Mudanças nas estruturas da CBB (I) (2007)
Não tenha dúvida: a 87ª Assembléia da CBB entrará para a história como aquela em que, provavelmente, se operou a mais significativa intervenção na estrutura da Convenção Batista Brasileira, nesses cem anos de existência. Foi uma mudança corajosa. Como, porém, coragem e insensatez são separadas por uma tênue linha, somente pelos efeitos poderemos definir em qual das duas atitudes serão enquadrados os líderes que conduziram o processo.
De uma coisa estamos certos: os batistas clamavam por mudanças e elas aconteceram. Por isso, concordando ou não, devemos continuar de mãos dadas, cooperando para que os acertos sejam aplaudidos e os equívocos corrigidos. Não tendo bola de cristal para prever o futuro, resta-nos analisar o que aconteceu e sinalizar possibilidades que merecem atenção.
Para mim, o processo de aprovação foi como a passagem de um furacão. Ainda estou digerindo as mudanças e nisto vejo um problema. Pelo que percebi, a quantidade de líderes em situação semelhante a minha é surpreendentemente grande. Se eu que tenho um envolvimento acima da média com líderes denominacionais, pelas funções já exercidas, me senti “como um cego em tiroteio”, imagino como deve estar a cabeça daqueles que têm envolvimento menor.
Sou leitor do Jornal Batista, acesso regularmente o Portal Batista na internet, mantenho comunicação diária com batistas de diversos pontos do país, mas somente tive acesso ao projeto de mudanças no plenário da Assembléia. E daí? Três alternativas: 1) Estou alienado e preciso prestar mais atenção; 2) Houve falha nos processos de comunicação; 3) A ausência de debate fez parte de uma estratégia política de condução do processo.
Com toda honestidade, a terceira hipótese foi a que mais martelou minha cabeça, ainda que não tenha especulado quem seria(m) seu(s) mentor(es). E olha que não sou adepto de teorias conspiratórias, nem me considero um paranóico em permanente estado de alerta contra ações traiçoeiras.
Olhando o ocorrido, do futuro para o passado, recordo-me da decisão de não se aceitar propostas orais sobre a reforma, durante os debates. Tal decisão foi tomada logo no início da instalação da Assembléia, quando a maioria dos convencionais mal havia se “instalado psicologicamente” no plenário, nem tinha noção do que estava por vir.
Depois, a reforma foi colocada diante do plenário em forma de alterações no Estatuto e Regimento. Nenhuma exposição foi feita, por exemplo, informando as diferenças entre o que era e o que estava sendo proposto; quanto se gastava com o funcionamento da estrutura anterior e quanto se gastaria com a nova;.uanto se gastaria com a nova; que falhas se pretendida corrigir com as propostas feitas. funcion que benefícios – gerenciais, financeiros, políticos... - se pretendida alcançar com as propostas feitas; quem perderia ou ganharia poderes com as mudanças, enfim.
O uso da expressão “o assunto é técnico”, para apressar a aprovação foi um dos recursos políticos adotados. Tal artifício pressupunha, a meu ver, duas coisas: 1) o que é técnico é politicamente neutro; 2) se é técnico deve ser reservado a um grupo de iluminados. Os dois pressupostos são falsos.
Quanto à primeira alternativa, não existe uma única forma “técnica” de se fazer algo. Logo, precisamos fazer uma escolha. Fazer escolha pressupõe que cada alternativa apresenta ganhos e perdas. Se há ganhos e perdas, alguém ganha e alguém perde. Se alguém ganha e alguém perde, o assunto, ainda que técnico, não pode ser dissociado da política.
Em relação ao segundo, devemos considerar que um grupo de pessoas não é formado somente por aqueles que sabem tudo e aqueles que nada sabem. Entre os dois extremos encontramos pessoas especializadas no assunto, com formação acadêmica ou experiências práticas e pessoas que, embora não sejam especialistas, interagem e sofrem os efeitos da realidade e, por isso, também têm algo a dizer. Ouvir, por exemplo, os mais simples trabalhadores envolvidos nos processos de produção empresarial, tem sido conselho comum em cursos de capacitação gerencial.
O apelo à confiança na liderança - quando ainda não nos recuperamos dos efeitos Juerp, da “venda” do terreno do Seminário do Sul ou déficits na Junta de Missões Nacionais - foi outro artifício usado.
O abandono das regras parlamentares em momentos decisivos tirou muito da beleza do processo e descaracterizou parte da decisão como sendo democrática. Por um momento pensei que, se o plenário não fosse de cristãos, talvez cadeiras e sapatos voariam... Mas foi só por um momento e o bom espírito predominou...
Todos sabemos que, se há dois ou três parlamentares que fazem muito uso da palavra, há também 200 ou 300 convencionais, adeptos do silêncio, predispostos a votar favoravelmente qualquer proposta de encerramento de discussão. Porém, é tão prejudicial ao andamento da causa atropelar as regras por causa dos que falam muito, quanto apressar decisões fazendo uso daqueles que preferem não discutir nada.
Alguém poderá ser alegrar, no curto prazo, por ter “conseguido” aprovar uma reforma usando de argumentos questionáveis, mas a instituição perderá no longo prazo, se o mesmo tipo de procedimento for adotado em larga escala. Por isso, independente da qualidade das reformas, não podemos silenciar quanto ao processo.
Penso que a reforma em si era necessária e seu conteúdo, em linhas gerais, positivo. Do jeito que estava não poderia continuar. O fato de ter ocorrido fez brotar uma nova esperança. Que Deus continue a nos iluminar nos ajustes que precisarão ser feitos.
De uma coisa estamos certos: os batistas clamavam por mudanças e elas aconteceram. Por isso, concordando ou não, devemos continuar de mãos dadas, cooperando para que os acertos sejam aplaudidos e os equívocos corrigidos. Não tendo bola de cristal para prever o futuro, resta-nos analisar o que aconteceu e sinalizar possibilidades que merecem atenção.
Para mim, o processo de aprovação foi como a passagem de um furacão. Ainda estou digerindo as mudanças e nisto vejo um problema. Pelo que percebi, a quantidade de líderes em situação semelhante a minha é surpreendentemente grande. Se eu que tenho um envolvimento acima da média com líderes denominacionais, pelas funções já exercidas, me senti “como um cego em tiroteio”, imagino como deve estar a cabeça daqueles que têm envolvimento menor.
Sou leitor do Jornal Batista, acesso regularmente o Portal Batista na internet, mantenho comunicação diária com batistas de diversos pontos do país, mas somente tive acesso ao projeto de mudanças no plenário da Assembléia. E daí? Três alternativas: 1) Estou alienado e preciso prestar mais atenção; 2) Houve falha nos processos de comunicação; 3) A ausência de debate fez parte de uma estratégia política de condução do processo.
Com toda honestidade, a terceira hipótese foi a que mais martelou minha cabeça, ainda que não tenha especulado quem seria(m) seu(s) mentor(es). E olha que não sou adepto de teorias conspiratórias, nem me considero um paranóico em permanente estado de alerta contra ações traiçoeiras.
Olhando o ocorrido, do futuro para o passado, recordo-me da decisão de não se aceitar propostas orais sobre a reforma, durante os debates. Tal decisão foi tomada logo no início da instalação da Assembléia, quando a maioria dos convencionais mal havia se “instalado psicologicamente” no plenário, nem tinha noção do que estava por vir.
Depois, a reforma foi colocada diante do plenário em forma de alterações no Estatuto e Regimento. Nenhuma exposição foi feita, por exemplo, informando as diferenças entre o que era e o que estava sendo proposto; quanto se gastava com o funcionamento da estrutura anterior e quanto se gastaria com a nova;.uanto se gastaria com a nova; que falhas se pretendida corrigir com as propostas feitas. funcion que benefícios – gerenciais, financeiros, políticos... - se pretendida alcançar com as propostas feitas; quem perderia ou ganharia poderes com as mudanças, enfim.
O uso da expressão “o assunto é técnico”, para apressar a aprovação foi um dos recursos políticos adotados. Tal artifício pressupunha, a meu ver, duas coisas: 1) o que é técnico é politicamente neutro; 2) se é técnico deve ser reservado a um grupo de iluminados. Os dois pressupostos são falsos.
Quanto à primeira alternativa, não existe uma única forma “técnica” de se fazer algo. Logo, precisamos fazer uma escolha. Fazer escolha pressupõe que cada alternativa apresenta ganhos e perdas. Se há ganhos e perdas, alguém ganha e alguém perde. Se alguém ganha e alguém perde, o assunto, ainda que técnico, não pode ser dissociado da política.
Em relação ao segundo, devemos considerar que um grupo de pessoas não é formado somente por aqueles que sabem tudo e aqueles que nada sabem. Entre os dois extremos encontramos pessoas especializadas no assunto, com formação acadêmica ou experiências práticas e pessoas que, embora não sejam especialistas, interagem e sofrem os efeitos da realidade e, por isso, também têm algo a dizer. Ouvir, por exemplo, os mais simples trabalhadores envolvidos nos processos de produção empresarial, tem sido conselho comum em cursos de capacitação gerencial.
O apelo à confiança na liderança - quando ainda não nos recuperamos dos efeitos Juerp, da “venda” do terreno do Seminário do Sul ou déficits na Junta de Missões Nacionais - foi outro artifício usado.
O abandono das regras parlamentares em momentos decisivos tirou muito da beleza do processo e descaracterizou parte da decisão como sendo democrática. Por um momento pensei que, se o plenário não fosse de cristãos, talvez cadeiras e sapatos voariam... Mas foi só por um momento e o bom espírito predominou...
Todos sabemos que, se há dois ou três parlamentares que fazem muito uso da palavra, há também 200 ou 300 convencionais, adeptos do silêncio, predispostos a votar favoravelmente qualquer proposta de encerramento de discussão. Porém, é tão prejudicial ao andamento da causa atropelar as regras por causa dos que falam muito, quanto apressar decisões fazendo uso daqueles que preferem não discutir nada.
Alguém poderá ser alegrar, no curto prazo, por ter “conseguido” aprovar uma reforma usando de argumentos questionáveis, mas a instituição perderá no longo prazo, se o mesmo tipo de procedimento for adotado em larga escala. Por isso, independente da qualidade das reformas, não podemos silenciar quanto ao processo.
Penso que a reforma em si era necessária e seu conteúdo, em linhas gerais, positivo. Do jeito que estava não poderia continuar. O fato de ter ocorrido fez brotar uma nova esperança. Que Deus continue a nos iluminar nos ajustes que precisarão ser feitos.
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