quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cartão Vermelho para todos nós

Os dias estão maus
"Convém que ele cresça e que eu diminua"
(João, o batista)

Se estão piores do que os dos tempos da minha avó, não posso afirmar, afinal, não estava na pele dela em seus dias. Posso dizer, entretanto, que vivemos dias maus e isso sentimos no coração.

O covil de ladrões no qual se transformaram as assembléias legislativas, com destaque para o Senado Federal, demonstra que já não se rouba por uma questão de sobrevivência, mas pela simples adoração ao (poder do) dinheiro.



Fala-se em roubo de milhões com a mesma desenvoltura com que um faminto balbucia a palavra pão. Pior: quem rouba um óculos passa cinco anos na cadeia e quem assalta os cofres públicos continua coronelando.


A religião já fez sua escolha: Mamon é deus. O Deus de Israel, Isac e Jacó tornou-se simples detalhe. Na verdade, foi transformado num eficiente meio - símbolo - de arrecadação daqueles que, aproveitando-se de momentos de fragilidade a que todos estamos sujeitos, iludem, mentem e assaltam bolsos laçando corações.


O mais importante em parcela de igrejas não é mais a reflexão teológica em torno da Bíblia para identificar qual seria a vontade de Deus para nossa caminhada comunitária. O que vale é estudar o mercado para identificar quais seriam as necessidades das pessoas e com elas fazer uma troca: plantamos um discurso agradável em seus ouvidos e elas plantam suas moedas em nossos gasofilácios.


Claro, precisamos de dinheiro, afinal, ele rege o sistema econômico em nossa sociedade. A questão é que o elevamos à condição de deus, tornando-o parâmetro de sucesso individual e social, símbolo de prestígio e poder.


O poder não é mais conferido pela quantidade de pessoas que apóiam determinado projeto, mas pela quantidade de dinheiro que possui aqueles que querem estar à frente dos (seus) projetos. (Sim, o dinheiro nos possui!).


As igrejas não estão fazendo diferença simplesmente porque Cristo deixou de ser a razão de sua existência. O partidarismo, fruto da prevalescência de interesses particulares sobre os públicos, dominam nossas relações internas.


Jesus é a palavra que menos ouvimos em nossas reuniões “de negócios”. Seus valores e sentimentos são o que menos se percebe em nossas atitudes, palavras ou ações. As disputas, entre nós, por cargos, verbas orçamentárias, espaços físicos ou posições políticas só não são vergonhosas porque vergonha é algo que perdemos há tempo.


Tudo isso por uma simples razão: nós crescemos e Cristo diminuiu. Daí os dias serem maus.

1 comentários:

Anônimo 26 de agosto de 2009 às 14:11  

Hoje é o segundo dia que estou visitando seu blog, afirmo que não tinha lido algo parecido na internet. Estou apredendo muito, sim foi através do blogger do João Victor q cheguei até vc.