segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Reunião do Conselho Geral da CBB - Área teológica

A educação teológica ocupou mais tempo – uma manhã inteira – devido ao fato de estarem nesta área os únicos problemas de natureza financeira da Convenção. Somente o STBSB e STBNB estão apresentando Índice de Liquidez negativo.

Os seminários são, a meu ver, as áreas mais difíceis de serem administradas das organizações denominacionais, pelas seguintes razões:

1. Não contam com a ajuda das igrejas através de ofertas, exceto um percentual designado do Plano Cooperativo;

2. Seus executivos não contam com dia especial de oferta, nem têm a abertura, nas igrejas, que os executivos da área missionária, por exemplo, têm;

3. Não dispõem de receitas de venda de livros ou revistas;

4. Não contam com legislação que os proteja dos alunos inadimplentes;

5. Não contam com o empenho das igrejas, em termos de ética, junto aos alunos que elas enviam e que não cumprem com seus deveres;

6. Não podem fazer um trabalho agressivo de marketing;
7. Enfrentam uma concorrência predadora dentro da própria Convenção;
8. Funcionam em imensas propriedades e em prédios antigos cujos custos de manutenção são elevados;
9. Estão sempre no centro de discussões, por razões de natureza política, em função da diversidade de pensamentos teológicos e de expectativas dentro da CBB;
10. Não são - os seminários - devidamente valorizados por parcela significativa dos batistas que entendem que educação teológica é desnecessária;
11. Pela natureza de sua atividade, é um laboratório crítico, um espaço de reflexão. Isso faz com que a relação administrador, funcionários, professores e alunos torne-se uma tarefa desafiadora;
12. Não contam com noite especial nas assembléias anuais da CBB para sensibilizar lideranças.

Um GT administrando o STBSB e STBNB

Visando equacionar as finanças do STBNB e STBSB, o conselho elegeu um GT, formado pela diretoria + Pr. Fernando Brandão (JMN), Pr. Davidson (JMN), Pr. Sócrates (CG), irmãos Almir (Juerp) e Luis de Barros (JMM).

No meu não modesto ponto de vista, esse GT não poderia fazer mais do que os atuais dirigentes estão fazendo, pois o problema dos Seminários hoje não é de gestão, mas sistêmico. A gestão pode minimizar os efeitos predadores do sistema de educação teológica dos batistas brasileiros, mas não pode solucioná-lo, pois isso não depende da decisão isolada de uma pessoa, mas de coragem política da liderança, para adotar medidas de mudança radical no atual paradigma.

A vantagem que o GT tem sobre os atuais dirigentes é que a ele foi dado poderes que os atuais dirigentes não têm. Estou destacando isso porque como nossa cultura religiosa gira em torno de um salvador – Jesus – projetamos isso para nossas relações em geral. Assim, temos muita facilidade para eleger salvadores. Uma instituição está mal, então mudamos o técnico e, se ela melhorar, passamos rápida e irrefletidamente a louvá-lo. Sequer paramos para pensar nas diferentes condições que, nessas transições, são oferecidas aos que assumem.

É o caso do GT.

Creio, entretanto, que com os poderes dados ao GT, uma solução de curto prazo poderá ser dada. Essa solução será pelo caminho da transformação de patrimônio em dinheiro ou da transferência de dinheiro de outras áreas – sob a denominação de empréstimo – para os seminários. Como, entretanto, o problema é muito mais sistêmico do que de gestão, se apenas injetarmos dinheiro, estaremos empurrando o problema da explosão para frente.

Proposta para os seminários da CBB

O documento preparado pelo Comitê de Educação Teológica, cujo relator é o Pr. Ágabo Borges, apresentou parecer contendo 8 páginas, tratando dos seguintes pontos:

I. A importância e o papel dos Seminários da denominação;

II. Análise conjuntural da “crise” dos seminários administrados pela CBB

2.1. Modelo de difícil sustentabilidade;
2.2. Concorrência interna;
2.3. Deficiência na gestão, falta de qualificação;

III. Proposta de solução

3.1. Redefinir o conceito de “Seminário da denominação batista”
3.2. Definir a vocação dos seminários administrados pela CBB;
3.3. Determinar a adoção de um modelo de gestão sustentável
3.3.1. Valor mínimo operacional;
3.3.2. Gestão responsável;
3.3.3. Política de subsídios com capacitação de bolsas de estudo;
3.3.4. Reengenharia adminitrativa;

IV. Proposta de implementação da gestão da dívida

4.1. Levantar o endividamento;
4.2. Plano de liquidação;

V. Realizar gestão patrimonial com qualificação e destinação de uso

VI. Construir e aplicar um programa de marketing de relacionamento

1 comentários:

Ozias Ribeiro 27 de agosto de 2009 às 14:45  

Amado pastor, em primeiro lugar gostaria de agradecer pelas informações trazidas de maneira transparente e crítica (no mais positivo sentido da palavra. Muito me interessou esta discussão acerca do GT para a área teológica. Aqui no Espírito Santo também foi instalado um GT para trazer propostas ao ensino teológico em nosso estado. Creio que, realmente, esta crise na educação teológia não está localizado apenas nos grandes seminários denominacionais, e realmente é sistemica. Precisamos nos voltar a este assunto com a seriedade e prioridade que ele merece. Um abç e valeu pela contribuição para o debate deste tema.