Onda de autoritarismo (2007)
Estou com a impressão de que uma onda de autoritarismo pastoral pode estar a caminho. “Os sinais da sua vinda mais se mostram cada vez”. Já ouvi sobre o assunto em diversas rodas de bate-papo. Confesso que o tema me incomoda, inclusive porque a influência disso ultrapassa as barreiras das igrejas e atinge as estruturas da denominação.
Comecei a prestar atenção ao assunto desde que ouvi uma palestra de Dan Southerland, pastor da “Flamingo Road Baptist Church”, Fort Lauderdale, FL. Ele ficou famoso por ter tornado pública, em livro e palestras, a transição que efetuou na referida Igreja. Ela deixou de seguir um modelo “tradicional” para tornar-se “com propósito”. Visitei-a e pude confirmar o visível crescimento.
Na palestra, lembro-me de que abordou algo em torno do modelo de democracia batista e sua influência no crescimento da igreja. Não me preocupei com a posição do palestrante. Minha luz amarela acendeu ao imaginar que, como via-de-regra o ministério pastoral brasileiro é uma cópia, com todos os defeitos, do que acontece nos Estados Unidos, não demoraria muito para o discurso dele começar a ser reproduzido por aqui.
O problema é que há uma considerável diferença cultural entre a realidade dele e a nossa. Enquanto o povo americano contabiliza mais de dois séculos ininterruptos de experiência democrática, nós, no Brasil, ainda damos os primeiros passos.
Aqui, democracia está associada somente ao voto para alguns cargos do Executivo e Legislativo. Lá ela tem a ver, por exemplo, com transparência da informação, controle sobre instituições públicas, acesso à educação, enfim. Lá, reduzir a dose ou forma de democracia em alguns casos pode até ser aceitável. Aqui, qualquer redução pode matar o bebe recém-nascido. Portanto, o significado de e da democracia lá é diferente do de cá.
Nossas igrejas ainda não aprenderam o significado mais profundo de democracia e já há que acredite em excesso. Pra mim isso é reprodução irrefletida de discurso importado.
Concordo que precisamos aprender a conviver com a velocidade imposta pelos avanços tecnológicos, especialmente no campo da informação e transporte. Porém, não acredito que a decisão seja “ou agilidade ou democracia” e sim, como aumentar a agilidade sem deixar a democracia. Se a opção fosse agilidade ou democracia, escolheria a democracia, mas não é.
Concluímos, depois de dois anos de caminhada, um processo de reestruturação organizacional em nossa igreja. A revisão nas relações de poder entre membros e entre órgãos da igreja e a busca por agilidade, foram pontos de atenção. Não reinventamos a roda, nem foi nossa preocupação ser modelo para outras igrejas. Apenas procuramos pavimentar um caminho para viajarmos com mais conforto, segurança e rapidez.
Em estatuto ficou definido que as seguintes matérias seriam de deliberação exclusiva da Assembléia: a) Emendar, reformar ou substituir o Estatuto ou o Regimento Interno; b) Adquirir, onerar ou alienar bens imóveis da Igreja; c) Contratar ou desligar o Pastor-Presidente; d) Dirimir dúvidas estatutárias ou regimentais; e) Contratar ou desligar Ministros de Área, na forma do Regimento Interno; f) Eleger sua Diretoria, Conselho Fiscal, Conselho Diretor e Ministros das Áreas Ministeriais, na forma do Regimento Interno; g) Aprovar Plano de Metas; h) Aprovar Calendário Anual de Eventos; i) Aprovar Orçamento Financeiro da IBG; j) Aprovar Balanço Patrimonial Anual, mediante parecer do Conselho Fiscal, na forma do Regimento Interno; k) Definir normas éticas da IBG, bem como aplicá-las aos seus membros, quando for o caso.
Em cima de tais definições, cabe ao Conselho Diretor e aos Conselhos de Áreas Ministeriais (Adoração, Administração, Atuação Social, Comunhão, Ensino, Pastoral e Proclamação) liderar o avanço da igreja, sem precisar de Assembléia para decidir a cor da parede do sanitário da zeladoria ou o valor da gratificação a ser dado ao pregador visitante.
Certamente tal caminho apresentará suas deficiências, mas é o caminho visualizado pelo qual trilharemos.
O que me preocupa é que, diante das necessidades de agilidade, há pessoas autoritárias pegando carona pra fazer o que seu coração pede: mandar muito e obedecer pouco; falar muito e nada de ouvir. Sem clarear a diferença entre autoridade e autoritarismo, democracia e democratismo, vão conduzindo igrejas e denominação com um despotismo medieval, contrariando valores preciosos construídos ao longo de nossa história.
Pior ainda, é quando se tenta fundamentar tal postura em “bases bíblicas”. Mas isso é conversa para outro momento.
Comecei a prestar atenção ao assunto desde que ouvi uma palestra de Dan Southerland, pastor da “Flamingo Road Baptist Church”, Fort Lauderdale, FL. Ele ficou famoso por ter tornado pública, em livro e palestras, a transição que efetuou na referida Igreja. Ela deixou de seguir um modelo “tradicional” para tornar-se “com propósito”. Visitei-a e pude confirmar o visível crescimento.
Na palestra, lembro-me de que abordou algo em torno do modelo de democracia batista e sua influência no crescimento da igreja. Não me preocupei com a posição do palestrante. Minha luz amarela acendeu ao imaginar que, como via-de-regra o ministério pastoral brasileiro é uma cópia, com todos os defeitos, do que acontece nos Estados Unidos, não demoraria muito para o discurso dele começar a ser reproduzido por aqui.
O problema é que há uma considerável diferença cultural entre a realidade dele e a nossa. Enquanto o povo americano contabiliza mais de dois séculos ininterruptos de experiência democrática, nós, no Brasil, ainda damos os primeiros passos.
Aqui, democracia está associada somente ao voto para alguns cargos do Executivo e Legislativo. Lá ela tem a ver, por exemplo, com transparência da informação, controle sobre instituições públicas, acesso à educação, enfim. Lá, reduzir a dose ou forma de democracia em alguns casos pode até ser aceitável. Aqui, qualquer redução pode matar o bebe recém-nascido. Portanto, o significado de e da democracia lá é diferente do de cá.
Nossas igrejas ainda não aprenderam o significado mais profundo de democracia e já há que acredite em excesso. Pra mim isso é reprodução irrefletida de discurso importado.
Concordo que precisamos aprender a conviver com a velocidade imposta pelos avanços tecnológicos, especialmente no campo da informação e transporte. Porém, não acredito que a decisão seja “ou agilidade ou democracia” e sim, como aumentar a agilidade sem deixar a democracia. Se a opção fosse agilidade ou democracia, escolheria a democracia, mas não é.
Concluímos, depois de dois anos de caminhada, um processo de reestruturação organizacional em nossa igreja. A revisão nas relações de poder entre membros e entre órgãos da igreja e a busca por agilidade, foram pontos de atenção. Não reinventamos a roda, nem foi nossa preocupação ser modelo para outras igrejas. Apenas procuramos pavimentar um caminho para viajarmos com mais conforto, segurança e rapidez.
Em estatuto ficou definido que as seguintes matérias seriam de deliberação exclusiva da Assembléia: a) Emendar, reformar ou substituir o Estatuto ou o Regimento Interno; b) Adquirir, onerar ou alienar bens imóveis da Igreja; c) Contratar ou desligar o Pastor-Presidente; d) Dirimir dúvidas estatutárias ou regimentais; e) Contratar ou desligar Ministros de Área, na forma do Regimento Interno; f) Eleger sua Diretoria, Conselho Fiscal, Conselho Diretor e Ministros das Áreas Ministeriais, na forma do Regimento Interno; g) Aprovar Plano de Metas; h) Aprovar Calendário Anual de Eventos; i) Aprovar Orçamento Financeiro da IBG; j) Aprovar Balanço Patrimonial Anual, mediante parecer do Conselho Fiscal, na forma do Regimento Interno; k) Definir normas éticas da IBG, bem como aplicá-las aos seus membros, quando for o caso.
Em cima de tais definições, cabe ao Conselho Diretor e aos Conselhos de Áreas Ministeriais (Adoração, Administração, Atuação Social, Comunhão, Ensino, Pastoral e Proclamação) liderar o avanço da igreja, sem precisar de Assembléia para decidir a cor da parede do sanitário da zeladoria ou o valor da gratificação a ser dado ao pregador visitante.
Certamente tal caminho apresentará suas deficiências, mas é o caminho visualizado pelo qual trilharemos.
O que me preocupa é que, diante das necessidades de agilidade, há pessoas autoritárias pegando carona pra fazer o que seu coração pede: mandar muito e obedecer pouco; falar muito e nada de ouvir. Sem clarear a diferença entre autoridade e autoritarismo, democracia e democratismo, vão conduzindo igrejas e denominação com um despotismo medieval, contrariando valores preciosos construídos ao longo de nossa história.
Pior ainda, é quando se tenta fundamentar tal postura em “bases bíblicas”. Mas isso é conversa para outro momento.
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