sexta-feira, 31 de julho de 2009

A um passo do olho por olho...físico (2005)

“Assíria não tem intenção de deixar a Igreja Batista, mas vai adotar preceitos judaicos em casa – a começar pela circuncisão do filho Joshua, 8 anos...” (Revista Veja, 26.01.2005, p. 76)

Coloco os pés em terras baianas, as mãos numa revista de circulação nacional e me deparo com a notícia acima. A informação não seria destaque na imprensa, se não estivesse relacionada à esposa de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, nem chamaria minha atenção, se não tratasse de pessoa com vínculos batistas. Assim, “santista” desde a era Pelé e batista “desde o ventre de minha mãe”, interessei-me logo pelo assunto.

Não pretendo colocar na berlinda a pessoa de Assíria ou questões políticas relacionadas a Israel. O foco é o problema teológico que emerge da referida afirmação, retrato de um fenômeno religioso crescente em nossos dias: a judaização do cristianismo.

Tenho a impressão de que esse fenômeno ganhou impulso a partir da formação do Estado de Israel. Devido à força econômica dos judeus residentes nos Estados Unidos e do uso da religião como amparo ideológico a ações políticas, a valorização teológica de Israel, para consolidar a formação do referido Estado, ganhou força própria.

Observa-se a partir da segunda metade do século passado, uma produção massiva de livros, revistas e textos avulsos relacionada aos judeus. Alem disso, Israel cria toda uma estrutura de turismo religioso, “embasada biblicamente”, dando origem `as romarias, inclusive evangélicas, aquele pais. As empresas de turismo passaram a usar pastores famosos como cicerones, atrairam clientela para viagens turístico-religiosas, aumentaram seus lucros e a teologia do Velho Testamento conquistou ainda mais o coracao do povo.

Paralelamente a isso, se desenvolveu um processo de bibliolatria sem precendentes. Para muitos, Jesus Cristo deixou de ser a chave hermenêutica de interpretacao da Bíblia. A expressão “a Biblia interpreta a propria Bíblia”, cujo significado poucos conseguem esclarecer de forma convincente, tornou-se um chavão com aparência de espiritualidade, mas de efeitos obscurantistas, medievais, incalculaveis.

Diante disso, morro de saudade de David Mein que defendia com ampla e sólida argumentação, ao ensinar Novo Testamento, que a Bíblia era nossa regra de fé e pratica, desde que interpretada `a luz do ministério de Jesus Cristo, registrado no Novo Testamento.

O caso de Assíria ‘e peixe miúdo diante, por exemplo, da multidão de pessoas que, dentro de um templo de igreja dita evang’elica, passa em fila por debaixo de uma tenda inspirada na Tenda do Encontro (Ex. 33.7-11), visando alcan’car prosperidade material e saúde física. Peixe graúdo seria a justificativa teológica das guerras com base nas carnificinas horrorosas, praticadas pelos lideres de Israel, em nome de Deus, no tempos da forma’cao dos textos sagrados judaicos.

Sou daqueles que defendem o direito das pessoas de crerem no que e da forma que desejarem. Respeitada a saúde individual e social – e, em tese, as leis existem para preservar isso – cada pessoa deve ser responsável, diante de Deus, por suas crencas. Porem, quando vejo casos como o de Assíria, falando em mesclar fé batista com preceitos judaicos ou a exploração comercial da fé através do uso de símbolos vetero-testamentarios fico chocado.

Penso que estamos precisando urgente de duas coisas: tornar mais acessível ao povo, pressupostos hermenêuticos que n~ao obscurecem a fe e, paralelamente, de um mergulho na carta de Paulo aos G’alatas. Se não fizermos isso, veremos em breve, sob justificativa b’iblica, a restaura’cao da pratica f’isica do olho por olho, dente por dente...(Dt. 19.21). Digo física, pois a psicol’ogica e política j’a foram restauradas e estão em pleno desenvolvimento.

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