sábado, 15 de agosto de 2009

Cristo concede plenitude de vida

Textos:
Texto bíblico: Mt. 8 e 9
Texto áureo: Mateus 9.7-38

Comentários da lição:

Jesus não veio para oprimir as pessoas, colocando sobre seus ombros fardos que não pudessem carregar; antes, veio para libertá-las de tudo que pudesse comprometer a qualidade de vida que Deus tem para suas criaturas.
Jesus não anunciou uma mensagem com efeitos restritos para o além, para a vida após a morte do corpo. Sua mensagem e suas ações atingiam em cheio as vidas das pessoas no tempo e espaço em que elas se encontravam. Em João 10.10, por exemplo, vemos ele próprio afirmar que o motivo de sua vinda foi para dar vida em abundância, isto é, uma espécie de vida extraordinária. Nessa direção são seus ensinos e ações: sempre em favor do bem-estar humano.

Mateus 8 e 9 - A relação entre discurso e prática

Nos capítulos 8 e 9 vemos ações de Jesus em favor da transformação de realidades que afligiam as pessoas; vemos também alguns diálogos com escribas ou com discípulos de João visando esclarecer alguns pontos de crença; vemos, finalmente, Jesus completando sua equipe de atuação e desafiando-a a estar atenta às necessidades do mundo.

Um dos característicos do ministério de Jesus é a articulação freqüente entre discurso e a prática. No discurso, a crença é esclarecida; na prática, a realidade vai sendo alterada, visando aproximá-la do desejado. A vida é um entrelaçado permanente de teoria e prática. Os ensinos de Jesus eram melhor compreendidos porque resultavam permanentemente em práticas a favor dos seres humanos.
A doutrina é a teoria que norteia a igreja. Conhecer as doutrinas é essencial à estabilidade da igreja. Ela é a espinha dorsal que dá sustentação e mantém a igreja firme. Quanto mais profunda for a nossa compreensão doutrinária, melhor será a qualidade dos resultados das nossas ações. Por isso, nosso investimento deve se dar não apenas em direção da prática mas também em direção da doutrina bíblica que a fundamenta.

Mateus 8.1-15 As curas no ministério de Jesus e dos discípulos

Há quem negue a possibilidade de curas divinas. Negar a possibilidade de cura divina, é negar o ministério de Jesus(Mt. 14.35; Mc. 1.34; 6.56; Lc. 5.15;13.12). Negar o reconhecimento bíblico do ministério da cura, é desconhecer o ensino de Jesus e dos apóstolos (Mt. 10.1,8; Mc. 16.18; I Cor. 12. 9; Tg. 5.14) . Porém, a forma como o assunto tem sido tratado também tem sido uma negação do ensino bíblico.

Ter o dom de curar não significa que se tem poder sobre as enfermidades. Se assim fosse as pessoas com esse dom curariam todos os doentes.
O mesmo Paulo, por exemplo, que curou alguns enfermos de forma extraordinária, também recomendou a cura por meios conhecidos em sua época ("Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades" - I Tim. 5.23) e até conviveu com crentes doentes ("Erasto ficou em Corinto; a Trófimo deixei doente em Mileto" - II Tim. 4.20).
Os mesmos discípulos que receberam poder para curar, nem sempre curaram( "Eu o trouxe aos teus discípulos, e não o puderam curar" - Mt. 17. 16).
Portanto, ter o dom de curar significa fazer da solidariedade e da oração pelos doentes um ministério, sem sensacionalismo, consciente de que, neste caso, a cura é fruto da soberania, propósito e compaixão divinos e não do poder humano(Jo. 11. 4; Fil. 2.26,27). E Deus é livre para agir através dos meios que deseja (Jo. 5. 4) ou, simplesmente, não agir. Ele tem autoridade para curar e para não curar.

Mateus 8.18-22 - A mensagem desafiadora de Jesus

Dois homens se apresentam para seguir a Jesus. O primeiro é um escriba. A resposta de Jesus indica claramente sua maneira de apresentar a mensagem: ele não apresentava facilidades para seus ouvintes, visando aumentar a quantidade de seguidores. Ele levava seus ouvintes a medirem as consequências da decisão. Uma das consequências seria não colocar o material como prioridade na vida. A missão de Jesus era de um peregrino que, por isso, não se preocupava em ter residência fixa.
No segundo caso, trata-se de um discípulo, isto é, alguém que já acompanhava Jesus e conhecia seus ensinos. A resposta de Jesus parece pouco afetiva ao não atender o pedido do jovem. Porém, sabemos que Jesus se preocupava com os pais, tanto é assim que criticou os Fariseus por justificarem sua indisposição de ajudar os pais, sob pretexto de darem ofertas (Mc. 7.11). Sendo assim, a compreensão que temos nesse caso é que o discípulo estava mascarando sua indisposição e usando o cuidado com o pai, como forma de resistência para não continuar seguindo a Jesus, como ocorreu com Judas, ao manifestar preocupação com os pobres quando, na verdade, estava interessado no dinheiro (Jo. 12.6).

Mateus 8.34-9.3 - Reações negativas à mensagem de Jesus

O ministério de Jesus também se caracterizou por adversidades. No texto de referência, percebemos duas situações dessa natureza. Na primeira, uma cidade inteira dispensou a presença de Jesus pelo fato de ter permitido que os demônios se alojassem em porcos que se precipitaram num despenhadeiro, para libertar duas pessoas do domínio demoníaco. Os interesses econômico-financeiros eram mais importantes para os moradores daquela cidade, do que a libertação de dois seres humanos, criados a imagem e semelhança de Deus.

No segundo caso, encontramos Jesus sendo censurado pelos escribas pelo fato de ter perdoado os pecados dum paralítico. Sofrer censura foi uma das experiências mais comuns de Jesus. O problema dos escribas é comum em todas as épocas e lugares. Sempre que uma religião estabelecida confronta seus conceitos com novos paradigmas, sua primeira reação é censurar o responsável por tais alterações. Jesus, no caso, para provar que não estava blasfemando, curou o paralítico, calando os que o censuravam.
Nossas pregações precisam ser atestadas por ações de amor em favor do próximo, a fim de que tenhamos mais autoridade e respeito no ministério que desenvolvemos.


A LIÇÃO EM FOCO

1. Nossa prática é a nossa teoria. Não há prática que não esteja fundamentada numa teoria, ainda que o indivíduo que a pratique não tenha consciência dela. Se toda prática traz em si uma teoria, é melhor analisarmos nossas práticas e seus fundamentos do que viver irrefletidamente.
Na vida cristã não é diferente. Se é verdade que todos os cristãos afirmam que suas práticas são fundamentadas na Palavra de Deus, a Bíblia, é verdade também que, na maioria absoluta dos casos, o fundamento de nossas práticas cristãs é a interpretação que alguém deu à Palavra de Deus e não a nossa própria interpretação.
Certo colega de ministério afirmou que o Livre Exame das Escrituras, defendido na Reforma Protestante, significa livre acesso à Bíblia e não liberdade para interpretação. Esta, conquanto não tenha sido a tese dos reformadores, tem sido a prática de muitas igrejas: os membros podem ter acesso ao Livro Sagrado mas a interpretação é de responsabilidade de alguns que estudaram teologia.
Não estimulando a competência dos crentes, na arte de interpretar a Palavra de Deus, cabe aos líderes interpretar os textos e, às pessoas, seguí-los. A maioria dos nossos líderes é formada de pessoas honestas que pregam um evangelho de libertação em Cristo. Mas há, inclusive no meio evangélico, muitos exploradores da boa fé que, quando encontram crentes despreparados, convence-os com facilidade a abandonarem suas igrejas e a seguirem práticas duvidosas.
Por isso, fortalecer o conhecimento teórico, as doutrinas que sustentam nossas ações, é tão importante quanto praticar o evangelho. Se teoria e prática andarem juntas, certamente experimentaremos com mais profundidade a plenitude de vida que Cristo tem para nos oferecer.

2. Os efeitos da mensagem do evangelho sobre a realidade econômica ficou claro na experiência de Jesus. Nas experiências de Paulo, em pelo menos duas situações, esse fato também ocorreu (Atos 16.16-19; 19.23-29). Tanto na experiência de Jesus quanto nas de Paulo, os interesses do indivíduo e os interesses econômicos entraram em conflito. Em ambos os casos, os interesses individuais prevaleceram, tanto na decisão de Jesus quanto na de Paulo.
Tais experiências nos levam a crer que, se nossa mensagem em prol da plenitude de vida humana não está incomodando os sistemas estabelecidos, ou os sistemas estão funcionando plenamente de acordo com a mensagem de Deus ou nossas mensagens não estão sendo compatíveis com a mensagem evangélica.

3. Implementar uma nova qualidade de vida, seja num indivíduo ou num grupo social, não é tarefa fácil. Aqueles que se propõem a levantar a bandeira de Jesus Cristo como caminho para a plenitude de vida, hão de se confrontar com os sistemas estabelecidos, especialmente o religioso e o econômico. Por isso, é fundamental que cada pessoa que se dispõe a viver e anunciar uma nova vida em Cristo, procure munir-se da graça de Deus para enfrentar as batalhas que certamente terão diante de si.

0 comentários: