sábado, 1 de agosto de 2009

Minha velha Bíblia (2005)

Dentre os livros que li no decurso deste ano, dois ocuparam a maior parte do meu tempo: a “Bíblia” (Nova Versão Internacional, Editora Vida) e “A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã – Introdução à história da Bíblia” (Júlio Trebolle Barrera, Petrópolis - RJ, Vozes, 1995).

Em relação ao segundo, um trabalho de 741 páginas, trata-se de material que todo amante da Bíblia deveria ler. O texto, como informa o subtítulo, não é apologético. O autor trabalha, dentre outros, temas como “A Bíblia e o livro na antiguidade”, “Coleções de livros bíblicos. Livros canônicos e livros não canônicos”, “História do texto e das versões do Antigo e do Novo Testamento”, “Crítica textual do Antigo e do Novo Testamento” e “Hermenêutica. Textos e Interpretações”.

Uma razão importante para conhecermos mais sobre a Bíblia é que a grande questão que divide cristãos em nossos dias não é a autoridade da Bíblia, mas a forma de interpretá-la. Nos Estados Unidos, por exemplo, os evangélicos se dividem entre aqueles que acreditam que só há uma maneira correta de interpretar a Bíblia - a deles – e aqueles que acreditam na liberdade que cada um tem de interpretá-la.

Essa polêmica está sendo plantada no coração de muitos pastores brasileiros, especialmente através de congressos realizados na região sudeste. Por isso, conhecer mais sobre a Bíblia é fundamental para bem nos posicionarmos nesta questão.

Outra razão é que conhecer a Bíblia sem conhecimento sobre ela pode levar pessoas extremamente sinceras e bem intencionadas a causarem sérios prejuízos para si mesmas e para os que vivem sob sua influência.

Além disso, a má interpretação dos textos, também cria bloqueios no necessário diálogo que devemos construir com aqueles que estão em busca honesta de respostas para suas vidas, mas são mais exigentes ou críticos em seu modo de pensar ou de enxergar o mundo.

Este livro é leitura obrigatória para pessoas que, além de lerem a Bíblia em busca de alimento para suas necessidades espirituais, também definem conceitos que servem de referenciais para terceiros.

Em relação à Bíblia, decidi fazer uma nova leitura dela, de capa a capa, tanto em forma devocional, quanto destacando alguns temas também pensados e praticados nos tempos bíblicos.

A tentativa de entender a realidade com “os próprios olhos” nos desafia e nos enriquece. Riscos sempre existem, mas nunca serão inferiores aos experimentados por aqueles que nos antecederam nesta tarefa. Uma vez que os que nos antecederam não eram, necessariamente, dotados de possibilidades superiores às nossas, devemos continuar a busca que visa apaziguar nossas mentes e encontrar significado adequado às necessidades deste tempo. Essa é uma tarefa de cada um e não de alguns iluminados.

É difícil não se colocar de forma respeitosa diante da Bíblia. Só mesmo uma profunda ignorância, rebeldia ou orgulho, pode levar alguém a não reconhecer o diferencial que ela representa para a vida humana. Mesmo nos deparando com textos difíceis de serem digeridos à luz da cultura presente, dos avanços científico-tecnológicos e do conhecimento literário, é inegável como as narrativas podem falar profundamente ao nosso coração, fazendo calar a alma, reverentemente, diante do misterioso criador.

Certa vez, uma membro de igreja, bacharel em teologia, abordou-me, comparando-me com seu ex-pastor e declarando sua preferência por ele, em termos de pregação. Justificou-se esclarecendo que o problema das minhas mensagens é que havia muita citação bíblica. Analisei a colocação por todos os ângulos imagináveis mas, confesso, não consegui “progredir” muito. É que não consigo visualizar a construção sólida da fé, fora das Escrituras Sagradas. Sentiria-me nu, no púlpito, se fizesse afirmações cuja fundamentação fosse contrária àquilo que enxergo nas Escrituras.

Por acreditar que não se pode falar de “interpretação verdadeira” das Escrituras, no sentido de haver somente uma, prefiro a expressão “interpretação dominante”. Defendo que a autoridade das Escrituras precisa ser reafirmada, não em termos políticos, fruto de ânsia neurótica pelo poder, daqueles que querem dominar mentes e instituições. Deve ser reafirmada porque uma leitura de coração aberto à voz do Espírito é fonte que produz amor a Deus sobre todas as coisas e às pessoas como a nós mesmos.

Diante disso, creio que mais importante do que erigir monumentos à Bíblia em praças é ensinarmos às pessoas a valorizarem e estudarem adequadamente as Escrituras. Isso surte mais efeito em suas vidas do que milhões de monumentos à Bíblia erigidos em cada cidade do país. Portanto, estudemos a Bíblia e sobre ela. Isso só nos faz bem!

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