Paternidade Espiritual
1 Coríntios 4.14-21
“Porque ainda que tenhais dez mil aios em Cristo, não tendes contudo muitos pais; pois eu pelo evangelho vos gerei em Cristo Jesus” (v.15).
Conduzir alguém a Cristo é uma das maiores alegrias na vida de uma pessoa. Primeiro, porque a experiência com Jesus é o que de melhor pode acontecer. Segundo, porque isso quer dizer que estamos em harmonia com a orientação de Jesus para fazermos discipulos.
Divergindo daqueles que criticavam os cristãos por evangelizarem, F. Schleiermacher, defendia como natural o compartilhar da fé, uma vez que os seres humanos se comunicam e gostam de compartilhar experiências. Sempre que algo bom ou ruim acontece, imediatamente compartilhamos com alguém. Por que não podemos fazer o mesmo em relação às experiências espirituais?
Quando anunciamos a fé, não como um produto que estamos vendendo, mas como uma experiência que está sendo compartilhada, e o ouvinte decide seguir o mesmo caminho, ele se torna, num certo sentido, nosso filho na fé.
Paternidade espiritual não quer dizer que passamos a ser gurus da pessoa, no sentido de que ela se torna dependente de nós em suas decisões. Significa que temos o compromisso de orientar a pessoa até que ela mesma possa caminhar com autonomia, exercendo seu sacerdócio individual perante Deus.
Na estrutura da Igreja Católica existe a figura da madrinha ou padrinho, cuja responsabilidade seria acompanhar a criança récem-batizada ao longo de sua vida. Para a maioria, porém, tal experiência tornou-se um mero acontecimento social e a intenção dos idealizadores não se concretiza.
Não estaria o mesmo acontencendo entre nós? Por que nos alegramos quando alguém se decide por Cristo, mas não assumimos a paternidade (ou maternidade)? Seria falta de orientação? De interesse? De compromisso? De priorização?
(Texto produzido para a Revista Manancial, da UFMBB e publicado na 1ª quinzena de maio)
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