sábado, 1 de agosto de 2009

Maria, cheia de graça (2004)

Admiro as mulheres. Mais do que admiração puramente erótica. Admiro-as como pessoas. Fui criado entre meia duzia delas. Talvez, por desejar o bem para suas filhas, ouvi meu pai repetir “n” vezes que não deveria fazer com as filhas dos outros aquilo que não gostaria que fizessem com minhas irmãs. Continuo desobediente, mas o ensino sempre acende a luz amarela. Além disso, cresci vendo em minha mãe um exemplo muito legal de mulher.

Ouvi de uma psiquiatra, em tom humorado, enquanto a assistia pastoralmente em momento de perda dramática, que homens e mulheres não são da mesma raça. Talvez ela tenha razão. Mulheres, como alguém já disse, são flores de aço. Homens, digo eu, fingem que são de aço, têm horror a se identificarem como flores e acabam não sendo nem uma coisa, nem outra.

Como pastor, conto mais com a cooperação de mulheres do que de homens. Antigamente isso era justificado sob alegação de que eles trabalhavam fora de casa e elas dentro. (Na verdade se dizia, desrespeitosamente, que elas não trabalhavam). Por isso teriam mais tempo para as coisas do espírito. Isso não é verdade. Algumas trabalham em jornada dupla, portanto mais do que seus maridos, mas, ainda assim, encontram meios de se dedicar às coisas espirituais. É mais um indicativo de que elas, de fato, têm mais força.

Escrevendo sobre isso, me vem à mente, imagens de uma infinidade de mulheres, solteiras e casadas, que foram ou são uma bênção em minha vida. Mas gostaria de falar de uma delas pelo impacto que provocou recentemente em mim. Trata-se de minha amiga Maria das Graças Corte de Alencar, esposa de um dos cristãos mais “gaiatos” (no bom sentido!) e amigos que já pastoreei.

Conheci Graça em 1992, na Igreja Batista Emanuel em Boa Viagem. Tempos depois, após exposição da palavra num culto, ela manifestou publicamente seu desejo de permitir que Jesus se tornasse Senhor de sua vida. Funcionária Publica, mulher de personalidade forte (Adiel, seu marido, que o diga!), faz parte da familia Alencar, de Exu, PE. Isso mesmo, uma das duas famílias que se tornaram nacionalmente conhecidas por conflitos na pequena cidade do sertão pernambucano, onde viveu o saudoso Luiz Gonzaga.

Pois bem. Vejam só um trecho da mensagem que recebi dela, por e-mail, cuja publicação faço com autorização:

“Quanto a mim estou bem, continuo fazendo quimioterapia, mas estou reagindo bem apesar das reações já esperadas. Já estou sem cabelos, mas não tive problemas com isso, estou administrando bem esta nova fase da minha vida com meu novo visual. Estou lançando a moda de chapéus e lenços. Adiel comprou de todas as cores e diz que é para combinar com as roupas, imagine! Não aderi à peruca. Me senti péssima quandoprovei, não tem nada a ver comigo. Preferi assumir a careca, sem problemas. O importante é que com o tratamento eu fique curada. Sei que vou dar boas risadas lembrando desta fase. Tenho sentido a todo momento a presença de Deus em minha vida e da minha família. Até nos aproximamos mais, o que faz valer a pena todo sofrimento”.

Não é mesmo, uma Maria, cheia de Graça?

Cada pessoa reage de forma diferente à adversidade. Porém, é claro que aquelas que reagem de forma positiva têm maiores chances de se sairem vitoriosas. Essa, aliás, é a tese que mais me marcou no best-seller “Who movies my cheese” (Quem mexeu no meu queijo, de Spencer Johnson, M.D.) uma das leituras que mais fortemente influenciaram minhas ações nos últimos dois anos.

Maria das Graças permitiu que “graça” fosse mais do que um nome. Permitiu-se experimentar a graça e ser uma graça ambulante, ao decidir investir na comunhão com Deus. Ao abrir-se à graça de Deus, foi invadida por ela, tornando-se capaz de reagir como está reagindo em situação tão dolorosa.

Grande beijo Graça. Você já venceu sua enfermidade ao não se deixar abater por ela.

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