Ser Orador Oficial (2006)
Certo pastor procurou a comissão de indicação do orador oficial da assembléia anual de determinada Convenção para pleitear a recomendação do seu nome. Para um dos membros ele confidenciou que aquela seria a grande chance de sua vida. Segundo ele, só faltava isso para consolidar seu nome na denominação. Sua solicitação não foi atendida e, não por isso, algum tempo depois, devido a envolvimento em práticas eticamente duvidosas, afastou-se de atividades eclesiásticas e denominacionais.
Fui orador em assembléias estaduais, inclusive de Convenções das quais não fazia parte. Preguei, também, na Assembléia da CBB em Serra Negra, SP. Lembro-me de que, após uma dessas pregações, almoçava com minha esposa num restaurante quando um colega se aproximou e exclamou: “esperava mais de você!”. Sorri e continuei almoçando pois não tinha idéia de quais eram suas expectativas e, mesmo que soubesse, não seriam elas a motivação para o que deveria dizer.
Essas experiências me vieram à mente durante 2005. É que desembarquei no Brasil no dia 23 de janeiro e três dias depois recebi e-mail do Secretário da CBB, informando a escolha do meu nome como Orador da Assembléia de 2006, em Teresina. Surpreendi-me pois, há algum tempo fora do país, não estava na Assembléia do Rio.
A partir daí passei a refletir sobre o que significava ser Orador Oficial e porque nunca quis concorrer a esta atividade, nas formaturas das quais participei. Tenho dificuldades com etiquetas e formalismos, só ocasionalmente uso paletó, tenho a voz meio rouca, tendência de falar rápido, sem qualquer aptidão para “entonar” a voz. Por isso, se dependesse de mim, esse pomposo “Orador Oficial” nem existiria.
Além disso, tenho tendência para “criticar” coisas oficiais. Por alguma razão elas me lembram exército, autoritarismo, dominação, uniformidade, órgãos públicos e burocracia. Assim, diante de uma espécie de vocação para questionar, preciso sempre me disciplinar. É como se um dispositivo antimofo, antioratórios, instalado no cérebro, me impelisse a estar em combate contra qualquer tipo de idolatria alojada no coração, estruturas e espaços que abrigam crenças e valores.
Esse sentimento, espécie de fantasma que assombra minha caminhada, me persegue a despeito dos quase cinqüentenários cabelos grisalhos.
Reconhecendo a responsabilidade que significa ser “Orador Oficial”, especialmente pelo valor dado por alguns, declaro que essa não é uma atividade que realizo com conforto. É que me sinto mais um operário de construção e “desconstrução” do que de manutenção e acabamento.
Sou, se muito, um pregador que, eternamente indeciso entre educador ou proclamador, tenta ser pastor sem perder a mania de pensar e administrar. Vejo-me como alguém que compartilha idéias e sentimentos, principalmente à luz das Escrituras, visando ajudar pessoas em sua caminhada de vida. Alguém mais propenso a repensar do que aceitar; a semear dúvidas do que de convicções.
Feito essa auto-identificação frente à responsabilidade a que fui convocado, passei a pensar no que me motivaria a exercer tal papel. Lembrei-me então de ter transitado por todas as instâncias decisórias da estrutura denominacional, tanto de legislação quanto de execução, em seus diversos níveis. Lembrei-me também de que já preguei em todas as regiões do país e também fora dele. Porém, ao contrário de quando iniciei o ministério, hoje me alegro quando não preciso viajar. Portanto, ser orador para galgar espaços políticos na estrutura ou abrir portas para ampliar agenda de pregador é carta fora do baralho.
O problema é que, se quem precisa conquistar espaços é tentado a pregar para agradar aos detentores de poder, quem não precisa é tentado a extrapolar podendo causar problemas para si e para outros. Sobre isso também pensei.
Tais reflexões me conduziram para o que deveria, a meu ver, ser a melhor motivação no exercício do papel de Orador Oficial. O melhor seria fazer uma leitura da realidade à luz do tema proposto e proferir palavras que pudessem significar um pouco de luz, uma alternativa a mais de caminho a ser seguido em direção à estatura do Cristo da nossa fé.
Se os pressupostos foram corretos, tudo isso resultaria numa postura de não ao oportunismo egoísta, à irresponsabilidade comunitária, à conformidade sacerdotal ou à agressividade supostamente profética.
Isso definido, restou-me dobrar os joelhos diante de Deus pedindo-lhe iluminação para ler adequadamente o contexto sócio-denominacional, encontrar palavras apropriadas para apontar trilhas e clamar por misericórdia, sobretudo, para os ouvintes...
Fui orador em assembléias estaduais, inclusive de Convenções das quais não fazia parte. Preguei, também, na Assembléia da CBB em Serra Negra, SP. Lembro-me de que, após uma dessas pregações, almoçava com minha esposa num restaurante quando um colega se aproximou e exclamou: “esperava mais de você!”. Sorri e continuei almoçando pois não tinha idéia de quais eram suas expectativas e, mesmo que soubesse, não seriam elas a motivação para o que deveria dizer.
Essas experiências me vieram à mente durante 2005. É que desembarquei no Brasil no dia 23 de janeiro e três dias depois recebi e-mail do Secretário da CBB, informando a escolha do meu nome como Orador da Assembléia de 2006, em Teresina. Surpreendi-me pois, há algum tempo fora do país, não estava na Assembléia do Rio.
A partir daí passei a refletir sobre o que significava ser Orador Oficial e porque nunca quis concorrer a esta atividade, nas formaturas das quais participei. Tenho dificuldades com etiquetas e formalismos, só ocasionalmente uso paletó, tenho a voz meio rouca, tendência de falar rápido, sem qualquer aptidão para “entonar” a voz. Por isso, se dependesse de mim, esse pomposo “Orador Oficial” nem existiria.
Além disso, tenho tendência para “criticar” coisas oficiais. Por alguma razão elas me lembram exército, autoritarismo, dominação, uniformidade, órgãos públicos e burocracia. Assim, diante de uma espécie de vocação para questionar, preciso sempre me disciplinar. É como se um dispositivo antimofo, antioratórios, instalado no cérebro, me impelisse a estar em combate contra qualquer tipo de idolatria alojada no coração, estruturas e espaços que abrigam crenças e valores.
Esse sentimento, espécie de fantasma que assombra minha caminhada, me persegue a despeito dos quase cinqüentenários cabelos grisalhos.
Reconhecendo a responsabilidade que significa ser “Orador Oficial”, especialmente pelo valor dado por alguns, declaro que essa não é uma atividade que realizo com conforto. É que me sinto mais um operário de construção e “desconstrução” do que de manutenção e acabamento.
Sou, se muito, um pregador que, eternamente indeciso entre educador ou proclamador, tenta ser pastor sem perder a mania de pensar e administrar. Vejo-me como alguém que compartilha idéias e sentimentos, principalmente à luz das Escrituras, visando ajudar pessoas em sua caminhada de vida. Alguém mais propenso a repensar do que aceitar; a semear dúvidas do que de convicções.
Feito essa auto-identificação frente à responsabilidade a que fui convocado, passei a pensar no que me motivaria a exercer tal papel. Lembrei-me então de ter transitado por todas as instâncias decisórias da estrutura denominacional, tanto de legislação quanto de execução, em seus diversos níveis. Lembrei-me também de que já preguei em todas as regiões do país e também fora dele. Porém, ao contrário de quando iniciei o ministério, hoje me alegro quando não preciso viajar. Portanto, ser orador para galgar espaços políticos na estrutura ou abrir portas para ampliar agenda de pregador é carta fora do baralho.
O problema é que, se quem precisa conquistar espaços é tentado a pregar para agradar aos detentores de poder, quem não precisa é tentado a extrapolar podendo causar problemas para si e para outros. Sobre isso também pensei.
Tais reflexões me conduziram para o que deveria, a meu ver, ser a melhor motivação no exercício do papel de Orador Oficial. O melhor seria fazer uma leitura da realidade à luz do tema proposto e proferir palavras que pudessem significar um pouco de luz, uma alternativa a mais de caminho a ser seguido em direção à estatura do Cristo da nossa fé.
Se os pressupostos foram corretos, tudo isso resultaria numa postura de não ao oportunismo egoísta, à irresponsabilidade comunitária, à conformidade sacerdotal ou à agressividade supostamente profética.
Isso definido, restou-me dobrar os joelhos diante de Deus pedindo-lhe iluminação para ler adequadamente o contexto sócio-denominacional, encontrar palavras apropriadas para apontar trilhas e clamar por misericórdia, sobretudo, para os ouvintes...
0 comentários:
Postar um comentário