sexta-feira, 31 de julho de 2009

Protesto contra discriminação dos evangélicos (2000)

Durante toda a sua história, os evangélicos brasileiros foram vítimas de manifestações explícitas de discriminação na sociedade. Antigamente era até compreensível: por um lado, o país tinha uma religião oficial e a "democracia" era restrita; por outro, os próprios evangélicos com suas idiossincrasias, geravam reações contra si. Os tempos passaram, o monopólio religioso deixou de ser constitucional, brisas de democracia começaram a soprar, evangélicos passaram a se destacar por sua contribuição social porém, os resquícios da discriminação continuaram e continuam presentes.

Não é simples diferenciar se a discriminação se dá pelo espírito competitivo e preconceitos religiosos introjetados culturalmente nas pessoas; se é resultado de uma estratégia de marketing de guerra ou de desespero capitaneada por alguns que não aceitam a perda da hegemonia religiosa ou se, simplesmente, é fruto do desinteresse político daqueles que vêem na estrutura eclesiológica dos evangélicos, um obstáculo à dominação. Seja qual for o motivo, o fato é que a discriminação continua e pode ser constatada, com um pouco de atenção, especialmente na forma como certas notícias são veiculadas na imprensa.

O uso de dois pesos e duas medidas tem sido uma constante na associação do nome "evangélico" a personalidades de destaque. Se a personalidade é respeitada socialmente, omite-se qualquer vinculo que haja, com o mundo evangélico; se é criminosa, a associação ganha destaque. Por exemplo: por ocasião do centenário de Gilberto Freire, os principais veículos de comunicação, em alguns casos de forma gritante, omitiram a orientação evangélico-batista que norteou a formação do referido sociólogo, ex-aluno do Colégio Americano Batista, no Recife e a influência deste Colégio na sua ida aos Estados Unidos para estudos de nível superior. Outro exemplo tem sido o caso de Ariano Suassuna. Conquanto Ariano não esconda sua condição de ex-aluno, também do referido Colégio, geralmente a imprensa destaca somente sua passagem posterior, pelo Ginásio Pernambucano.

Porém, se associar ao mundo evangélico, o nome de personalidades respeitadas socialmente, parece ser intragável para alguns, o mesmo não ocorre quando se trata de criminosos. Tem sido comum a publicação de notícias - manchetes até - associando o nome "evangélico" a criminosos. É o caso recente do pedófilo que esquartejava meninos ou do deputado carioca que está arrumando emprego para o traficante Escadinha. Por que não se faz o mesmo com todos os criminosos, identificando sua orientação religiosa? Alguém sabe, por exemplo, a orientação religiosa do Juiz ou do Senador envolvidos no escândalo do TRT de São Paulo? ou do Deputado cassado e preso por envolvimento com o tráfico de drogas? ou do diretor de jornal que assassinou a ex-namorada em São Paulo? ou do banqueiro que fugiu para a Itália "protegido" por um Habeas Corpus? Não! Por que então, a discriminação dos evangélicos?

Certo evangélico, numa espécie de mecanismo psicológico de defesa, para amenizar a dor de ver sua identidade sendo denegrida, explicou que o motivo do destaque da orientação religiosa de criminosos dito evangélicos, se deve ao fato de que, ao longo da história, ser evangélico sempre foi sinônimo de honestidade, de retidão, de bons costumes... Portanto, por ser exceção, causaria "ibope", um criminoso ser identificado como evangélico. Isto explica mas não justifica. O que estamos contestando não é o fato extraordinário que representa um evangélico cometer ou não deslizes (especialmente depois que o conceito de evangélico foi elastecido, significando qualquer grupo religioso não alinhado com Roma). Nossa contestação é à forma discriminatória, sutil, como este modo de ser cristão - sendo evangélico - tem sido tratado por alguns segmentos da imprensa; nosso protesto é contra a presença crescente de ranços discriminatórios "no teclado" de alguns jornalistas.

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