer respostas adequadas para problemas das demais dimensões da vida. Então, diante dos crescentes e complicados problemas humanos, o uso de respostas superficiais - ação demoníaca para tudo, por exemplo – torna-se cada vez mais comum.
Alguns pastores entram nessa “roda viva” sem perceber que suas ações são mais econômicas do que espirituais. Cedendo à pressão no sentido de apresentarem resultados relativos a aumento de adeptos, templos, congregações ou dinheiro, deixam em segundo plano a missão de ajudar pessoas à administrarem suas vidas de tal forma que priorizem o cultivo da espiritualidade e manifestações de solidariedade.
Não defendo que pastores devem virar eremitas ou se trancarem num mosteiro. A idéia é que tenhamos clareza das diferenças entre Pastor e Executivo, a fim de que não nos deixemos pisotear pelo rolo compressor da economia. Devemos nos capacitar para interagir com todas as dimensões da vida, sem perder de vista o eixo em torno do qual gira nossa atividade.
Pastores precisam de mais tempo para oração, meditação bíblica e reflexão. Para oração, porque temos muito a dizer a Deus a respeito do que se passa em nossas vidas, famílias, igrejas e comunidades. Meditação bíblica, porque não há na face da terra coletânia inspirada e tão rica de textos que registrem tantas e tão diferenciadas experiêncais humanas com Deus. Reflexão, porque na avaliação crítica do que praticamos, dizemos e lemos está a chave para modificarmos a realidade interna e externa de nossas vidas.
Esse tempo, aos olhos dos economistas da religião é improdutivo. Imaginem: enquanto os membros da igreja ganham o pão de cada dia através da produção de bens e serviços, o pastor trabalha no campo da espiritualidade, isolando-se num escritório, usando parte do tempo para ler, orar e meditar. Isso, para supervisores da linha de produção da fé é vagabundagem, é vida fácil! Trabalho mesmo, dizem, é o deles que resulta em produção material ou aumento de capital.
Levantar a voz em defesa de igrejas caracterizadas por espiritualidade não empresarial é um imperativo se quizermos ajudar a reduzir a massa de infelizes, sufocados dentro das paredes da religião. Do contrário, em vez de libertação, seremos agentes de enganação, exploração e opressão. Por isso, é fundamental diferenciarmos atividades espirituais de econômicas em nossa ação pastoral.
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